sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Estoril. Um regresso à casa de partida

Sozinha. Era assim que estava aquela senhora no António Coimbra da Mota. Não consigo adivinhar a vida dela, não consigo imaginar. Talvez aquele estádio seja a sua companhia, nem que seja uma hora e meia por fim de semana para apagar tudo. Não sei. Só sei que me ensinou uma lição gigante: já não sabia como era saborear um jogo de futebol. Ela sabe, e tão bem.


Quando me sentei, senti-me em casa. Afinal, era aquele o relvado que outrora pisei quando era apanha-bolas ou, mais tarde, quando fomos premiados pela direcção nos iniciados e nos deixaram lá jogar contra o Atlético, só porque estávamos a fazer um ano perfeito. Perdemos. Foi galo, mas vivemos um sonho. Desta vez eu estava sentado para ver os homens vestidos com a camisola amarela que usei e os calções azuis que (não) sujei - admito - contra o PSV, o líder da liga holandesa, que venceu a Liga dos Campeões em 88 e soma 21 campeonatos no bolso.

O primeiro déjà vu assombrou-me quando um miúdo se sentou na bancada com o pai e, ao primeiro drible de Kuka, se levantou e aplaudiu. Os olhos brilharam. Era isto que sentíamos antes, era assim que deveria ser. Eternamente. Bastavam 45 minutos para aquela gente poder dizer que viu ao vivo o Estoril, uma equipa que já viram sofrer e penar na IIB, bater o grande PSV. Foram dos 45 minutos mais intensos que vivi num estádio de futebol. É que ver jogadores que andaram em divisões mais humildes a bater o pé a meninos como Wijnaldum, Guardado, Depay e Luuk de Jong tem muito que se lhe diga...

Mas esqueçam o jogo. Foi aquela mulher que me fez recuperar a password deste blog, já imundo e esquecido. Escrever na folga (brilhante, Tabarez)... Serena, olhos enfiados no relvado e atenta. Só percebi a dimensão do fenómeno quando Tozé fintou um holandês, num lance que tinha tudo para correr mal, e a vi cerrar os punhos e a olhar para eles. Foi como um golo. Bom, ou ando de coração mole ou não sei, aquilo deixou-me KO. Volta e meia gritava um "FORÇA ESTORIL!!!" ou "cruza isso bem pa!!!". Tudo normal, até que chegou a desilusão.



Numa jogada que nem parecia muito perigosa, bastava Tozé aliviar para longe, o pé bateu mal na bola e ela sobrou para os holandeses. Wijnaldum, número 10 e capitão, não perdoou. A senhora foi então abraçada pela desilusão, sem saber muito bem o que fazer. Lá se levantou e perguntou aos homens da rádio se não estaria fora de jogo, afinal foram tantos metros a galgar sozinho. Mas não, o passe tinha saído dos pés de Tozé, o herói contra o FC Porto. A senhora voltou então ao lugar, com os braços caídos, a pesar 300 quilos. Estava derrotada. Mas durou apenas dez segundos: "VAMOS ESTORIL!!!". Que lição. Cada lance de ataque era coisa para ter um fanico. Levava as mãos à cabeça, ralhava e puxava por eles. "Para que fizeste isso?!". Voltou a perguntar aos homens da rádio por um penálti, quando viu Kléber cair na área. Mas nada...

Delicioso. Antes do final da partida, que ditaria a eliminação da Liga Europa, levantou-se dignamente, dobrou a almofada feita de cartão e seguiu caminho. Naquele corredor que separa o relvado das bancadas, caminhava com os olhos no chão, com a alma dorida e a cabeça a dizer "não" enquanto Yohan Tavares, Diogo Amado e companhia lutavam por cada metro de relva. A desilusão era a sua sombra. Perdi-a de vista. A ela e ao sonho de permanecer na luta pelo apuramento. Os jogadores caíram de pé e, por isso, foram aplaudidos com tanto orgulho pelos adeptos nas bancadas (também os jogadores holandeses mereceram palmas). Talvez pudessem imaginar que jogam contra o PSV todos os domingos... Eu levantei-me, ajeitei o casaco e caminhei no mesmo corredor que a senhora havia percorrido. Tinha saudades do Estoril. Eu senti-me em casa, mas percebi que provavelmente estaria na casa dela. O que terá ido fazer depois? Pagava para saber...

