segunda-feira, 12 de março de 2012

Mourinho: 100 jogos de branco

SL Benfica. União de Leiria. FC Porto. Chelsea. Inter. Foi assim que José Mourinho escreveu a sua história até ao verão de 2010. Depois de deixar vincada a sua personalidade na Luz, seguiu-se um super trabalho à frente do Leiria que acabou prematuramente porque se transferiu para o clube da Invicta, onde prometeu o título na época seguinte. O nome de Mourinho ganhou relevo e começou a ser escrito em bold no FC Porto onde ganhou dois campeonatos, uma Taça de Portugal, uma supertaça e ... uma Uefa e uma Champions. No ano seguinte mudou-se para Londres onde se rotulou de "Special One". Como ele estava certo... No Chelsea ganhou dois campeonatos, duas taças da liga, uma taça de Inglaterra e uma supertaça. Depois segue-se o ano no qual perdeu o campeonato para o United. No arranque da época seguinte foi despedido pelo milionário Roman Abramovich. Na época 2008/2009 assina pelo Inter de Milão. Neste clube, que tinha sido campeão nos últimos anos com Roberto Mancini, não chegava ser campeão. E é por estes episódios que tanto admiro Mourinho. Assinar pelo Inter significava várias coisas: se não ganhasse o campeonato, santa incompetência; se ganhasse o campeonato, era mais do mesmo, não chegava. Mourinho tinha de ser campeão da Europa. Dois anos em Milão, dois campeonatos, uma taça de Itália, uma supertaça e... uma Liga dos Campeões! Importante referir que em 2009/2010 o Inter de Mou conquistou o triplete. Dez épocas e 17 troféus depois, chegou a altura do maior desafio da sua carreira: Real Madrid.
Quando assinou com o Real Madrid, José Mourinho tinha dois objectivos na agenda: acabar com a hegemonia do Barcelona de Pep Guardiola e conquistar a 10ª Champions dos merengues. Na primeira época apenas conquistou a taça de Espanha. Já esta segunda época promete ser diferente. Dez pontos de avanço para o Barcelona e vantagem nos oitavos de final da Liga dos Campeões contra o CSKA. Atenção a estes números: em 100 jogos pelos blancos, Mourinho venceu 77, empatou 13 e perdeu 10 , marcou 274 golos e sofreu 81. É o melhor desempenho da história do futebol espanhol após 100 jogos. É obra! É obra se lembrarmos que compete contra o Barcelona, que com Guardiola venceu 13 troféus em 16 possíveis. Em Espanha fala-se quase todos os dias se Mourinho vai continuar ou não. Eu aposto que sim, é o mais lógico. Ainda assim, esboço apenas um cenário no qual Mourinho aceitaria abandonar o Real Madrid: vencendo o campeonato e a 10ª Liga dos Campeões do clube. Só assim Mourinho pensaria em sair... não tenho dúvidas! 
A viagem de Mourinho a Londres, para mim, não passou de mais uma daquelas estratégias para mexer com a imprensa europeia e agitar as águas. Não só mostrava aos adeptos merengues que realmente sente saudades de Inglaterra, e é hora de o acarinhar, como também serviu para dar uma alfinetada ao seu "querido amigo" André Villas Boas, que após desaire com o Birmingham, já tinha ouvido os adeptos londrinos a cantar "José Mourinho, José Mourinho, José Mourinho". Mou é assim, uma ameaça permanente para os treinadores dos grandes clubes e, arrisco dizer, só os adeptos do Barcelona dispensariam a sua contratação. É campeão por onde passa. A empatia que gera com adeptos e jogadores é algo incrível, mas verdade seja dita, em Madrid tem sido mais complicado. 
José Mourinho é apaixonado pelo futebol inglês. Talvez pela intensidade do jogo. Talvez pela lealdade dos adeptos e a presença das famílias nos estádios. Caso Mourinho abandone Madrid, o que considero altamente improvável,  vejo Tottenham e Manchester City como os principais candidatos. Se tivesse de escolher, gostava de o ver fazer história no Tottenham. Ainda assim, se eu pudesse traçar o seu destino, o próximo passo de José Mourinho era outro, ficava a quase 1000 km de Londres: Bayern München! É verdade, sou um adepto da Bundesliga. E depois do poker que conquistará - campeão em Portugal, Inglaterra, Itália e Espanha - gostava que se mudasse para Munique. O Dortmund vai a caminho do bi-campeonato. Quem sabe se para o ano o Bayern volta a falhar... seria perfeito para Mourinho. O Bayern daria-lhe condições para ser campeão no 5º país e lutar pela Champions. O futebol de Mourinho era perfeito para a Alemanha, onde se pode ganhar de forma cínica ou jogando um bom futebol. As grandes favoritas ao Euro2012 são Espanha e ... Alemanha. A maioria dos jogadores da selecção alemã joga no seu país. Há belíssimos jogadores na Bundesliga.  Há táctica e entusiasmo. Há estádios cheios. E o mais importante, há um campeonato para vencer, e isso chega! Este era o meu desejo. 







