Guardiola no Bayern Munique: o caminho para a eternidade

"Escolhe sempre o caminho mais fácil", a primeira grande frase que ouvi quando foi oficial que Guardiola será o próximo treinador do Bayern Munique.



Coitado, pelos vistos tem culpa de ter nascido na Catalunha, de ter sonhado jogar no Barcelona, de ter ido para as camadas jovens do clube, de ter chegado à equipa sénior, de ter sido capitão... de, aos 25 anos, já saber que queria ser treinador, de ter sido escolhido para treinar o Barcelona B, onde subiu de divisão e a malta gosta de omitir, e, mais tarde, chegar à primeira equipa. Um bandido.

Agora vai treinar o Bayern de Munique. A Bundesliga está cada vez melhor. Sempre desejei ver Mourinho no Bayern, é um clube que me impressiona e, caso eu fosse treinador, sonhava treiná-lo. Esta paixão vem dos tempos de Effenberg, Scholl, Basler e Kahn. Tenho pena do provável abandono do treinador do Dortmund, Jurgen Klopp, no fim da época, talvez para o Real Madrid, arrisco. Seria um belo duelo.

Ver Guardiola no Manchester City seria uma grande desilusão. Um clube que me diz muito pouco... tal como os clubes com milionários que se lembram de jogar Football Manager na realidade. Guardiola não sabe desiludir-me. Sim, para quem ainda não tinha reparado, sou cego por este treinador.

Quatro anos e 14 troféus depois, a Bundesliga. Guardiola mudou o futebol quando esteve no Barça. Lamento, um treinador que consegue jogar tanto em 3.4.3, como 4.3.3, e ainda 3.7.0, é um génio. Quem consegue ter mais de 70% de posse de bola em praticamente todos os jogos é especial. Este senhor, outrora capitão, foi assobiado e viu lenços brancos no segundo jogo pelo Barcelona. Que grande lição. Hoje é um deus na Catalunha. Ele mudou o futebol ou, se quiserem, voltou a dar asas ao "Futebol Total", de Rinus Michels e Johan Cruyff, mas em pleno século XXI.

 "Ahh, só no Barcelona". Sim, é improvável que o volte a fazer. Mas já viram a equipa do Bayern? Javi Martinez será o Busquets lá do sitio, depois tem jogadores como Schweisteiger, Kroos, Robben, Ribery e Luiz Gustavo. E, naturalmente, deve contratar um ou outro jogador com o ADN que tanto gosta. Não é, por isso, uma missão impossível mandar na maioria dos jogos, ao nível da posse de bola. A outra grande questão é saber como se vai adaptar (facilmente, suspeito) a jogar com um avançado-referência como é Mario Gómez. Digo isto porque no Barcelona o ataque vivia de movimentos de ruptura, de diagonais constantes nas costas da defesa e de triangulações que só se vêem no pro evolution.



Gostava que os adeptos de futebol percebessem que podem admirar dois atletas diferentes ou dois treinadores diferentes. Talvez aconteça devido à imprensa, admito, para apimentar os duelos. Mas quem gosta de Mourinho, não tem de odiar o Guardiola. Quem gosta de Ronaldo, não tem de odiar o Messi.

Pep Guardiola, de 41 anos, assinou por três anos pelo Bayern Munique. Previsão? Sim, três campeonatos. Uma ou outra taça. Terá de vencer uma Champions se quiser o respeito europeu. Mas, e com toda a certeza que será rei na Alemanha, Guardiola ganhou três anos fora de Inglaterra... para a seguir suceder a Sir Alex Ferguson. O Manchester United está no horizonte mas até lá tem três anos para fazer história no segundo melhor campeonato europeu. E assim se esboça o caminho para a eternidade...

Messi de Ouro. FIFA de lata?

Há uma diferença entre ser o melhor do mundo e ser o melhor do ano. Para mim, isto está muito claro na minha cabeça.

