quinta-feira, 17 de maio de 2012

Os Reis da Europa (parte 1)

Já piscamos o olho ao EURO2012 que vai decorrer entre o dia 8 de Junho e 1 de Julho mas é tempo de olhar para quem brilhou pela Europa fora. Vamos lá monarquizar o futebol e revelar quem tem a coroa e está confortavelmente sentado no trono.




Portugal 




O FC Porto voltou a vencer o campeonato liderado por Vítor Pereira. 23 vitorias e 6 empates em 30 jogos traduziram-se em 75 pontos, mais seis que o SL Benfica. O goleador máximo foi Óscar Cardozo com 20 golos, os mesmos que Lima (Hulk 16). O paraguaio venceu a bota de ouro porque cumpriu menos um jogo que o brasileiro. O melhor ataque foi do FCP com 69  golos (Benfica 66). A melhor defesa pertenceu também aos "dragoes" com 19 golos sofridos (Sporting 26). O SC Braga de Leonardo Jardim conseguiu a melhor série de vitórias consecutivas: 13. O Benfica foi a equipa que conseguiu mais vezes a remontada: 5 vezes. O Vitória de Setúbal foi a equipa que permitiu mais vezes (4) o adversário virar o resultado. O jogador com mais minutos jogados na Liga Zon Sagres foi Fabiano (2695´), o guarda-redes do Olhanense que se diz estar a caminho do Dragão.
Numa  breve análise, é importante referir que o Braga acaba a 13 pontos do líder mas que numa altura decisiva do campeonato esteve em primeiro lugar. As derrotas frente a Benfica e Porto ditaram o 3º lugar.
Sá Pinto devolveu o orgulho aos adeptos e aos jogadores leoninos. Com o ex nº7, os "leões" venceram todos os jogos em casa, o que poderá ser um indicador interessante para perspectivar a próxima temporada. Os novos jogadores terão já um ano de casa, a expectativa e exigência serão muito maiores. O Marítimo de Pedro Martins merece uma referência. O 5º lugar é uma classificação honrosa para o bom e competitivo futebol que a equipa insular apresentou. Estes resultados destacam-se ainda mais quando concluímos a importância que o clube dá à formação e à equipa B. O Marítimo está a indicar o caminho. Uma equipa que me ficou na retina foi o Gil Vicente de Paulo Alves (9º). Organização e cultura táctica, acompanhadas pela boa qualidade técnica de vários jogadores, como Hugo Vieira (pergunto-me se o Guilherme vai merecer a confiança de Leonardo Jardim, oxalá...), e claro, muito coração. Para concluir, um último destaque para dois treinadores que alteraram o rumo dos acontecimentos aquando das suas entradas: Pedro Caixinha no Nacional e Rui Vitória no Guimarães.

Champions: Porto, Benfica e Braga
Liga Europa: Sporting, Marítimo e Nacional (ou Académica caso vença a Taça de Portugal)
Despromovidos: Feirense e Leiria
Promovidos da 2ª: Estoril-Praia e Moreirense





Alemanha



Sim, a minha adorada Bundesliga!
O Dortmund é bi-campeão e fez a dobradinha. Fez mais seis pontos (81) do que na época passada. 25 vitórias e 6 empates (34 jornadas) bastaram à equipa de Jürgen Klopp para vencer a liga. O Bayern de Munique ficou a 8 pontos do líder. Klaas-Jan Huntelaar foi o pichichi da prova com 29 golos. O melhor ataque pertenceu ao campeão com 80 golos em 34 jogos (2,35 golos por jogo). O Bayern teve a melhor defesa com 22 golos sofridos (Dortmund 25).
Não me canso de elogiar este campeonato. Façamos um breve exercício de futurismo e decidamos um onze da selecção alemã para o Europeu:

Neuer (Bayern)
Boateng (Bayern), Lahm (Bayern), Badstuber (Bayern), Hummels (Dortmund)
Khedira (Real Madrid), Schweisteiger (Bayern), Özil (Real Madrid)
Mario Götze (Dortmund) Müller (Bayern) e Mario Gómez (Bayern).

82% deste 11 joga na Bundesliga.
7/11 jogam no Bayern Munique, talvez assim percebamos melhor a qualidade do colosso bávaro e o mérito pela presença na final da Champions League no próximo sábado.
Convencidos? A minha cruzada continua...

Champions: Dortmund, Bayern, Schalke 04, Borussia M´gladbach
Liga Europa: Leverkusen, Estugarda, Hannover
Despromovidos: Hertha, Colónia e Kaiserslautern
Promovidos da 2ª: S. Greuther Fürth, Eintracht Frankfurt e Düsseldorf





Itália


Liderada por um ex-capitão e histórica figura da casa (13 épocas como jogador), Antonio Conte conduziu a sua Juve à conquista do scudetto. Depois de treinar o Arezzo, Bari (venceu a Serie B em 2008/2009), Atalanta e Siena, a glória! O AC Milan de Allegri ficou em 2º lugar a apenas quatro pontos (80) da liderança. Impossível não lembrar aqueles cinco pontos perdidos na recta final em pleno San Siro frente às frágeis Fiorentina (1-2) e Bologna (1-1). A Juve venceu o campeonato com 23 vitórias e 15 empates... sim, zero derrotas! Inédito em Itália desde que há 20 equipas a disputar a Serie A. O melhor ataque pertenceu à equipa de Milão com 74 golos. A melhor defesa, com 20 golos sofridos, foi da Juventus. Este desempenho da Vecchia Signora faz lembrar uma frase que ouvi de Mourinho numa prelecção aos seus jogadores: "podemos não ganhar... não podemos é perder". O melhor marcador foi Zlatan Ibrahimovic com 28 golos. Gostava muito de ver este senhor na Premier League. Tem talento para jogar em qualquer equipa e campeonato do mundo... só precisa de ser estimulado. Uma nota para o facto do Inter e Roma ficarem fora das competições europeias. Destaque para uma temporada muito positiva de uma equipa que aprecio desde sempre... o Parma! 8º classificado, a apenas cinco pontos da Liga Europa. Falta só mencionar que Del Piero marcou no seu último jogo na Serie A pela Juventus. Mais de 700 jogos e 288 golos depois... o adeus do senhor que sucedeu a Roberto Baggio e que festeja os golos com a língua de fora.

