segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Troika soma e segue

O campeonato português está a ganhar interesse, à sétima jornada a distância entre o primeiro lugar e o quinto é apenas de três pontos. Os líderes perderam apenas quatro pontos portanto podemos dizer que o campeonato não está nivelado por baixo. Os três grandes venceram, Braga perdeu em Leiria (1-0) na estreia de Manuel Cajuda e o surpreendente Marítimo empatou no terreno do Feirense (2-2).

SL Benfica e FC Porto são líderes com 17 pontos em 21 possíveis. O jogo dos encarnados foi uma prova da sua força, pela posse de bola, qualidade e resultado expressivo, mas também mostrou as deficiências e fraquezas do costume. A equipa de Jorge Jesus começou bem, e ao contrário do que é costume até estava a dominar o jogo. Ao intervalo vencia por 2-0 com golos de um jogador que tem sido infeliz esta época, Javier Saviola. Logo após o intervalo Luisão faz penalti e o Paços de Ferreira reduz. O clube da Luz tinha o jogo na mão e esperava-se uma resposta forte mas, e aqui vem a grande fraqueza, quase sofreu o empate no minuto seguinte, não fosse o (Rei) Artur fazer uma defesa daquelas que nos tem vindo a habituar. Depois, lá surgiram os golos de Luisão e Nolito. O espanhol é o Pichichi da prova com cinco golos (igual a Cardozo e Baba) e necessita apenas de 99 minutos para marcar um golo. O destaque vai para a qualidade da posse de bola e o colectivo, a dinâmica. A nota negativa vai para Matic, tem qualidade mas é lento a pensar, demora demasiado tempo a soltar a bola; o outro ponto negativo, preocupante, é a capacidade do SLB perder a concentração e dar tiros nos pés, colocando em risco o caminho para os três pontos. Considero oportuno comparar o estado da equipa à sétima jornada relativamente ao ano passado: por esta altura tinha 10 golos marcados, 6 sofridos e 10 pontos. Este ano tem 19 golos marcados, 8 sofridos e 17 pontos. As Águias estão mais fortes, têm mais 7 pontos e a veia goleadora do ano do título parece estar de volta, mas é curioso concluir que Roberto sofreu menos golos que o "Super-Artur" ... lembrando que Artur já fez tantas defesas de qualidade, está fácil de entender que algo se passa com esta defesa e o processo defensivo.

O FC Porto venceu por 3-0 em Coimbra no reencontro dos ex-adjuntos de Villas-Boas. O futuro ex-treinador do FCP, Vítor Pereira, e o ex-futuro treinador do FCP, Pedro Emanuel, mediram forças e a vitória sorriu ao proprietário da trespassada "Cadeira de Sonho". O resultado foi expressivo mas a meu ver enganador. Sim, o FCP foi melhor. No entanto, tenho a sensação que venceu o jogo simplesmente porque tem jogadores melhores, o colectivo continua a deixar-me reticente. Naturalmente viu-se jogadas de qualidade a espaços mas a intensidade, a dinâmica e a qualidade continuam tímidas e leva-me a acreditar na possibilidade de Vítor Pereira não ter os jogadores na mão. Pode ter qualidade, pode saber muito de táctica, pode ter várias virtudes mas ser líder não é para todos. A comunicação é essencial para um líder carismático e que se faça seguir. O que VP disse depois do jogo no Dragão contra o SL Benfica levou-me a crer uma coisa: não é treinador para o FC Porto. Alguém que tem o jogo na mão, que até está fácil, mexe na equipa como entende (bem ou mal), a equipa abranda, perde gás e ambição, que perde a batalha física, justifica o empate com um suposto cartão vermelho que ficou por mostrar a Cardozo ... não é discurso para um treinador do FCP, não tem a dimensão do clube. Analisando seriamente, a crise do FCP traduz-se numa liderança e na discussão da passagem na Champions. Tomara todos viverem esta crise não? Não critico o trajecto, critico a comunicação e algumas opções (como aquela contra o Zenit de colocar Fernando, até então um dos melhores, a defesa direito quando tinha Maicon no banco. Lembro que Otamendi jogou a defesa direito no Mundial ... VP foi cientista e deu-se mal). Registo ainda a forma como se festejaram os golos no banco dos Dragões: tensão, alívio.
No jogo de ontem gostei de ver o que a Académica tentou produzir, como ligava o jogo no momento que ganhava a posse de bola. Vejo muito trabalho de Pedro Emanuel, muita qualidade. Vou andar mais atento a esta Académica. Não tenho a certeza disto mas pareceu-me ver uma movimentação defensiva para convidar o FCP a sair a jogar pela direita onde estão os jogadores mais frágeis com bola: Rolando e Fucile. O jogo foi desbloqueado pelo jogador que marca sempre que é titular: Walter "Bigorna". Como é possível não estar inscrito na Liga dos Campeões? A Lei de Murphy não perdoa e Kléber lesionou-se na Rússia. Walter tem tudo para convencer os adeptos portistas: marca sempre que é titular, o ano passado em 25 presenças fez 10 golos, e a nível posicional parece-me ganhar a Kléber pela sua forma mais posicional de jogar. Kléber ainda é um corpo estranho na equipa, poderá dar certo, mas sai muito do lugar e perde-se. Walter tem um estilo diferente, mais fixo, mais na zona 9, confiante da qualidade que gira à volta dele (Hulk, James, Moutinho, Alvaro...), poderá ser um caso sério de golos. Destaque vai para James Rodriguez, classe classe classe, golo e assistência.

