domingo, 4 de março de 2012

Volta ao mundo em... 12 dias

Em 2004 dizia-se que a Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) ia ter lugar no dia 8 do mês 8, às 8.08h. Curioso, o número oito é o número da sorte dos chineses. Quase que arrisco duas coisas: o Futre não sabia desta; o Jorge Jesus não tem sangue chinês.
Oito pontos. Oito pontos foi o que o SL Benfica perdeu nas últimas três jornadas para o FC Porto. Bom, vamos lá ao Clássico.
Poucas surpresas nas escolhas dos treinadores. Benfica com o 4.3.3 conservador, aquele que costuma oferecer os melhores resultados, optando por sentar Rodrigo. Vítor Pereira escolheu Djalma para substituir Varela e manteve Maicon na lateral direita.
Como era de esperar, os dragões entraram mais forte, o tal estofo que costumam ter a mais que todos os demais. Uma bomba de Hulk aos 7´ desbloqueou o resultado. Ainda hoje tentam convencer-me que o Artur não foi mal batido e que o remate foi digno de um super Sanchez ou a versão avançada de um Isaías. O local do remate e a alegada (aos meus olhos) lenta reacção de Artur leva-me a crer que podia ter sido feito mais. Mais Porto, mais estofo. O costume. O golo ajudou a equipa a assentar o jogo e a dominar. Muito pouco Lucho e um bom Fernando, e um sempre dinâmico e jogadorzaço Moutinho. No Benfica, o problema era Aimar estar demasiado longe da bola, voltou a posicionar-se muito perto de Cardozo, e fica claro que em grandes jogos Witsel não assume a bola e torna-se num jogador mais físico, mais recuperador. Estando Aimar longe do jogo, o Porto fazia subir Lucho e Moutinho para bloquear as saídas de bola de Witsel e Javi e estava meio caminho andado para dominar o jogo. O jogo do Benfica tem vários problemas: Emerson é o mais grave. Uma nulidade, defende mal, tem medo de ter a bola no pé, "não tem sangre" (como diria um bom amigo...), é um bom aliado dos médios direitos. A culpa não é dele, é de quem o contratou, é de quem o coloca a jogar. Mas, admito, esperava-se mais de um jogador que foi campeão pelo Lille no ano passado. Depois, Gaitán. Uma sombra do que já foi, provavelmente com a cabeça noutro local, possivelmente já assinou contrato com um dos colossos de Manchester. Não merece jogar. Finalmente, o tal problema de Aimar estar demasiado longe do jogo e a fluidez da saída de bola não surgir. No Porto, Djalma é o elo mais fraco. É verdade que não fez um mau jogo, mas não tem qualidade para jogar neste FCP. O outro problema, é James não ser titular. Ok, não vou fazer outra declaração de amor pelo futebol do mágico colombiano. No entanto, acho que depois do jogo na Luz, Vítor Pereira está convencido, James será titular. Palpite. A partir dos 20´ o Benfica equilibrou o jogo e a bola chegou mais vezes a Aimar. Mais tarde, duas ocasiões claras de golo falhadas por Cardozo e Aimar, um livre de João Moutinho e um lance isolado de Janko aqueceram ainda mais o Clássico. Aos 41´ chegou o golo de Cardozo, num lance algo fortuito mas que devolveu a justiça ao marcador. Depois do intervalo, o paraguaio fez o segundo golo após um livre marcado por Aimar, num lance que não parece falta. Os problemas vieram cinco minutos depois. Aimar lesionou-se e Jorge Jesus tinha de decidir o que fazer: reforçar o meio campo ou olhar para a frente e tentar algo mais? Já todos conhecemos Jorge Jesus, o treinador mais deslumbrado que por ai anda. Como escreveu um Blogger amigo: "a vencer o jogo mais importante da época, Jesus decidiu arriscar mais e jogar com dois avançados". - já agora convido-vos a visitar o blog http://futebola3.blogspot.com/, tem qualidade e motiva discussão/reflexão. E assim foi, Jorge Jesus optou por colocar Rodrigo por Aimar no grande jogo da época. Ou seja, Javi e Witsel contra Fernando, Moutinho e Lucho. Parece-me que o treinador encarnado quis fazer um brilharete e ir para cima da baliza de Helton. Guloso? "Peut-être". Algo me dizia que não foi a opção acertada, mas