Champions: Juventus, Milan e Udinese
Liga Europa: Lazio e Nápoles
Despromovidos: Lecce, Novara e Cesena


terça-feira, 15 de maio de 2012

Ressaca da convocatória

Paulo Bento escolheu, está escolhido. As surpresas saíram de Braga: Miguel Lopes e Custódio. O primeiro eu tinha incluído na minha lista. Gosto de Miguel Lopes, não consigo apagar da memória uma época de alto gabarito que fez pelo Rio Ave. Formado no Benfica, está agora ligado ao Porto e provavelmente terá a sua oportunidade na próxima pré-época. Não será melhor que Sapunaru? Depois... Custódio. O tal jogador que eu considerava não ter "qualquer hipótese". Vejo muita gente de mãos na cabeça e preocupadas com esta escolha mas a verdade é que consigo entender e muito bem PB. É muito bonito idealizarmos o nosso meio-campo com Veloso, Meireles e Moutinho mas haverá jogos, como o primeiro, no qual corremos o risco de andar atrás da bola, e Veloso não é o jogador ideal para esse registo. Acredito mesmo que Custódio até possa ser titular logo no primeiro jogo. Custódio é um jogador muito mais disponível e solidário do que Veloso. É um jogador mais limitado é certo, mas é destruidor e melhor no jogo aéreo, e necessitamos de um tipo de trinco diferente. Entendo PB. Faz todo o sentido. O que nos pode preocupar é Portugal não ter um trinco desse estilo melhor... mas lá está, obrigado Federação e clubes, as coisas vão ficar muito piores.
De resto, referir só a esperada escolha de Eduardo em detrimento de Quim. Tenho pena. Assim, alto vive o sentimento de ausência de meritocracia. Mas não podemos ser anjinhos e considerar que as coisas são pretas e brancas. Um jogador de futebol é complexo. Não é só a qualidade técnica, o conhecimento táctico e a forma física. O estado mental e emotivo é muito importante. Perguntem a quem jogou futebol: "na tua equipa havia algum ou alguns palhacinhos?". Há sempre, e mesmo que não joguem, são vistos como jogadores fundamentais no balneário. A assimilação do objectivo comum e a boa saúde do humor colectivo são factores chave no futebol. Vejo em Paulo Bento uma pessoa séria e inteligente, confiemos nele.
As ausências de Hugo Viana e Manuel Fernandes não me chocam. A chamada de Custódio dota a equipa de mais poder físico, e ai perde força a tese de convocar M. Fernandes pela sua capacidade física. Já de Hugo Viana tenho pena. Tem muita classe, muita muita - como diria Vítor Pereira ("tenho muito Porto dentro de mim, muito muito") - e às vezes faz lembrar uma espécie de Xabi Alonso à portuguesa. Fiável na construção, óptimo toque de bola, passe e recepção de muita qualidade, bom remate e bolas paradas. Tudo isto mas com menos intensidade que o espanhol.

Portugal terá dois jogos de preparação antes de viajar para a Ucrânia: Macedónia em Leiria (26 Maio - 17h) e Turquia na Luz (2 Junho - 20.45h).
A selecção terá agora um pré-estágio de dois dias em Lisboa. No dia 21 de Maio segue para Óbidos onde vai arrancar a preparação para o EURO2012.

EURO2012:

9 Junho - 19.45h
Portugal x Alemanha (@ Lviv)

13 Junho - 17h
Portugal x Dinamarca (@ Lviv)

17 Junho - 19.45h
Portugal x Holanda (@ Kharkiv)

domingo, 13 de maio de 2012

Quem serão os 23 magníficos?

Algo me diz que há uma remota hipótese de o nosso seleccionador não ver este texto... mas nunca se sabe. Nós, devotos portugueses, vamos fazer a nossa parte e antever e analisar as possíveis escolhas de Paulo Bento. Antever ou aconselhar.
As dores de cabeça de um seleccionador português são cada vez menores. Temos de dar os parabéns à política da Federação e dos clubes por permitirem ao treinador de todos nós poupar nos ben-u-ron´s. Vamos lá então construir cenários e desmontar as ideias do senhor "Paulo Bento forever" que decide amanhã os 23 magníficos (?).

A baliza será entregue a Rui Patrício. O guarda redes do Sporting é um dos jovens guarda-redes a despontar na Europa. Na rota de Neuer (o melhor do mundo para mim), Joe Hart e de Gea, Rui Patrício parece estar de saída de Alvalade rumo a um grande clube europeu. Os suplentes poderão ser Beto, Quim ou Eduardo. Eu gostava de ver Beto no Europeu porque esteve e está em bom plano no Cluj. Não é o guarda-redes das fotografias do Leixões. Beto cresceu, é um grande portero, ainda que só tenha 180cm.
COBERTURA DEFENSIVA: Rui Patrício, Beto e Quim. (Julgo que PB vai levar Eduardo em detrimento de Quim)

Na defesa teremos João Pereira, Pepe, Bruno Alves e Fábio Coentrão. Esta será, em princípio, a defesa que vai defender a camisola das quinas frente à poderosa Alemanha. As outras soluções passam por Rolando, Ricardo Costa, Nelson, Eliseu, Miguel Lopes, Tonel, Nuno André Coelho, Miguel Vítor... Ainda que Rolando não me encante nadinha (perder o seu lugar no onze de Vítor Pereira é um reflexo da sua qualidade), julgo ter lugar nos 23; depois a dúvida de PB: dois laterais e um central ou dois centrais (um que pode jogar na direita) e um lateral? Nelson acabou bem a temporada mas ainda assim eu apostaria no fiável Miguel Lopes, acredito que para o ano merece estar no plantel do FCP. A escolha por Ricardo Costa parece-me ser também unânime e pouco discutível. Rezemos que nada aconteça com Fábio Coentrão e tudo correrá bem na defesa. Gostava de poder enfiar Nuno André Coelho... quem sabe na próxima campanha rumo ao Mundial. Para tal, necessita de continuar a crescer  e afirmar-se no Braga
COBERTURA DEFENSIVA: João Pereira, Pepe, Bruno Alves, Fábio Coentrão, Rolando, Ricardo Costa e Miguel Lopes