domingo, 4 de março de 2012

Volta ao mundo em... 12 dias

Em 2004 dizia-se que a Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) ia ter lugar no dia 8 do mês 8, às 8.08h. Curioso, o número oito é o número da sorte dos chineses. Quase que arrisco duas coisas: o Futre não sabia desta; o Jorge Jesus não tem sangue chinês.
Oito pontos. Oito pontos foi o que o SL Benfica perdeu nas últimas três jornadas para o FC Porto. Bom, vamos lá ao Clássico.
Poucas surpresas nas escolhas dos treinadores. Benfica com o 4.3.3 conservador, aquele que costuma oferecer os melhores resultados, optando por sentar Rodrigo. Vítor Pereira escolheu Djalma para substituir Varela e manteve Maicon na lateral direita.
Como era de esperar, os dragões entraram mais forte, o tal estofo que costumam ter a mais que todos os demais. Uma bomba de Hulk aos 7´ desbloqueou o resultado. Ainda hoje tentam convencer-me que o Artur não foi mal batido e que o remate foi digno de um super Sanchez ou a versão avançada de um Isaías. O local do remate e a alegada (aos meus olhos) lenta reacção de Artur leva-me a crer que podia ter sido feito mais. Mais Porto, mais estofo. O costume. O golo ajudou a equipa a assentar o jogo e a dominar. Muito pouco Lucho e um bom Fernando, e um sempre dinâmico e jogadorzaço Moutinho. No Benfica, o problema era Aimar estar demasiado longe da bola, voltou a posicionar-se muito perto de Cardozo, e fica claro que em grandes jogos Witsel não assume a bola e torna-se num jogador mais físico, mais recuperador. Estando Aimar longe do jogo, o Porto fazia subir Lucho e Moutinho para bloquear as saídas de bola de Witsel e Javi e estava meio caminho andado para dominar o jogo. O jogo do Benfica tem vários problemas: Emerson é o mais grave. Uma nulidade, defende mal, tem medo de ter a bola no pé, "não tem sangre" (como diria um bom amigo...), é um bom aliado dos médios direitos. A culpa não é dele, é de quem o contratou, é de quem o coloca a jogar. Mas, admito, esperava-se mais de um jogador que foi campeão pelo Lille no ano passado. Depois, Gaitán. Uma sombra do que já foi, provavelmente com a cabeça noutro local, possivelmente já assinou contrato com um dos colossos de Manchester. Não merece jogar. Finalmente, o tal problema de Aimar estar demasiado longe do jogo e a fluidez da saída de bola não surgir. No Porto, Djalma é o elo mais fraco. É verdade que não fez um mau jogo, mas não tem qualidade para jogar neste FCP. O outro problema, é James não ser titular. Ok, não vou fazer outra declaração de amor pelo futebol do mágico colombiano. No entanto, acho que depois do jogo na Luz, Vítor Pereira está convencido, James será titular. Palpite. A partir dos 20´ o Benfica equilibrou o jogo e a bola chegou mais vezes a Aimar. Mais tarde, duas ocasiões claras de golo falhadas por Cardozo e Aimar, um livre de João Moutinho e um lance isolado de Janko aqueceram ainda mais o Clássico. Aos 41´ chegou o golo de Cardozo, num lance algo fortuito mas que devolveu a justiça ao marcador. Depois do intervalo, o paraguaio fez o segundo golo após um livre marcado por Aimar, num lance que não parece falta. Os problemas vieram cinco minutos depois. Aimar lesionou-se e Jorge Jesus tinha de decidir o que fazer: reforçar o meio campo ou olhar para a frente e tentar algo mais? Já todos conhecemos Jorge Jesus, o treinador mais deslumbrado que por ai anda. Como escreveu um Blogger amigo: "a vencer o jogo mais importante da época, Jesus decidiu arriscar mais e jogar com dois avançados". - já agora convido-vos a visitar o blog http://futebola3.blogspot.com/, tem qualidade e motiva discussão/reflexão. E assim foi, Jorge Jesus optou por colocar Rodrigo por Aimar no grande jogo da época. Ou seja, Javi e Witsel contra Fernando, Moutinho e