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Os desafios de Ancelotti em Madrid

Um homem que passou oito anos no AC Milan e venceu mais Champions (2003 e 2007) do que campeonatos (2004) parece o treinador certo para um Real Madrid obcecado pela 'décima'. Não sou fan. Nunca fui. Para mim um grande treinador ganha campeonatos... e aqueles oito anos no Milan com apenas um scudetto não me permite ver que se calhar até é um grande treinador. Ok, duas Champions merecem muito crédito. Quase foram três. Como é que perdeu mesmo aquela final a vencer 3-0 o Liverpool ao intervalo? Pois, também responsabilizo o treinador.

Sim, no Chelsea calou-me com aquela dobradinha logo na primeira época (2010). Na segunda terminou a nove pontos do campeão United. Em 2011/2012 mudou-se para o PSG a meio da época e herdou a liderança do campeonato... o que fez? Perdeu o campeonato, deixou-se ultrapassar pelo surpreendente Montpellier, que venceu a Ligue1 com mais três pontos. Na segunda época em Paris, a primeira com direito a pré-época (lets be fair), Ancelotti venceu a liga francesa. O PSG não é nenhum colosso e desengane-se quem o pensa. O Paris Saint-Germain é um clube jovem, criado em 1970, que conta apenas com três campeonatos na sua história (1986, 1994 e 2013). Pouquinho, hein? Porém, essa não era uma desculpa aceitável e o título era obrigatório, o treinador italiano contava com jogadores como Thiago Silva, Van der Wiel, Alex, Verratti, Lucas Moura, Ménez, Pastore, Lavezzi e Ibrahimovic.

E finalmente, Madrid. O que normalmente é um pesadelo - suceder a Mourinho - não o é na capital espanhola. Primeiro, a época passada dos merengues foi um desastre. Depois, Carlo Ancelotti terá a (fácil?) missão de serenar os ânimos no balneário e aproximar os adeptos da equipa. Quem sabe, terá ainda a tarefa de devolver a magia e sedução que embalou o Real Madrid desde sempre (charminho italiano?). Mourinho tem muitas qualidades, mas por vezes danifica a imagem dos clubes com as guerras que compra a toda a hora, e é por isso que, para mim, o Manchester United nunca pensou nele. O Real Madrid, que era um clube consensual e mundialmente admirado, passou, com Mourinho, a ser aquele clube que se adora ou odeia. É Mourinho o responsável. "E a imprensa!!!", dizem alguns de vocês...

Os desafios de Ancelotti

Liga
Nos últimos dez anos o Barcelona venceu seis campeonatos, enquanto o Real Madrid conquistou apenas três (Valência venceu a liga em 2003/2004). Interromper a hegemonia do Barça é uma missão quase impossível, arrisco, mas quem sabe... Mourinho ameaçou mas na última época os catalães passearam (terminaram com +15 pontos).

Contagem de pontos dos últimos dez anos:
Barça: 854
Madrid: 832
pontos possíveis: 1140

Décima
A obcessão. José Mourinho esteve perto de disputar a final da Liga dos Campeões mais do que uma vez mas não foi capaz de dar esse passo em frente. O italiano Ancelotti poderá ser o homem certo. No ano passado fez tremer o Barcelona ao serviço do PSG. E, obviamente, não podemos esquecer o seu trajecto no AC Milan, onde venceu duas Champions e esteve perto de conquistar a terceira (3-0 Liverpool, ao intervalo).

Cristiano Ronaldo
Os números do #7 têm sido de outro mundo. O grande objectivo é que o português mantenha os níveis de qualidade, confiança, ambição e desempenho. Felizmente para Ancelotti, ninguém o quer mais do que o próprio jogador.

Casillas
Voltar a ser o rei de Madrid. Esta é a ambição do jogador e dos adeptos. Acredito que Ancelotti vai voltar a fazer de Casillas o nº1 inquestionável. O treinador italiano está habituado a 'monstros' no balneário e sabe a importância que é tê-los do seu lado.

Kaká
O brasileiro foi um super-jogador no AC Milan com Carlo Ancelotti. Este é um daqueles desafios que soa a milagre... mas não duvido que estará na mente do treinador recuperar Kaká. O futebol merecia...

Xabi Alonso
Convencer o basco a renovar contrato parece-me que estará na mente de Ancelotti. O médio defensivo poderá ser o seu Pirlo para a eternidade. (Se há coisa que me agrada em Ancelotti foi a transformação de Pirlo...)