No meio-campo começam as verdadeiras dores de cabeça para PB. Acredito (e espero) que o trio será composto por Miguel Veloso, Meireles e Moutinho. E depois? As escolhas do seleccionador poderão passar por Carlos Martins, Manuel Fernandes, Hugo Viana, Paulo Machado, Rúben Amorim, Rúben Micael, André Martins e Custódio. Carlos Martins é uma certeza. Manuel Fernandes parece-me que tem grandes chances de ser chamado, a sua técnica e potência física são argumentos a seu favor, mas parece-me que é algo displicente, alias, o facto de jogar no Besiktas mostra que não é cego por futebol, ou que não está focado vá, é jogador para voos muito mais altos. Se Hugo Viana fosse chamado seria feita justiça. É um jogador belíssimo. Trata a bola como poucos, seja no passe curto ou longo, seja na decisão, seja até no remate ou bolas paradas. É um jogador que se jogasse com mais intensidade seria chamado sem qualquer hesitação, e penso ser essa a única justificação para os treinadores não contarem com ele: a falta de intensidade e agressividade no jogo. Rúben Amorim é uma opção válida também, tendo em conta que poderá jogar como médio mais defensivo ou interior direito, e ainda a defesa direito. Esta última opção seria válida na eventualidade de PB preferir chamar mais um médio em detrimento de um defesa. Creio que R. Micael é uma forte possibilidade nos 23. Não por ter visto alguns jogos do Zaragoza, mas sim porque é um médio ofensivo que PB parece apreciar, com qualidade acima da média no último passe. Na devida escala e roçando o disparate: uma espécie de Fabregas português (não consigo dizer isto sem me rir... mas gosto da pinta dele). Custódio não terá qualquer hipóteses de ser chamado creio mas merecia estar aqui mencionado. Aprendi a apreciar as suas acções em campo, mas acredito que não tem o pedigree para representar a selecção. André Martins seria a grande surpresa. Com técnica para dar e vender e velocidade na condução de bola, é uma espécie de Moutinho mais refinado mas com menos poder de tracção e músculo. A sua chamada seria uma mensagem para a formação em Portugal. Um apelo: Sporting a selecção precisa de ti! Quando falamos babados no Athletic Bilbao e Barcelona é porque invejamos o seu futebol mas, acima de tudo, invejamos a identidade. O Sporting contratou 19 jogadores este ano. Ainda assim, apareceu um menino chamado André Martins a deixar-nos com água na boca. Esperemos que os "leões" não abandonem a formação. Segundo se especula, Cédric, Adrien e Wilson Eduardo poderão estar de volta ao plantel. Seria uma grande notícia. Voltando ao meio-campo da selecção, temos de nos lembrar que temos jogadores para jogar em posse de bola mas que vamos jogar contra equipas superiores, portanto, olho com outros olhos para Manuel Fernandes quando penso, por exemplo, num meio-campo com Khedira, Schweinsteiger e Ozil.
COBERTURA DEFENSIVA: Miguel Veloso, Meireles, Moutinho, Carlos Martins, Hugo Viana e Manuel Fernandes (único jogador realmente capaz de emprestar força ao meio-campo)


O trio de ataque estará entregue a Cristiano Ronaldo, Nani e Hélder Postiga. Como sempre, falta-nos um super avançado. Um Falcao, um Mário Gomez, um Huntelaar... um avançado de top. As outras soluções para o ataque são: Quaresma, Hugo Almeida, Nuno Gomes, Liédson, João Tomás (melhor marcador português da liga), Vieirinha, Yazalde, Djaló (estou a brincar...), Hélder Barbosa, Varela, Nelson Oliveira e Hugo Vieira (porque não? "Hugo, porque nunca foi chamado". Ok). Liédson, João Tomás e Nuno Gomes não acredito que sejam opção. Hugo Almeida e Quaresma estão certíssimos e estou de acordo naturalmente, à falta de melhor... Depois, decidir dois lugares entre Varela, Hélder Barbosa e Nelson Oliveira. As opções mais lógicas são Varela e Nelson Oliveira, até porque o jovem avançado do Benfica está em todas as campanhas da selecção, algo que me causa alguma apreensão. Sinto que Portugal poderá ter ali um avançado muito interessante. Velocidade, técnica e força. Mas estará à altura das inúmeras primeiras páginas nas quais já apareceu? Será justo? Não gosto de ouvir que "os jornais o estão a fazer", mas às vezes parece-me too much. É quando ponderamos se se levaria ou não N. Oliveira que me pergunto "porque não Hugo Vieira?" ou até Yazalde. Yazalde é um jogador muito interessante e que passa despercebido para os mais distraídos. Cobre a bola como poucos, é um avançado que tem evoluído muito por força dos minutos que tem gozado no Rio Ave de Carlos Brito. Ok, não tem hipóteses de ser chamado, mas gostava de deixar a referência. Arrisco dizer que para o ano voltará ao Braga. Os argumentos de Hugo Vieira são: rapidez, técnica e veia goleadora. Actualmente, Vieira parece-me ser mais jogador do que Nelson Oliveira. Mas Nelson Oliveira poderá ser muito útil para jogos em que estamos a vencer contra potências. Quem se lembra da final do Mundial sub20 contra o Brasil? Enquanto houve Nelson Oliveira, havia Portugal. Receita: certinhos e rigorosos lá atrás e N. Oliveira na frente. O jovem avançado sabe segurar a bola e leva-la para diante (talvez esteja mais à vontade a fazê-lo com jogadores da sua faixa etária mas tem de dar o salto), com perícia acompanhada pela sua robustez física. Tem capacidade para ganhar faltas bem longe da área lusa. Acho que passa por ai a decisão de PB: um avançado diferente dos outros dois, tal como seria H. Vieira é verdade... mas talvez a camisola do Benfica pese mais. Mas para ser justo, Nelson Oliveira (186cm) tem mais argumentos físicos para ganhar essa corrida a dois. Finalmente, Varela ou Barbosa? Gostava de me abster (violentamente tipo Seguro), até porque Varela não é o jogador do passado e simpatizo com Barbosa mas... vou apostar no jogador com mais estofo: Varela. 
COBERTURA DEFENSIVA: Cristiano Ronaldo, Nani, Hélder Postiga, Quaresma, Hugo Almeida,Varela e Nelson Oliveira. 


Caros leitores,
quem levavam ao Euro2012?