Se não existisse Maradona... diria com alguma naturalidade que Messi é o melhor da História. Precipitado? Quem sabe, mas não me parece. O argumento mais gasto do mundo está mesmo gasto e é inútil: "o Messi só joga assim porque tem Iniesta, Xavi, etc... gostava de o ver fora do Barça". É válido mas está gasto. Há que analisar o que existe. O adepto comum é muitas vezes hipócrita. Quando se fala em Maldini, Totti e Gerrard dizem "isso sim são jogadores, jogam a carreira toda no seu clube". Para Messi isso já não vale...

Sou português. "Um orgulhoso português", como disse Mourinho quando foi eleito o melhor do mundo. Mas gosto de distanciar-me. Costumo dizer aos meus amigos mais fervorosos do CR - e atenção! sou um grande admirador de Ronaldo - que se ele fosse nigeriano ou russo não seriam assim tão fanáticos e fiéis. Mas também digo com clareza: parece-me que ontem foi cometida uma grande injustiça.

Vejamos: antes, marcar muitos golos não chegava, "o colectivo" e o que se ganha (troféus) também conta. OK. Ronaldo marcou muitos golos, levou uma equipa às costas (o habitual) e apenas ganhou a Taça de Espanha. Messi, na última época, ganhou apenas a Taça de Espanha mas marcou muitos golos, com a agravante de ser um ET e bater o recorde de Gerd Müller. Para CR não era suficiente, para Messi já é. É complicado entender.

Iniesta foi o outro finalista. Porquê? Sim, joga que se farta, é surreal o toque de bola, mas fica claro que estava lá "apenas" porque venceu o Euro 2012. Neste caso voltam a contar os troféus. Já agora, Falcao anda a fazer história no Atlético, transformou um clube banal (história recente) num enorme clube, num clube da moda, como fez Fernando Torres em tempos... Por que razão não foi finalista? Falcao marcou muitos golos, levou o Atlético às costas na conquista da Liga Europa e, já esta época, destruiu completamente o Chelsea na Supertaça Europeia, com um hat-trick. Dezenas de golos e dois troféus europeus. Não chegou neste caso. Nem sequer ganhou o melhor golo do ano... como é possível? Quem já deu uns pontapés na bola, bem ou mal, já marcou um charuto daqueles como o do Stoch (que grande golo...), mas e aquele do Falcao? (vejam) Enfim...

Para mim, esta Bola de Ouro é cada vez mais irrelevante. Fica claro que a popularidade e a simpatia têm um enorme peso nesta votação. Cristiano Ronaldo diz o que pensa, gosta de deixar a sua marca, acredito que até seja bem aconselhado mas ele optou por ser ele próprio. É justo. Mas prejudica-o... Messi, que me encanta (com sotaque castelhano se quiserem!), aparece sempre como um senhor nesta história, que passa entre os pingos da chuva. Nunca o viram cuspir num adversário? E quando chutou aquela bola no Bernabéu contra os adeptos do Real? Messi também perde a cabeça de vez em quando - quem raramente perde um jogo, perde o controlo poucas vezes -... mas tem uma grande imprensa, está num grande clube, onde ninguém o questiona, todos se curvam... CR, tal como Mourinho, têm um problema em Madrid: são portugueses (vejam, reconhecido por um jornalista espanhol). Ronaldo e o seu staff mostraram estar certos quando promoveram algumas campanhas de charme, como a entrevista de Pedro Pinto para a CNN, a mostrar o lado mais humano e pessoal do jogador, do pai, do amigo, do filho... ele próprio mudou o discurso nos últimos meses. Mas não chegou... Recordo: na última época, o Real Madrid destronou "a melhor equipa do mundo" (sim, para mim também... da História até), com um recorde de 100 pontos e 121 golos. CR foi o motor dessa equipa... mas não chegou. Bravo FIFA.

Daqui a 20 anos, Ronaldo e Messi vão admitir que se "alimentavam" um do outro. Acredito que, tal como no passado recente foi, é esta rivalidade que os transporta para um nível superior. Prémios à parte, apreciemos.