O Sporting CP venceu em Guimarães e está a três pontos dos líderes. O golo foi marcado por Capel aos sete minutos, o hábito de marcar cedo mantém-se. O golo do espanhol resultou de uma perda de bola inqualificável de Leandro Freire, lançado pela faixa esquerda por Schaars, rematou com força e qualidade para a baliza de Nílson. O guarda-redes brasileiro (ou burquinense?) não me convence e, ainda que reconheça qualidade ao remate de Diego Capel, noto que já está quase no chão aquando do remate. Mais um jogo com dez jogadores durante 68 minutos, sem referir descontos. A expulsão de Rinaudo, aos 22´, parece-me (e depois de ouvir algumas opiniões...) algo exagerada. Tiro o chapéu a Domingos Paciência por referir o que me ocorreu depois do jogo: "que critérios são estes? a entrada do Evaldo é mais vermelho do que a entrada do Rinaudo". Ocorreu-me também outra coisa: "e se fosse Binya ... haveriam tantas vozes escandalizadas com o vermelho?". Aceitem o desafio e imaginem.
O nome Guerreiros qualquer dia foge de Braga e acampa-se por Alvalade. É verdade que este Guimarães desilude e muito. Pouca qualidade e pouca agressividade à Guimarães. Aquela que se mistura com orgulho e ambição. A única agressividade que mostraram traduziu-se em 23 faltas e seis cartões amarelos, com alguns por mostrar. Os Leões merecem a fase por que estão a passar, há qualidade técnico-táctica mas estes dois últimos jogos, com Lazio e Guimarães, mostraram outra coisa: o Sporting CP sabe sofrer, é equipa. Uma equipa grande normalmente ganha quando joga bem, mas importante é ganhar quando não joga bem ou, como neste caso, não tem a possibilidade de jogar bem. O Sporting CP é candidato ao título, afinal foi a tempo, ao contrário do que referi há umas semanas. Bravo Domingos Paciência. Ontem, Cláudia Lopes no programa "Jornada" perguntou assim a João Vieira Pinto: "As substituições de Domingos foram sempre de carácter defensivo, com as entradas de André Santos, Evaldo e Carriço ... não terá sido cedo demais? Não terá arriscado o empate?" - Aqui se vê como o futebol é. Se por acaso o impotente Guimarães empata, a comunicação social e os (eufóricos) adeptos leoninos provavelmente iam questionar as decisões de Domingos. As coisas correram bem e o treinador, com a ajuda do suor dos seus jogadores, garantiu a conquista do castelo de Guimarães - leia-se três pontos - e assim todo o mundo conclui ... as opções foram as correctas. Este Sporting tem carácter, está unido. Este Sporting sente o orgulho e o prazer nas vitórias.

O campeonato promete ...
Agora temos duas semanas de paragem. A Selecção decide a presença no Euro 2012 frente à Islândia e Dinamarca e depois há jogo para a Taça de Portugal.

Taça de Portugal

Famalicão x Sporting CP
Pêro Pinheiro x FC Porto
Portimonense x SL Benfica