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Bayern com a Europa aos seus pés

Kahn. Sagnol. Lizarazu. Kuffour. Patrik Andersson. Linke. Mehmett Scholl. Effenberg. Salihamdzic. Hargreaves. Élber. Esta foi a equipa que em 2001 venceu a última Champions pelo colosso de Munique. A final foi contra o Valência de Aimar e Mendieta (e até Zahovic que entrou aos 66´) e tal como ontem foi resolvida nos penaltis, depois de acabar 1-1, curiosamente com dois penaltis também, após os 90´. Este Bayern de Munique de Jupp Heynckes é uma grande equipa de futebol. Personalidade, técnica e força. Manuel Neuer (26 anos) a meu ver é o melhor do mundo, o tal menino que foi apanha-bolas na final da Champions de Gelsenrkirchen (FC Porto 3-0 Mónaco). Na defesa, o elo mais fraco é Boateng (23), que de fraco tem muito pouco, 190cm, internacional alemão, mas reconheço uma especial admiração por Badstuber* (23) pela velocidade, dureza e qualidade na saída de bola. É, provavelmente, o meu central preferido da actualidade, piscando sempre o olho ao cada vez menos central Phil Jones (Manchester United). Badstuber é um belíssimo central com 189cm. Não me espantava nada ver Alex Ferguson louco por ele, ou melhor ainda, de ver Guardiola a tentar juntá-lo a Piqué. Rafinha ficou sentado no banco a ver Lahm (28) e Alaba (19), que falhará a final depois do amarelo, fazerem duas boas exibições. Lahm é um jogador sóbrio, bom a defender apesar das limitações no jogo aéreo derivado dos seus 170cm, mas com grande qualidade a subir no terreno. Ainda me lembro de estar à conversa com dois ou três alemães por altura do maldito Euro2004, eles dizerem "Lahm, não esqueças este nome. Vai dar que falar". Alaba é uma surpresa, não de agora para quem vê a fantástica Bundesliga. Aos 19 anos não é uma promessa do futebol europeu, é uma certeza, e se Fábio Coentrão custou 30 milhões... Voltemos à análise. No meio campo está um dos segredos do clube. Para mim é puro ouro maciço. Técnica e força. Luiz Gustavo* (24), que é o jogador com mais faltas cometidas (27) na competição e que mostra até por ai a sua importância, Schweisteiger (27) e Kroos (22), que se estreou na Europa contra o Belenenses (!) em 2007, são os jogadores que permitem o Bayern produzir óptimo futebol e abranger uma vasta área no meio campo com uma pressão de qualidade. Na frente... apetece-me escrever "sem comentários". Robben (28), Ribery (29) e Mario Gómez (26) fazem as delicias dos adeptos bávaros. Se Robben e Ribery dispensam apresentações, por toda a sua genialidade, rapidez, técnica e drible, o avançado merece alguma atenção. Mario Gómez Garcia, que foi formado no Estugarda, tem a alcunha de "Torero". O apelido espanhol deve-se às origens do pai. O nº33 é destro, tem 189cm e é um tanque com uma qualidade inacreditável. Em 2007, venceu o prémio de melhor jogador alemão do ano. O ano passado foi o "pichichi" da Bundesliga com 21  golos. Este ano leva 25 golos em 30 jogos na liga e 12 (!) na Liga dos Campeões. É um caso sério de golos. Atenção Portugal e Rui Patrício.
A média de idades do onze titular que bateu ontem o Real Madrid de José Mourinho foi de 25 anos. Curiosamente, as idades vão descendo conforme se vai recuando no terreno. Existem sempre ciclos no futebol, supostamente estamos perante o final de um, o de Guardiola. O Bayern Munique tem tudo para ser uma equipa de top nos próximos anos, irá vencer a final da Champions em sua casa, tenho pouquíssimas dúvidas, e na Bundesliga tem o desafio de derrubar o bi-campeão Dortmund de Jürgen Klopp, um treinador ao qual estou cada vez mais atento.

A outra meia final da Champions teve pouca história. O catenaccio de Matteo e a sorte divina estiveram do lado do Chelsea. Afinal ainda existem milagres no futebol. Estamos sempre a aprender. Depois do avião que Mourinho colocou à frente da baliza do Inter em 2010, aqui está outro exemplo de que a técnica e classe nem sempre vencem os mais fracos... mas bem organizados.

A inesperada final vai ocorrer no dia 19 de maio na Allianz Arena.