PS: o Ruud Gullit nasceu para aquilo!
PS2: um "onze" só com jogadores da Liga Espanhola? "Escasito..."

Está na hora, Godinho?

(O blog está de volta. Espero...)
Godinho Lopes é aquele condutor que está preso na lama e acelera, acelera ("ai acelera, acelera!" diria Ulrich), enterrando-se ainda mais. O Sporting é o carro.
Que espera Godinho Lopes para se demitir? Como tem coragem para se agarrar ao lugar desta forma?
O projecto começou com Luís Duque e Carlos Freitas. Aliados que, arrisco dizer, foram a única razão para GL vencer as eleições, isso e os rumores da contratação do treinador da moda: Domingos Paciência. As coisas não correram como era esperado e Domingos "saltou"...
Entrou o grande sportinguista (não será portista? bom...) Sá Pinto. Ninguém duvidada que o ex-7 ia conseguir arrancar do chão aquela equipa descrente. Ninguém sonhava que conseguisse eliminar o Manchester City e atingir as meias-finais da Liga Europa. E foi assim que ganhou a legitimidade para treinar na época seguinte. "O Guardiola de Alvalade" pensaram alguns...
Mais uma vez, e aqui muito mais grave, ao nível técnico-táctico (como gosta de dizer Jorge Jesus) e da condição física a equipa deixava muito a desejar, parecia não ter treinador... mais uma vez, Godinho Lopes agiu: despediu o ex-capitão. Afinal não era o "Guardiola de Alvalde". Bom, aqui já eram dois treinadores a receber sem treinar. Excelente acto de gestão.
Entrou, então, outro símbolo do clube: Oceano. Oceano não conquistou qualquer vitória e percebeu-se que não ia durar muito, que não ia ser a opção para controlar os estragos e ao mesmo tempo ser um plano de recurso barato.
Mais ou menos nesta altura, GL decide livrar-se de Duque e Freitas. Como se fossem eles o cancro do clube... Faz lembrar aquela história do nevoeiro no Canal da Mancha, ao qual os ingleses reagiram com um "hoje, a Europa está isolada".
Depois chegou Vercauteren. Quem? Vercauteren. Ok, três campeonatos ganhos na Bélgica e foi seleccionador belga em 2009... E depois?! Quem é que sugeriu este nome a GL? Pagava para saber... Em 2011/2012 estava no Al-Jazira. Não há explicação.
Umas semanas depois, GL decide contratar Jesualdo Ferreira como Manager. Como quê? Manager! Não sei o que é... mas acho que vai substituir Vercauteren. Fazendo as contas são quatro (!) treinadores a receber. Vá, três, que o Domingos já está no Corunha a fazer estragos. A contratação de Jesualdo é mais um espasmo de GL. A mim parece-me boa opção se no futuro assumir a equipa. Como se lembrou GL de Jesualdo? Eu gosto de fazer o filme: GL estava no seu cadeirão em casa a fumar o seu charuto e com o seu JB na maior e estava a ver na RTPi um programa de futebol, onde está Jesualdo. Hélder Conduto questiona o treinador se recebeu algum convite do Sporting, Jesualdo nega. O jornalista insiste e pergunta o que pensa o treinador da ideia, Jesualdo diz que seria uma honra... E é aqui que imagino o GL a dar uma cacetada daquelas na testa "É ISTO!".
Vercauteren durará até final da época? É a pergunta que fica.
Godinho Lopes perdeu há muito a sua legitimidade para liderar os "leões". Perdeu-a no momento em que se livrou dos três homens com quem começou o seu ambicioso projecto, aquele que fez sonhar tantos sportinguistas.
O Sporting não deveria ser um clube de caprichos e democracias esquisitas. Não há dinheiro? No Paços também não e está em quarto lugar. O Sporting está em 12.º lugar, com 11 golos marcados (Cardozo 13, Jackson 11, Meyong 10) e 16 sofridos. Só o Marítimo tem um ataque pior, com dez golos.
O Estádio de Alvalade pediu a demissão. Está na hora.