Lucho. Parece-me que o treinador encarnado quis fazer um brilharete e ir para cima da baliza de Helton. Guloso? "Peut-être". Algo me dizia que não foi a opção acertada, mas a verdade é que o Benfica estava melhor. Seis minutos depois entra em cena o homem improvável: Vítor Pereira. O treinador que tanto critico e teimo em não reconhecer capacidades para liderar este Porto, encheu-se de uma qualquer substância que corre nas veias dos grandes treinadores e fez mudanças "de treinador" enviando uma mensagem para dentro do campo: "queremos virar". VP decide tirar Rolando, colocar Maicon a central e transformar Djalma num falso lateral direito. O momento do jogo estava guardado para o minuto 63´. Um contra-ataque do Benfica, 4 jogadores para 1, Witsel conduzia a bola e perdeu para Maicon, com falta ou não, não me pareceu quando vi e revi o lance, depois a bola sobra para o talentoso e cheio de vontade Gaitán, este perde a bola e nem sequer lhe ocorre fazer uma falta para não expor a equipa a um contra-ataque venenoso. Depois foi ver James a percorrer largos metros sem oposição, algo que me causa alguma estranheza, uma equipa que está a vencer um Clássico que decide a liderança do campeonato estar tão exposta e vulnerável no centro do terreno. Depois de um 1-2 com Fernando, James fez o 2-2. Aos 77´ Emerson é expulso, depois de abordar de uma forma pobre, muito pobre, e infantil um lance com Hulk. Alguns minutos depois, VP volta a mexer: Kleber por Moutinho. O treinador dos dragões sabia que estava ali a oportunidade de roubar a liderança e conquistar os adeptos. O Benfica só tentava resistir, com quase todos os jogadores atrás da linha da bola, com um Nolito destruído fisicamente e um Oscar Cardozo incapaz. Mais uma vez, Jorge Jesus perdeu a oportunidade de emprestar alguma coisa de novo à equipa. É verdade que fez duas substituições forçadas, depois das lesões de Garay e Aimar, mas demorou a (não) mexer, não ajudou os seus jogadores, parecia que os estava a ver no matadouro, à espera do inevitável. Sentia-se que era uma questão de tempo até o Porto fazer o golo. Mas a verdade é que o golo surgiu da forma mais perversa e imprevisível, algo que o (bom) jogo não merecia: um golo em fora de jogo. Livre de James (golo e assistência... ok ok) e cabeceamento de Maicon, o jogador que já pisca o olho à selecção e tudo. 2-3, mais uma vitória no campo da águia.
O Benfica de Jorge Jesus conseguiu perder oito (!) pontos em 12 dias, oito pontos em nove possíveis. Como afirmei num texto anterior, JJ começou a perder o campeonato em Guimarães, onde, à imagem do que fez na 6ª feira ao colocar Rodrigo por Aimar, perdeu por deslumbramento, por sobranceria, por se achar no topo do mundo. Habitualmente critico Vítor Pereira, mas o treinador natural de Espinho virou o campeonato do avesso, com mais ou menos dedo, é ele o líder do barco que está com o vento a favor. Outra coisa que pode ser favorável a VP é a possibilidade do Benfica seguir em frente na Champions, esta terça feira contra o Zenit. Jorge Jesus é cego pela Liga dos Campeões e tudo fará pelo sonho. Os jogadores serão também embalados nesta ficção, uma espécie de missão impossível que se transforma assim que os jogadores ouvem o hino mágico, e isso poderá levá-los a facilitarem nos jogos do campeonato.
Falta mencionar algo muito importante: o crescimento do SC Braga. Já tem os mesmos pontos do Benfica, está a três da liderança e somou a 10ª vitória consecutiva na liga. Candidato ou não, é provável que o Braga (tal como o Sporting e o Marítimo) ajude(m) a decidir o campeonato, visto que ainda vai à Luz e recebe o Porto.  Não me vou alongar relativamente a este tema porque brevemente vou escrever um texto sobre o Braga e o seu treinador, Leonardo Jardim.