*também vão falhar a final




terça-feira, 10 de abril de 2012

Adios, adieu, auf wiedersehen, goodbye

Justiça. É a primeira palavra que me ocorre para definir o jogo. Com a vitória de hoje, o Sporting alcança o quarto lugar da tabela com mais dois pontos que o Marítimo, que perdeu o derbi madeirense para o Nacional de Pedro Caixinha. Já o Benfica de Jorge Jesus, pode pegar no ukulele e cantar os sábios versos do eterno José Cid.
Os onzes não ofereceram grandes surpresas. Sá Pinto mostrava-se ambicioso, apostando em Elias Schaars e Matías no meio-campo. Muita técnica, muita capacidade de saída de bola; defensivamente, os dois primeiros tinham uma árdua tarefa por cumprir, mas o facto do Sporting jogar com o bloco mais baixo contribuiu para a ocupação dos espaços. Na frente jogaram Capel, Izmailov e Wolfswinkle. O russo, que continua em forma e voltou a cumprir os 90´, toca na bola como ninguém e é uma delicia vê-lo jogar e desfrutar do seu jogo. O futebol sai a ganhar. O Benfica tinha duas formas de abordar este jogo: jogando com Javi, Matic e Witsel ou apostando em Rodrigo a jogar perto de Cardozo. Sinceramente, nunca duvidei que Jorge Jesus fosse jogar como jogou, não é das opções mais complicadas que já tomou, visto que ele sabia que o Sporting provavelmente iria jogar com bloco baixo, como faz na Liga Europa, e bem. Por isso, acreditava que ia ter mais posse de  bola e estar mais perto da baliza contrária. Nos últimos dias afirmei entre amigos que a minha opção seria Javi, Matic (o de Londres) e Witsel mais solto, como acontecia na Bélgica. Há uma velha máxima no futebol aplicável a este jogo: "não é por ter muitos avançados que se ataca mais". E para mim isto foi previsível. Porquê? Porque algo me dizia que Rodrigo ia ter pouco espaço na zona onde gosta de vadiar - entrelinhas -, e o jogo tinha de ser disputado a meio-campo, e neste capítulo o Sporting tinha superioridade numérica. Vimos também um Elias muito atento às movimentações de Rodrigo. É verdade que o jovem espanhol gozou de algum espaço no início do jogo mas foi inconsequente. Desde o lance com Bruno Alves na Rússia, Rodri nunca mais foi o mesmo e o seu poder de decisão e capacidade para ser decisivo esfumou-se.
Sá Pinto, inteligente, adoptou a estratégia da Liga Europa, oferecer a iniciativa de jogo ao adversário e tentar explorar os bons avançados e a capacidade do meio-campo a distribuir jogo. Se o Benfica ia assumir o jogo, ia subir a defesa até ao meio-campo, e os centrais, que regressaram de lesão, iam ter dificuldades para parar jogadores mais rápidos com tanto espaço nas costas. Estratégia vencedora! Ainda assim, por alguns minutos, a superioridade estava a ser tão evidente que me pareceu que os "Leões" esqueceram um pouco o plano e avançaram as linhas e jogaram mais perto da baliza de Artur.
Jorge Jesus voltou a apostar em dois avançados - algo que normalmente não corre bem -, e também em Emerson em detrimento do competente e muito melhor Capdevilla. Do treinador do Benfica nem critico essa abordagem ao jogo como já referi acima, critico a forma como começou a mexer na equipa. Yannick? Bem, já lá vamos. Witsel voltou a fazer um bom jogo, mas por vezes estava muito longe da bola, o que resultava em zero soluções para uma saída de bola com qualidade. Que falta fez Aimar... que normalmente nestes momentos, é ele que desce e oferece a linha de passe. Ou seja, tínhamos a espaços um Witsel a invadir a zona de Rodrigo e a negligenciar a segurança na saída de bola. Lá está, era aqui que fazia falta um Matic, o tal Matic que encheu o meio-campo em Londres.
O Sporting foi melhor. Ser melhor não é ser bom. Ser melhor não é ter nota artística. Ser melhor não é dar show. Ser melhor é definir um plano e as coisas correrem bem. Chega de vozes que vulgarizam e minimizam este Sporting. Provavelmente muitas dessas vozes aplaudiram de pé o show táctico de Mourinho pelo Inter em Barcelona. "Uau, um moonstro da táctica". Mourinho tinha um plano, com onze jogadores à frente da baliza ou com um autocarro de três andares. Mourinho tinha um plano e as coisas correram bem. Ganhou. Sá Pinto tem um plano e as coisas correram bem. Ganhou. Li há bem pouco tempo num livro de Robin Sharma: "a sorte não é mais do que as recompensas inesperadas pelas escolhas inteligentes que resolvemos fazer". Neste caso, ao contrário do de Mourinho, não houve sorte. Sorte teve o Benfica em ter um grande Artur e uma trave no sitio certo.
Jorge Jesus não merece ser campeão. Quem aposta num defesa esquerdo incompetente o ano inteiro não quer ganhar jogos. Quem tem cinco pontos de avanço para o segundo classificado e vai jogar a Guimarães como se fosse jogar com o Carcavelos... não merece vencer o campeonato. Simples.
O Benfica causou pouco perigo, Cardozo quando mal servido faz alguma aflição. Bruno César não me convenceu ainda. Gaitán é normal não jogar muito, não ouviu o hino da Champions antes do jogo e na volta o United não enviou observadores a Alvalade.
O Sporting podia ter oferecido uma  vitória mais simpática aos seus adeptos, com outra arte e engenho e alguma sorte vá, podia ter feito mais golos. Valeu Artur.
A história do jogo está mais ou menos contada. Justiça é a palavra que me ocorre.
Há coisas que me intrigam. Jorge Jesus e as suas opções, as suas opções e Jorge Jesus. A sua atracção pelo abismo é qualquer coisa. Bem sei que se chama Jesus mas dai a procurar ser uma espécie de profeta... Yannick Djaló? É certo que entrou bem com o Chelsea mas todos sabemos a fraqueza mental do jogador. Tentar fazer dele herói num estádio difícil para o jogador é injusto para o próprio jogador. Não é muito inteligente. Lá está, porque (re)conhecemos a debilidade psicológica do jogador, ainda mais num estádio que lhe traz más recordações e bloqueios. Qualquer funcionário seja em que profissão for, se um dia for despedido ou empurrado para fora da empresa onde está, não quererá mostrar aos seus anteriores chefes e associados que ele afinal é bom? Não tentará mostrar que afinal tem valor para estar entre eles e que foram injustos com ele? Obviamente Djaló ia sentir dois pesos quando entrou: o da camisola do Benfica, e o peso de jogar contra o seu anterior clube no seu antigo estádio. Desconfiando do possível nível de ansiedade do jogador, era de esperar que a exibição fosse medíocre.
Para concluir, e só porque neste blog se fala essencialmente de futebol, do futebol jogado, da táctica, das opções e dos desempenhos, tenho de mencionar um lance que marca o jogo. No primeiro minuto há um penalti que fica por marcar ao Benfica. Independentemente de um possível penalti que ficou por marcar ao nº9 leonino, ou até o fora de jogo mal tirado a Rubio, este lance é chave porque poderia mudar toda a face do jogo. Ora vejamos: Benfica jogou com dois centrais recém-regressados de lesão e em mau estado físico, ainda assim, como tinha de assumir o jogo e vencer, fez subir o bloco defensivo até ao meio campo. Se o penalti é assinalado e Cardozo faz o 1-0, toda a estratégia (bem) desenhada por Sá Pinto ia por água abaixo. O Sporting joga com o bloco baixo por algumas razões: porque é bom no contra ataque e tem belíssimos avançados mas essencialmente para não expor a sua dupla de centrais. O Sporting a perder teria de fazer subir a equipa, Polga e Xandão são outros jogadores completamente diferentes se subirem até ao meio-campo e com espaço nas costas. Cardozo falhar o penalti também era um dos cenários possíveis, mas a bem da verdade e do rigor tinha de mencionar o lance.
Ao Benfica: Adios, adieu, auf wiedersehen, goodbye ao campeonato. A quatro pontos do líder, e com desvantagem no confronto directo, a conquista do escudo parece ser uma missão impossível. Ah! E atenção ao Braga...
Ao Sporting: o quarto lugar está bem encaminhado mas não será fácil de assegurar, o Marítimo ainda vai enfrentar Benfica e Porto, já o Sporting ainda vai ao Dragão e recebe o Braga na última jornada. O sonho é a Liga Europa. O Athletic Bilbao é o super adversário por ultrapassar mas quem elimina o Manchester City - e quem dá início ao desastre na Premier League - pode sonhar com tudo.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Mourinho: 100 jogos de branco