Juventude espanhola
Curiosa a mudança de política no Real Madrid. Eu chamo-lhe sobrevivência. Florentino Perez apostou tudo em José Mourinho. Deu-lhe todos os poderes, cedeu a todos os seus caprichos, fez dele o "puto amo y el puto jefe", como lhe chamou em tempos Pep Guardiola (ámen)... porém, no final, o filme terminou mal. Os adeptos já não queriam Mourinho, os jogadores não estavam com Mou e, dizia-se, não se davam bem entre eles, nomeadamente portugueses e espanhóis. O que decidiu Florentino fazer para serenar os ânimos? Contratar espanhóis com grande valor (Isco, Illarramendi e Carvajal). Desta forma, a armada espanhola ganha peso no balneário e os adeptos identificam-se mais com a equipa. Se há povo nacionalista e que tem orgulho na sua gente é o espanhol...

Posse de bola vs transição rápida
Finalmente, a identidade. José Mourinho privilegiava as transições rápidas, recorrendo a Di Maria, Ozil, Benzema e Cristiano Ronaldo. Como será com Ancelotti? Quererá um jogo mais pausado? Mais controlo? Mudar o chip da equipa será um dos argumentos para acompanhar nesta equipa.

domingo, 14 de julho de 2013

Adnan Januzaj. O próximo Giggs?

Às vezes perco a cabeça... eu sei. Ver uns minutos de um miúdo de 18 anos a tocar na bola e achar que pode sequer aproximar-se do galês, que conta com 35 troféus no currículo, é loucura. Mas é um feeling. Tem, desde já, um factor contra si: já não tem por perto Sir Alex Ferguson. Com esse senhor 'na área' eu pareceria menos tresloucado... bom, 'deslarguem-me'. Admito que só ganhei coragem para escrever este texto quando lancei a corda no Twitter a dizer "Adnan Januzaj: the next Giggs?" e o Bible of Futbol - whatever that is - fez retweet.

Januzaj. Quem? É um miúdo de 18 anos. Nasceu no dia 5 de Fevereiro (1995), tal como Cristiano Ronaldo - uhhhhhhhhh. O esquerdino é natural de Bruxelas e tem descendência kosovar, daí o nome esquisito que até Alex Ferguson admitiu não saber pronunciar, pelo que resolveu chamar-lhe apenas Adnan - FYI: acho que se diz ia-nu-zai. O Manchester United contratou-o ao Anderlecht em 2011. Januzaj foi eleito o melhor jogador das reservas do clube inglês e mereceu a atribuição de um número (44) para o plantel principal durante a época passada. Até chegou a estar no banco contra o West Brom na última jornada, o tal que terminou 5-5, mas não entrou... nesse dia, foi um compatriota seu o herói. Lukaku entrou ao intervalo e assinou um hattrick. Huyyyy.

Januzaj (180cm) é esquerdino e às vezes parece que está num bailado... não tem medo de ir para cima do adversário e coloca a bola à distância com uma facilidade surreal. Não me parece que tenha a explosão de Giggs, aquela de outros tempos... ainda assim, a classe do pé esquerdo de ambos está na mesma página. Quando o vi a tocar na bola e a jogar curtinho admito que o imaginei no Barcelona (booooring)... e, para surpresa minha, quando estava a pesquisar umas coisas sobre o rapaz vi uma manchete do The Sun

         Utd fight to keep Barca target Adnan


Bom, nem tudo está perdido, afinal ainda me sobra algum juízo... ainda que seja puro boato, Januzaj aparece associado ao Barça e jogou ontem na derrota (0-1) contra o melhor onze da Tailândia. Já agora, quando pesquisei umas informações sobre o jovem craque no Google apareceram coisas como:

"Kosovo´s new Beckham finds opportunities abroad"
"Adnan Januzaj eyed by Barcelona"
"Barcelona go for Man Utd superkid Adnan Januzaj"
"Meet Manchester United´s stars of the future"

Sim, depois disto sinto-me menos especial... mas com mais certezas de que não sou louco. A ver.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Futsal: Como treinar as segundas bolas (guarda-redes)

Se quero que os meus guarda-redes estejam bem nos jogos, não posso facilitar-lhes a vida no treino, muito pelo contrário. Como tal e partindo de um exercício “clássico” (neste caso é o remate contra o banco), deixo aqui uma das minhas sugestões para treino de baliza.