Perguntas que ficam por responder:


O lugar de Jorge Jesus está em perigo?
Gaitán vai continuar a jogar?
Vítor Pereira está melhor sentado na cadeira de sonho?
VP fez as pazes com os adeptos?
James Rodriguez será titular a partir de agora?
O Braga vai discutir o campeonato até ao fim?

quinta-feira, 1 de março de 2012

Luz, Clássico, Acção!

Em vésperas de Clássico decidi voltar a estas lides, injustamente deixadas ao abandono. As coisas mudaram bastante no futebol português nos últimos tempos. Os três treinadores estão em fases diferentes de maturação mas sempre, sempre, em teste. O Sporting tem um novo treinador, um antigo jogador que quase rasgava a camisola para beijar o símbolo. Uma referência. O início tem sido positivo mas quase que fico tentado a perguntar se ele é angolano ou tem família angolana… é que a imprensa está muito amiga dele. É normal, tempos de crise, há que envolver os clubes e vender jornais. Sá Pinto tem elogiado a atitude dos seus jogadores, o bom futebol virá depois, garante. Quatro jogos, três vitórias (por 1-0) e um empate. Cinco (!) pontos (conquistados ao líder Benfica) e uma passagem aos oitavos da Liga Europa onde vai encontrar o poderoso Manchester City que eliminou o Porto. É, de facto, um começo auspicioso. Se Sá Pinto poderá ser o Guardiola do Sporting, como disse o treinador do Legia, é algo que duvido, mas lá tempo para convencer tem ele, o contrato é até ao verão de 2013. No Benfica o cenário é outro. No cargo pelo terceiro ano, Jorge Jesus é um treinador intrigante. Estava a fazer uma época imaculada, com qualidade no futebol, muitos pontos angariados, uma passagem aos oitavos da Champions, até que … tentou perder um jogo em Guimarães, e conseguiu! Tem mérito, tentou perder e conseguiu. Normalmente quando JJ inventa a coisa não corre bem, e este foi mais um capitulo do livro “As incríveis histórias de JJ”. Em Guimarães, em vésperas do Clássico com o Porto, Jorge Jesus foi, possivelmente, enganado, alguém lhe deve ter dito que estava em Carcavelos e ia jogar contra a equipa local. Num jogo em que não pode contar com Javi Garcia decidiu colocar Witsel no banco. Matic na zona 6, aquele jogador rapidíssimo e “cego” pela bola como o trinco espanhol. Hm Hm. Depois, quatro avançados mais Aimar. Na verdade, acho que só Jesus achava que podia vencer aquele jogo. Mais uma vez, a inconsciência ou sobranceria de quem pensa que consegue ganhar como quer em qualquer campo deixou-o mais frágil que nunca nesta época. Acumulado ao empate em Coimbra, foram cinco pontos perdidos em seis possíveis. Olá Porto, faça favor, é por aqui a liderança. No Porto, o treinador é o mais unânime entre os adeptos dos três grandes. Um líder natural, inspirador. Desde que chegou conseguiu colocar a equipa a jogar um futebol mais fluído, mais à Porto. O único handicap deste treinador, é nunca sentar-se no banco visto que tem de jogar… falo obviamente de Lucho Gonzalez. O homem que veio salvar Vítor Pereira.  Lucho tem uma essência rara do futebol, uma mistura de classe e liderança. Janko também veio mostrar aos avançados como se fazem golos, pode ser um caso sério, aguardemos. Há ainda uma coisa que me causa o maior desgosto e sentimento speechless que pode haver: por que razão VP não gosta de James Rodriguez? Não entendo. Quase que imagino os Deuses no Olimpo a discutir: “Que podemos fazer? Ele é teimoso pá… Manda-lhe uma tempestade e escreve no chão o nome James!! Não, não, não pode ser assim. E ele ainda vai pensar que é o Bond, James Bond…”. Até que Zeus decidiu: “Bem, já sei meus amigos Deuses… aliás já tratei disso. Lesionei o Varela”. Et voilà, veremos se James jogará no Clássico, algo muito improvável porque jogou 80 minutos no jogo da Colômbia e só chega a Portugal na sexta-feira. Outra grande incógnita é saber a natureza das mazelas que os jogos das Selecções deixaram nos jogadores. 
Quem terá mais a perder no Clássico? Benfica. É simples, o Benfica vem de cinco pontos perdidos em seis possíveis. Coisa para abanar e muito a confiança encarnada. Se o Benfica ganhar, é normal, venceu no seu estádio e o Porto mantém-se apenas a três pontos. O empate prolonga a amargura das águias e deixa o rival directo a saciar por mais pontos e prontinho para fugir. A vitória do Porto, algo que não surpreenderia ninguém, podia lançar os da invicta para uma grande recta final, iluminados e encaminhados pelo seu líder e treinador: Lucho Gonzalez

Os onzes mais fortes para o Clássico:

SL Benfica: Artur, Maxi, Luisão, Garay, Capdevilla, Javi, Witsel, Aimar, Gaitan, Nolito, Rodrigo.

FC Porto: Helton, Sapunaru, Rolando, Otamendi, Álvaro, Fernando, Moutinho, Lucho, James, Hulk, Janko