SL Benfica. União de Leiria. FC Porto. Chelsea. Inter. Foi assim que José Mourinho escreveu a sua história até ao verão de 2010. Depois de deixar vincada a sua personalidade na Luz, seguiu-se um super trabalho à frente do Leiria que acabou prematuramente porque se transferiu para o clube da Invicta, onde prometeu o título na época seguinte. O nome de Mourinho ganhou relevo e começou a ser escrito em bold no FC Porto onde ganhou dois campeonatos, uma Taça de Portugal, uma supertaça e ... uma Uefa e uma Champions. No ano seguinte mudou-se para Londres onde se rotulou de "Special One". Como ele estava certo... No Chelsea ganhou dois campeonatos, duas taças da liga, uma taça de Inglaterra e uma supertaça. Depois segue-se o ano no qual perdeu o campeonato para o United. No arranque da época seguinte foi despedido pelo milionário Roman Abramovich. Na época 2008/2009 assina pelo Inter de Milão. Neste clube, que tinha sido campeão nos últimos anos com Roberto Mancini, não chegava ser campeão. E é por estes episódios que tanto admiro Mourinho. Assinar pelo Inter significava várias coisas: se não ganhasse o campeonato, santa incompetência; se ganhasse o campeonato, era mais do mesmo, não chegava. Mourinho tinha de ser campeão da Europa. Dois anos em Milão, dois campeonatos, uma taça de Itália, uma supertaça e... uma Liga dos Campeões! Importante referir que em 2009/2010 o Inter de Mou conquistou o triplete. Dez épocas e 17 troféus depois, chegou a altura do maior desafio da sua carreira: Real Madrid.
Quando assinou com o Real Madrid, José Mourinho tinha dois objectivos na agenda: acabar com a hegemonia do Barcelona de Pep Guardiola e conquistar a 10ª Champions dos merengues. Na primeira época apenas conquistou a taça de Espanha. Já esta segunda época promete ser diferente. Dez pontos de avanço para o Barcelona e vantagem nos oitavos de final da Liga dos Campeões contra o CSKA. Atenção a estes números: em 100 jogos pelos blancos, Mourinho venceu 77, empatou 13 e perdeu 10 , marcou 274 golos e sofreu 81. É o melhor desempenho da história do futebol espanhol após 100 jogos. É obra! É obra se lembrarmos que compete contra o Barcelona, que com Guardiola venceu 13 troféus em 16 possíveis. Em Espanha fala-se quase todos os dias se Mourinho vai continuar ou não. Eu aposto que sim, é o mais lógico. Ainda assim, esboço apenas um cenário no qual Mourinho aceitaria abandonar o Real Madrid: vencendo o campeonato e a 10ª Liga dos Campeões do clube. Só assim Mourinho pensaria em sair... não tenho dúvidas! 
A viagem de Mourinho a Londres, para mim, não passou de mais uma daquelas estratégias para mexer com a imprensa europeia e agitar as águas. Não só mostrava aos adeptos merengues que realmente sente saudades de Inglaterra, e é hora de o acarinhar, como também serviu para dar uma alfinetada ao seu "querido amigo" André Villas Boas, que após desaire com o Birmingham, já tinha ouvido os adeptos londrinos a cantar "José Mourinho, José Mourinho, José Mourinho". Mou é assim, uma ameaça permanente para os treinadores dos grandes clubes e, arrisco dizer, só os adeptos do Barcelona dispensariam a sua contratação. É campeão por onde passa. A empatia que gera com adeptos e jogadores é algo incrível, mas verdade seja dita, em Madrid tem sido mais complicado. 
José Mourinho é apaixonado pelo futebol inglês. Talvez pela intensidade do jogo. Talvez pela lealdade dos adeptos e a presença das famílias nos estádios. Caso Mourinho abandone Madrid, o que considero altamente improvável,  vejo Tottenham e Manchester City como os principais candidatos. Se tivesse de escolher, gostava de o ver fazer história no Tottenham. Ainda assim, se eu pudesse traçar o seu destino, o próximo passo de José Mourinho era outro, ficava a quase 1000 km de Londres: Bayern München! É verdade, sou um adepto da Bundesliga. E depois do poker que conquistará - campeão em Portugal, Inglaterra, Itália e Espanha - gostava que se mudasse para Munique. O Dortmund vai a caminho do bi-campeonato. Quem sabe se para o ano o Bayern volta a falhar... seria perfeito para Mourinho. O Bayern daria-lhe condições para ser campeão no 5º país e lutar pela Champions. O futebol de Mourinho era perfeito para a Alemanha, onde se pode ganhar de forma cínica ou jogando um bom futebol. As grandes favoritas ao Euro2012 são Espanha e ... Alemanha. A maioria dos jogadores da selecção alemã joga no seu país. Há belíssimos jogadores na Bundesliga.  Há táctica e entusiasmo. Há estádios cheios. E o mais importante, há um campeonato para vencer, e isso chega! Este era o meu desejo. 