a verdade é que o Benfica estava melhor. Seis minutos depois entra em cena o homem improvável: Vítor Pereira. O treinador que tanto critico e teimo em não reconhecer capacidades para liderar este Porto, encheu-se de uma qualquer substância que corre nas veias dos grandes treinadores e fez mudanças "de treinador" enviando uma mensagem para dentro do campo: "queremos virar". VP decide tirar Rolando, colocar Maicon a central e transformar Djalma num falso lateral direito. O momento do jogo estava guardado para o minuto 63´. Um contra-ataque do Benfica, 4 jogadores para 1, Witsel conduzia a bola e perdeu para Maicon, com falta ou não, não me pareceu quando vi e revi o lance, depois a bola sobra para o talentoso e cheio de vontade Gaitán, este perde a bola e nem sequer lhe ocorre fazer uma falta para não expor a equipa a um contra-ataque venenoso. Depois foi ver James a percorrer largos metros sem oposição, algo que me causa alguma estranheza, uma equipa que está a vencer um Clássico que decide a liderança do campeonato estar tão exposta e vulnerável no centro do terreno. Depois de um 1-2 com Fernando, James fez o 2-2. Aos 77´ Emerson é expulso, depois de abordar de uma forma pobre, muito pobre, e infantil um lance com Hulk. Alguns minutos depois, VP volta a mexer: Kleber por Moutinho. O treinador dos dragões sabia que estava ali a oportunidade de roubar a liderança e conquistar os adeptos. O Benfica só tentava resistir, com quase todos os jogadores atrás da linha da bola, com um Nolito destruído fisicamente e um Oscar Cardozo incapaz. Mais uma vez, Jorge Jesus perdeu a oportunidade de emprestar alguma coisa de novo à equipa. É verdade que fez duas substituições forçadas, depois das lesões de Garay e Aimar, mas demorou a (não) mexer, não ajudou os seus jogadores, parecia que os estava a ver no matadouro, à espera do inevitável. Sentia-se que era uma questão de tempo até o Porto fazer o golo. Mas a verdade é que o golo surgiu da forma mais perversa e imprevisível, algo que o (bom) jogo não merecia: um golo em fora de jogo. Livre de James (golo e assistência... ok ok) e cabeceamento de Maicon, o jogador que já pisca o olho à selecção e tudo. 2-3, mais uma vitória no campo da águia.
O Benfica de Jorge Jesus conseguiu perder oito (!) pontos em 12 dias, oito pontos em nove possíveis. Como afirmei num texto anterior, JJ começou a perder o campeonato em Guimarães, onde, à imagem do que fez na 6ª feira ao colocar Rodrigo por Aimar, perdeu por deslumbramento, por sobranceria, por se achar no topo do mundo. Habitualmente critico Vítor Pereira, mas o treinador natural de Espinho virou o campeonato do avesso, com mais ou menos dedo, é ele o líder do barco que está com o vento a favor. Outra coisa que pode ser favorável a VP é a possibilidade do Benfica seguir em frente na Champions, esta terça feira contra o Zenit. Jorge Jesus é cego pela Liga dos Campeões e tudo fará pelo sonho. Os jogadores serão também embalados nesta ficção, uma espécie de missão impossível que se transforma assim que os jogadores ouvem o hino mágico, e isso poderá levá-los a facilitarem nos jogos do campeonato.
Falta mencionar algo muito importante: o crescimento do SC Braga. Já tem os mesmos pontos do Benfica, está a três da liderança e somou a 10ª vitória consecutiva na liga. Candidato ou não, é provável que o Braga (tal como o Sporting e o Marítimo) ajude(m) a decidir o campeonato, visto que ainda vai à Luz e recebe o Porto.  Não me vou alongar relativamente a este tema porque brevemente vou escrever um texto sobre o Braga e o seu treinador, Leonardo Jardim.


Perguntas que ficam por responder:


O lugar de Jorge Jesus está em perigo?
Gaitán vai continuar a jogar?
Vítor Pereira está melhor sentado na cadeira de sonho?
VP fez as pazes com os adeptos?
James Rodriguez será titular a partir de agora?
O Braga vai discutir o campeonato até ao fim?

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