No exercício abaixo vou trabalhar com 3 guarda-redes e incluo-me a mim, num total de 4 elementos.

Ideia base: eu gosto de trabalhar sempre a reacção às 2ªs bolas, porque é um situação que acontece muitas vezes durante um jogo: o guarda-redes faz uma defesa em que não segura a bola, que muitas das vezes fica ainda jogável pelo adversário, e porque não reagiu rapidamente ao 2º remate (recarga) sofre-se um golo.

Fazer uma 1ª grande defesa e na recarga sofrer golo, de nada vale. A defesa só se completa com o afastamento do perigo para a nossa baliza.

Exercício proposto:



Material: 9 bolas (3 por cada rematador, se houver mais bolas melhor); um banco (deitado); 2 cones grandes (podem ter varas colocadas) para servirem de baliza

Explicação do exercício: 1 GR na baliza, o treinador remata contra o banco e o GR tem de realizar defesa, logo de seguida salta o banco e defende um 2º remate feito por um dos colegas GR; logo de seguida corre para a baliza feita por cones para defender um 3º remate.

Notas: faço este exercício para os 2 lados (obviamente)

Podemos depois enriquecer com variantes este exercício, por exemplo:

1- O GR pode ter de tocar 1º no poste

2- Depois de saltar o banco pode “abafar” o remate do colega (coloca-se o colega a rematar dentro da área), etc.

Veja aqui o primeiro texto de Jorge Oliveira sobre a importância dos guarda-redes no futsal.

Jorge Oliveira (treinador de futsal dos juvenis do Cascais)

Liga Europa: Yobo, Stoch, Emre, Meireles, Sow, Kuyt. Conheça o próximo adversário do Benfica

Ditaram as bolas quentes que o Benfica... estou a brincar. O sorteio ditou que o Benfica encontrasse os turcos do Fenerbahçe na meia-final da Liga Europa. Ok, entendo a animação, não é o Chelsea, mas cuidado com as vitórias antecipadas.

Esta é uma equipa que não chegou aqui por acaso. O Fenerbahçe esteve inserido no Grupo C da Liga Europa, com Marselha, Borussia M´gladbach e Limassol. O desempenho foi muito satisfatório: seis jogos, quatro vitórias, um empate e uma derrota; dez golos marcados, sete sofridos.

Nos 1/16 de final, os turcos defrontaram o BATE Borisov, com um empate caseiro (0-0) e uma vitória fora por 1-0, com um golo do brasileiro Cristian de penalti.

Nos oitavos-de-final, o Fenerbahçe defrontou o Plzen. Na primeira mão venceu na República Checa, por um 1-0 com golo de Webó já perto do final. Depois, empatou em casa (1-1) – o golo foi marcado por Salih Ucan.

Finalmente, nos quartos-de-final a vítima foi a Lazio. Na primeira mão, os turcos assinaram uma vitória caseira com dois golos tardios (Webó, 78´; Kuyt 90´). Em Roma, o resultado foi 1-1, com golo de Caner Erkin.

Reconheço que não conheço as dinâmicas da equipa, nem o seu ADN, mas posso falar de alguns jogadores. Os meus destaques são:

Yobo – É um central de qualidade, que passou oito anos no Everton. Não é alto (182cm) mas deixa bem vincada a sua presença. Aos 32 anos admito que não sei se terá perdido a mobilidade que lhe era preciosa na Premier League.

Stoch – O eslovaco tem uma técnica interessante. Bom no drible e rápido a procurar o espaço. Stoch (168cm) passou três anos pelo Chelsea, onde jogou pelas reservas e, mais tarde, acabou por ser emprestado ao Twente.

Raul Meireles – Dispensa apresentações

Emre – Aos 32 anos, acredito que a sua experiência e grande qualidade no toque de bola faça a diferença. Não sei como estará a sua frescura física, já que este jogador vivia muito da sua agressividade. Emre jogou quatro anos no Inter e três no Newcastle. Antes de ingressar no Fenerbahçe jogou um ano no Atletico Madrid.

Krasic – Este sérvio vai ser uma dor de cabeça enorme para Melgarejo. A sua velocidade é surreal. Jogou dois anos na Juventus (2010-2012). Antes, tinha jogado sete anos no CSKA Moscovo. Ah! É extremo direito.