domingo, 4 de março de 2012

Volta ao mundo em... 12 dias

Em 2004 dizia-se que a Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) ia ter lugar no dia 8 do mês 8, às 8.08h. Curioso, o número oito é o número da sorte dos chineses. Quase que arrisco duas coisas: o Futre não sabia desta; o Jorge Jesus não tem sangue chinês.
Oito pontos. Oito pontos foi o que o SL Benfica perdeu nas últimas três jornadas para o FC Porto. Bom, vamos lá ao Clássico.
Poucas surpresas nas escolhas dos treinadores. Benfica com o 4.3.3 conservador, aquele que costuma oferecer os melhores resultados, optando por sentar Rodrigo. Vítor Pereira escolheu Djalma para substituir Varela e manteve Maicon na lateral direita.
Como era de esperar, os dragões entraram mais forte, o tal estofo que costumam ter a mais que todos os demais. Uma bomba de Hulk aos 7´ desbloqueou o resultado. Ainda hoje tentam convencer-me que o Artur não foi mal batido e que o remate foi digno de um super Sanchez ou a versão avançada de um Isaías. O local do remate e a alegada (aos meus olhos) lenta reacção de Artur leva-me a crer que podia ter sido feito mais. Mais Porto, mais estofo. O costume. O golo ajudou a equipa a assentar o jogo e a dominar. Muito pouco Lucho e um bom Fernando, e um sempre dinâmico e jogadorzaço Moutinho. No Benfica, o problema era Aimar estar demasiado longe da bola, voltou a posicionar-se muito perto de Cardozo, e fica claro que em grandes jogos Witsel não assume a bola e torna-se num jogador mais físico, mais recuperador. Estando Aimar longe do jogo, o Porto fazia subir Lucho e Moutinho para bloquear as saídas de bola de Witsel e Javi e estava meio caminho andado para dominar o jogo. O jogo do Benfica tem vários problemas: Emerson é o mais grave. Uma nulidade, defende mal, tem medo de ter a bola no pé, "não tem sangre" (como diria um bom amigo...), é um bom aliado dos médios direitos. A culpa não é dele, é de quem o contratou, é de quem o coloca a jogar. Mas, admito, esperava-se mais de um jogador que foi campeão pelo Lille no ano passado. Depois, Gaitán. Uma sombra do que já foi, provavelmente com a cabeça noutro local, possivelmente já assinou contrato com um dos colossos de Manchester. Não merece jogar. Finalmente, o tal problema de Aimar estar demasiado longe do jogo e a fluidez da saída de bola não surgir. No Porto, Djalma é o elo mais fraco. É verdade que não fez um mau jogo, mas não tem qualidade para jogar neste FCP. O outro problema, é James não ser titular. Ok, não vou fazer outra declaração de amor pelo futebol do mágico colombiano. No entanto, acho que depois do jogo na Luz, Vítor Pereira está convencido, James será titular. Palpite. A partir dos 20´ o Benfica equilibrou o jogo e a bola chegou mais vezes a Aimar. Mais tarde, duas ocasiões claras de golo falhadas por Cardozo e Aimar, um livre de João Moutinho e um lance isolado de Janko aqueceram ainda mais o Clássico. Aos 41´ chegou o golo de Cardozo, num lance algo fortuito mas que devolveu a justiça ao marcador. Depois do intervalo, o paraguaio fez o segundo golo após um livre marcado por Aimar, num lance que não parece falta. Os problemas vieram cinco minutos depois. Aimar lesionou-se e Jorge Jesus tinha de decidir o que fazer: reforçar o meio campo ou olhar para a frente e tentar algo mais? Já todos conhecemos Jorge Jesus, o treinador mais deslumbrado que por ai anda. Como escreveu um Blogger amigo: "a vencer o jogo mais importante da época, Jesus decidiu arriscar mais e jogar com dois avançados". - já agora convido-vos a visitar o blog http://futebola3.blogspot.com/, tem qualidade e motiva discussão/reflexão. E assim foi, Jorge Jesus optou por colocar Rodrigo por Aimar no grande jogo da época. Ou seja, Javi e Witsel contra Fernando, Moutinho e Lucho. Parece-me que o treinador encarnado quis fazer um brilharete e ir para cima da baliza de Helton. Guloso? "Peut-être". Algo me dizia que não foi a opção acertada, mas a verdade é que o Benfica estava melhor. Seis minutos depois entra em cena o homem improvável: Vítor Pereira. O treinador que tanto critico e teimo em não reconhecer capacidades para liderar este Porto, encheu-se de uma qualquer substância que corre nas veias dos grandes treinadores e fez mudanças "de treinador" enviando uma mensagem para dentro do campo: "queremos virar". VP decide tirar Rolando, colocar Maicon a central e transformar Djalma num falso lateral direito. O momento do jogo estava guardado para o minuto 63´. Um contra-ataque do Benfica, 4 jogadores para 1, Witsel conduzia a bola e perdeu para Maicon, com falta ou não, não me pareceu quando vi e revi o lance, depois a bola sobra para o talentoso e cheio de vontade Gaitán, este perde a bola e nem sequer lhe ocorre fazer uma falta para não expor a equipa a um contra-ataque venenoso. Depois foi ver James a percorrer largos metros sem oposição, algo que me causa alguma estranheza, uma equipa que está a vencer um Clássico que decide a liderança do campeonato estar tão exposta e vulnerável no centro do terreno. Depois de um 1-2 com Fernando, James fez o 2-2. Aos 77´ Emerson é expulso, depois de abordar de uma forma pobre, muito pobre, e infantil um lance com Hulk. Alguns minutos depois, VP volta a mexer: Kleber por Moutinho. O treinador dos dragões sabia que estava ali a oportunidade de roubar a liderança e conquistar os adeptos. O Benfica só tentava resistir, com quase todos os jogadores atrás da linha da bola, com um Nolito destruído fisicamente e um Oscar Cardozo incapaz. Mais uma vez, Jorge Jesus perdeu a oportunidade de emprestar alguma coisa de novo à equipa. É verdade que fez duas substituições forçadas, depois das lesões de Garay e Aimar, mas demorou a (não) mexer, não ajudou os seus jogadores, parecia que os estava a ver no matadouro, à espera do inevitável. Sentia-se que era uma questão de tempo até o Porto fazer o golo. Mas a verdade é que o golo surgiu da forma mais perversa e imprevisível, algo que o (bom) jogo não merecia: um golo em fora de jogo. Livre de James (golo e assistência... ok ok) e cabeceamento de Maicon, o jogador que já pisca o olho à selecção e tudo. 2-3, mais uma vitória no campo da águia.
O Benfica de Jorge Jesus conseguiu perder oito (!) pontos em 12 dias, oito pontos em nove possíveis. Como afirmei num texto anterior, JJ começou a perder o campeonato em Guimarães, onde, à imagem do que fez na 6ª feira ao colocar Rodrigo por Aimar, perdeu por deslumbramento, por sobranceria, por se achar no topo do mundo. Habitualmente critico Vítor Pereira, mas o treinador natural de Espinho virou o campeonato do avesso, com mais ou menos dedo, é ele o líder do barco que está com o vento a favor. Outra coisa que pode ser favorável a VP é a possibilidade do Benfica seguir em frente na Champions, esta terça feira contra o Zenit. Jorge Jesus é cego pela Liga dos Campeões e tudo fará pelo sonho. Os jogadores serão também embalados nesta ficção, uma espécie de missão impossível que se transforma assim que os jogadores ouvem o hino mágico, e isso poderá levá-los a facilitarem nos jogos do campeonato.
Falta mencionar algo muito importante: o crescimento do SC Braga. Já tem os mesmos pontos do Benfica, está a três da liderança e somou a 10ª vitória consecutiva na liga. Candidato ou não, é provável que o Braga (tal como o Sporting e o Marítimo) ajude(m) a decidir o campeonato, visto que ainda vai à Luz e recebe o Porto.  Não me vou alongar relativamente a este tema porque brevemente vou escrever um texto sobre o Braga e o seu treinador, Leonardo Jardim.