Sow – É um avançado de média estatura (180cm, 71kg), mas goza de uma boa movimentação e qualidade a finalizar. Esta é a segunda época na Turquia. Antes, jogou no Rennes e Lille, onde foi campeão em 2011. Sow foi peça chave na conquista do título, que já fugia desde 1954, ao marcar 25 golos nessa edição da Ligue 1. Este ano já marcou 15 golos no campeonato e apenas um na Liga Europa.

Kuyt – Julgo que todos conhecemos a sua qualidade e a cultura de colectivo desde os tempos do Liverpool. Este ano leva 10 golos (7 campeonato, 3 Liga Europa).

Com seis jornadas para jogar, o Fenerbahçe ocupa actualmente o segundo lugar da Liga Turca, apenas a quatro pontos do líder Galatasaray.

No seu palmarés tem 18 campeonatos turcos, e troféus da Taça da Turquia e oito supertaças. A ambição de se estrear a vencer numa prova europeia, juntamente com a 'loucura' dos seus adeptos, poderão ser grandes problemas para o Benfica.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Promessas em 2009 vs Realidade em 2013

Promessas são tão só, e apenas, promessas. Em 2009, a revista Times elegeu as 50 maiores promessas do futebol mundial. Desde então, passaram-se quatro anos, e a maioria desses jogadores deram o ambicionado salto nas carreiras. Contudo, também houve outros que ainda não explodiram, e alguns acabaram mesmo por implodir.

Nos primeiros 20 lugares da lista, destacam-se alguns jogadores que se revelaram verdadeiras estrelas, mesmo após o salto, como são o caso de David Silva, o maestro do campeão Manchester City e da roja; Radamel Falcao, o ponta de lança mais cobiçado do mundo, que apesar de não ter dado o salto esperado, quando se transferiu do Porto para o Atlético de Madrid, tem continuado a impressionar, e espera-se que chegue a uma grande equipa no final da época; Ángel Di María, o extremo que se transferiu do Benfica para o Real Madrid, de quem se esperava um eterno período no banco, com jogadores como Kaká e Ronaldo nas alas, que conseguiu roubar a titularidade ao brasileiro, tornado-se assim um dos principais obreiros do título de 2012; Thiago Silva, considerado por muitos o melhor central do mundo, capitão da canarinha, mudou-se do AC Milan para o PSG, à procura de atingir o estrelato mundial, uma aposta que parece estar agora ganha.

Penso que não devemos menosprezar outros três jogadores da lista, que em 2009 actuavam já em boas equipas, mas que ainda não foram transferidos. Estamos a falar de Jack Wilshere, Claudio Marchisio e Marek Hamsik. O primeiro, embora afectado por algumas lesões, é um dos esteios do meio campo dos gunners, bem como um membro importante da selecção inglesa. O segundo é presença assídua no meio campo da Juventus e da selecção italiana. O terceiro, é um dos jogadores mais importantes do Nápoles, juntamente com Cavani, e que seguem na perseguição à Juventus no campeonato italiano.

Resta-me apenas falar de mais três jogadores, que são as verdadeiras incógnitas destas lista. Refiro-me a Benzema, Lavezzi e Balotelli. Todos deram o salto, todos jogam nas selecções dos seus países, todos já provaram serem bons, mas nenhum deles provou ser constante nas suas exibições. Estes três jogadores já custaram aos clubes por onde passaram mais de 30 milhões de euros, e durante algum tempo esse dinheiro foi visto como um bom investimento, mas nem sempre foi assim.

O caso mais claro é o de Balotelli, que custou 30 milhões ao Manchester City e que ainda fez algumas boas exibições, contudo, em número muito inferior aos escândalos que protagonizou. Agora o jogador parece ter reencontrado a boa forma, depois de um Euro 2012 muito positivo e de uma segunda metade de campeonato, já no Milan, numa transferência avaliada em 20 milhões de euros, cheia de golos de enorme importância para o clube.

Quanto a Hernanes, o sucessor de Kaká, é o médio mais importante da Lázio, uma equipa de segunda linha italiana, e é também presença no meio campo do Brasil. É um bom jogador, e tal como Falcao, não quis dar um passo gigante, mas parece-me que pode não ter pernas para dar um novo passo, em direcção a um clube maior na Europa.

Do 21º ao 50º da lista, só há três jogadores que atingiram a fama mundial, actuando em clubes de renome, como na respectiva selecção nacional. Curiosamente, estas três vedetas ocupam apenas o 32º, 34º e 37º lugares da lista.

São eles Robert Lewandowski, ponta-de-lança polaco do Dortmund, cobiçado por meio mundo, e que, provavelmente, deverá rumar a outras paragens no final da presente época; Sebastian Giovinco, o pequeno avançado habilidoso da Juventus, o melhor clube italiano, que começa agora a ganhar o seu espaço na squadra azzurra; por fim, Mesut Özil, o médio alemão de origem turca, que atingiu o auge com a sua ida para o Real Madrid, onde esteve muito forte na época passada, a um nível ainda não visto na presente temporada.

Confira aqui a lista das 50 promessas

Jorge Garcia

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Alargamento da Liga? Tenham juízo

Este é um texto digno de alguém que está um pouco fora dela e que nem sabe se há justiça ou não no regresso do Boavista à 1ª Liga... prefiro discutir apenas a decisão de alargamento. Esta gente perdeu a cabeça, certo? Vou começar pela 2ª Liga. Abro eu a classificação no zerozero e em baixo leio as notas:

"Portimonense: foi convidado pela LPFP a preencher a vaga do Varzim que não reuniu os requisitos mínimos para competir nas provas da Liga Portuguesa de Futebol Profissional."

"Sp. Covilhã: garantiu a manutenção na Liga Orangina porque a U. Leiria não reuniu os requisitos mínimos para competir nas provas da Liga Portuguesa de Futebol Profissional."

A malta entende o que isto quer dizer, certo? Não há dinheiro, carcanhol, graveto, pilim, cheta, massa, pastel, pasta, guito. Depois, leio uma entrevista de Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, sobre a situação do Olhanense, clube que chegou a avançar com um pré-aviso de greve para o jogo com o Benfica:

"Ouvi o presidente do Olhanense pronunciar-se sobre a situação e senti alguma impotência e irresponsabilidade na forma como abordou o tema. Quero recordar-lhe que já no inicio da época a situação já era de crise, e a verdade é que a maioria dos clubes assumiu obrigações com os jogadores e outra entidades nestas circunstâncias. Esta crise não pode servir de desculpa para tudo."

A minha pergunta é: para quê mais equipas? Para serem mais os que não cumprem? Toda a gente sabe que são vários os clubes que falham nos prazos de pagamentos... e que, como que por magia, fazem os jogadores assinar um papel a dizer que já receberam para não inviabilizarem a inscrição na competição.

A questão é simples: quem quer melhores jogadores, tem de pagar melhor. Quem planeia cumprir com as suas obrigações, constrói planteis mais fracos, mais limitados, em qualidade e quantidade. Quem é que desce de divisão? Os sérios. O Freamunde é um bom exemplo, segundo saía na imprensa desportiva. Não faz qualquer sentido premiar quem não cumpre com os seus compromissos. Não paga? Um aviso. Não paga? Desce de divisão. Era ver os clubes a desenhar folhas salariais mais realistas...

Para reflexão, deixo-vos umas palavras do presidente do Paços de Ferreira (atual 3.º classificado!), Carlos Barbosa, ao MaisFutebol (28 Janeiro, 2013):

"Há concorrência desleal. Isso é inequívoco. (...) Às vezes queremos determinado jogador e não o conseguimos porque esse jogador recebe uma oferta absurda de um outro clube do nosso escalão. Prometem-lhes coisas impossíveis e depois não pagam. É uma luta antiga. Uma luta complicada. (...) Olhamos muito para a II Liga e II B. Financeiramente são mercados ao nosso alcance e acreditamos no grande valor de alguns jogadores que por lá andam."

Et voilà!

Estou com o Tiago Ribeiro (presidente do Estoril-Praia) nesta questão: sou contra mudar as regras a meio do jogo. Quem está no fundo da tabela e, de repente, sabe que não vai descer de divisão não mudará a sua forma de atuar? Não vai relaxar? É óbvio que os aflitos vão votar sempre a favor do alargamento (e votaram), mas, e citando Mourinho, é uma "prostituição intelectual".

"Equipas que estavam para descer mudam de opinião por oportunismo e ficam cegas para se salvarem. Votei que fosse condicionado o alargamento até que o Boavista cumpra os pressupostos da Liga", disse Tiago Ribeiro à imprensa, depois da goleada (4-0) ao Nacional. E disse bem.