Perguntas que ficam por responder:


O lugar de Jorge Jesus está em perigo?
Gaitán vai continuar a jogar?
Vítor Pereira está melhor sentado na cadeira de sonho?
VP fez as pazes com os adeptos?
James Rodriguez será titular a partir de agora?
O Braga vai discutir o campeonato até ao fim?

quinta-feira, 1 de março de 2012

Luz, Clássico, Acção!

Em vésperas de Clássico decidi voltar a estas lides, injustamente deixadas ao abandono. As coisas mudaram bastante no futebol português nos últimos tempos. Os três treinadores estão em fases diferentes de maturação mas sempre, sempre, em teste. O Sporting tem um novo treinador, um antigo jogador que quase rasgava a camisola para beijar o símbolo. Uma referência. O início tem sido positivo mas quase que fico tentado a perguntar se ele é angolano ou tem família angolana… é que a imprensa está muito amiga dele. É normal, tempos de crise, há que envolver os clubes e vender jornais. Sá Pinto tem elogiado a atitude dos seus jogadores, o bom futebol virá depois, garante. Quatro jogos, três vitórias (por 1-0) e um empate. Cinco (!) pontos (conquistados ao líder Benfica) e uma passagem aos oitavos da Liga Europa onde vai encontrar o poderoso Manchester City que eliminou o Porto. É, de facto, um começo auspicioso. Se Sá Pinto poderá ser o Guardiola do Sporting, como disse o treinador do Legia, é algo que duvido, mas lá tempo para convencer tem ele, o contrato é até ao verão de 2013. No Benfica o cenário é outro. No cargo pelo terceiro ano, Jorge Jesus é um treinador intrigante. Estava a fazer uma época imaculada, com qualidade no futebol, muitos pontos angariados, uma passagem aos oitavos da Champions, até que … tentou perder um jogo em Guimarães, e conseguiu! Tem mérito, tentou perder e conseguiu. Normalmente quando JJ inventa a coisa não corre bem, e este foi mais um capitulo do livro “As incríveis histórias de JJ”. Em Guimarães, em vésperas do Clássico com o Porto, Jorge Jesus foi, possivelmente, enganado, alguém lhe deve ter dito que estava em Carcavelos e ia jogar contra a equipa local. Num jogo em que não pode contar com Javi Garcia decidiu colocar Witsel no banco. Matic na zona 6, aquele jogador rapidíssimo e “cego” pela bola como o trinco espanhol. Hm Hm. Depois, quatro avançados mais Aimar. Na verdade, acho que só Jesus achava que podia vencer aquele jogo. Mais uma vez, a inconsciência ou sobranceria de quem pensa que consegue ganhar como quer em qualquer campo deixou-o mais frágil que nunca nesta época. Acumulado ao empate em Coimbra, foram cinco pontos perdidos em seis possíveis. Olá Porto, faça favor, é por aqui a liderança. No Porto, o treinador é o mais unânime entre os adeptos dos três grandes. Um líder natural, inspirador. Desde que chegou conseguiu colocar a equipa a jogar um futebol mais fluído, mais à Porto. O único handicap deste treinador, é nunca sentar-se no banco visto que tem de jogar… falo obviamente de Lucho Gonzalez. O homem que veio salvar Vítor Pereira.  Lucho tem uma essência rara do futebol, uma mistura de classe e liderança. Janko também veio mostrar aos avançados como se fazem golos, pode ser um caso sério, aguardemos. Há ainda uma coisa que me causa o maior desgosto e sentimento speechless que pode haver: por que razão VP não gosta de James Rodriguez? Não entendo. Quase que imagino os Deuses no Olimpo a discutir: “Que podemos fazer? Ele é teimoso pá… Manda-lhe uma tempestade e escreve no chão o nome James!! Não, não, não pode ser assim. E ele ainda vai pensar que é o Bond, James Bond…”. Até que Zeus decidiu: “Bem, já sei meus amigos Deuses… aliás já tratei disso. Lesionei o Varela”. Et voilà, veremos se James jogará no Clássico, algo muito improvável porque jogou 80 minutos no jogo da Colômbia e só chega a Portugal na sexta-feira. Outra grande incógnita é saber a natureza das mazelas que os jogos das Selecções deixaram nos jogadores. 
Quem terá mais a perder no Clássico? Benfica. É simples, o Benfica vem de cinco pontos perdidos em seis possíveis. Coisa para abanar e muito a confiança encarnada. Se o Benfica ganhar, é normal, venceu no seu estádio e o Porto mantém-se apenas a três pontos. O empate prolonga a amargura das águias e deixa o rival directo a saciar por mais pontos e prontinho para fugir. A vitória do Porto, algo que não surpreenderia ninguém, podia lançar os da invicta para uma grande recta final, iluminados e encaminhados pelo seu líder e treinador: Lucho Gonzalez

Os onzes mais fortes para o Clássico:

SL Benfica: Artur, Maxi, Luisão, Garay, Capdevilla, Javi, Witsel, Aimar, Gaitan, Nolito, Rodrigo.

FC Porto: Helton, Sapunaru, Rolando, Otamendi, Álvaro, Fernando, Moutinho, Lucho, James, Hulk, Janko