segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Troika soma e segue

O campeonato português está a ganhar interesse, à sétima jornada a distância entre o primeiro lugar e o quinto é apenas de três pontos. Os líderes perderam apenas quatro pontos portanto podemos dizer que o campeonato não está nivelado por baixo. Os três grandes venceram, Braga perdeu em Leiria (1-0) na estreia de Manuel Cajuda e o surpreendente Marítimo empatou no terreno do Feirense (2-2).

SL Benfica e FC Porto são líderes com 17 pontos em 21 possíveis. O jogo dos encarnados foi uma prova da sua força, pela posse de bola, qualidade e resultado expressivo, mas também mostrou as deficiências e fraquezas do costume. A equipa de Jorge Jesus começou bem, e ao contrário do que é costume até estava a dominar o jogo. Ao intervalo vencia por 2-0 com golos de um jogador que tem sido infeliz esta época, Javier Saviola. Logo após o intervalo Luisão faz penalti e o Paços de Ferreira reduz. O clube da Luz tinha o jogo na mão e esperava-se uma resposta forte mas, e aqui vem a grande fraqueza, quase sofreu o empate no minuto seguinte, não fosse o (Rei) Artur fazer uma defesa daquelas que nos tem vindo a habituar. Depois, lá surgiram os golos de Luisão e Nolito. O espanhol é o Pichichi da prova com cinco golos (igual a Cardozo e Baba) e necessita apenas de 99 minutos para marcar um golo. O destaque vai para a qualidade da posse de bola e o colectivo, a dinâmica. A nota negativa vai para Matic, tem qualidade mas é lento a pensar, demora demasiado tempo a soltar a bola; o outro ponto negativo, preocupante, é a capacidade do SLB perder a concentração e dar tiros nos pés, colocando em risco o caminho para os três pontos. Considero oportuno comparar o estado da equipa à sétima jornada relativamente ao ano passado: por esta altura tinha 10 golos marcados, 6 sofridos e 10 pontos. Este ano tem 19 golos marcados, 8 sofridos e 17 pontos. As Águias estão mais fortes, têm mais 7 pontos e a veia goleadora do ano do título parece estar de volta, mas é curioso concluir que Roberto sofreu menos golos que o "Super-Artur" ... lembrando que Artur já fez tantas defesas de qualidade, está fácil de entender que algo se passa com esta defesa e o processo defensivo.

O FC Porto venceu por 3-0 em Coimbra no reencontro dos ex-adjuntos de Villas-Boas. O futuro ex-treinador do FCP, Vítor Pereira, e o ex-futuro treinador do FCP, Pedro Emanuel, mediram forças e a vitória sorriu ao proprietário da trespassada "Cadeira de Sonho". O resultado foi expressivo mas a meu ver enganador. Sim, o FCP foi melhor. No entanto, tenho a sensação que venceu o jogo simplesmente porque tem jogadores melhores, o colectivo continua a deixar-me reticente. Naturalmente viu-se jogadas de qualidade a espaços mas a intensidade, a dinâmica e a qualidade continuam tímidas e leva-me a acreditar na possibilidade de Vítor Pereira não ter os jogadores na mão. Pode ter qualidade, pode saber muito de táctica, pode ter várias virtudes mas ser líder não é para todos. A comunicação é essencial para um líder carismático e que se faça seguir. O que VP disse depois do jogo no Dragão contra o SL Benfica levou-me a crer uma coisa: não é treinador para o FC Porto. Alguém que tem o jogo na mão, que até está fácil, mexe na equipa como entende (bem ou mal), a equipa abranda, perde gás e ambição, que perde a batalha física, justifica o empate com um suposto cartão vermelho que ficou por mostrar a Cardozo ... não é discurso para um treinador do FCP, não tem a dimensão do clube. Analisando seriamente, a crise do FCP traduz-se numa liderança e na discussão da passagem na Champions. Tomara todos viverem esta crise não? Não critico o trajecto, critico a comunicação e algumas opções (como aquela contra o Zenit de colocar Fernando, até então um dos melhores, a defesa direito quando tinha Maicon no banco. Lembro que Otamendi jogou a defesa direito no Mundial ... VP foi cientista e deu-se mal). Registo ainda a forma como se festejaram os golos no banco dos Dragões: tensão, alívio.
No jogo de ontem gostei de ver o que a Académica tentou produzir, como ligava o jogo no momento que ganhava a posse de bola. Vejo muito trabalho de Pedro Emanuel, muita qualidade. Vou andar mais atento a esta Académica. Não tenho a certeza disto mas pareceu-me ver uma movimentação defensiva para convidar o FCP a sair a jogar pela direita onde estão os jogadores mais frágeis com bola: Rolando e Fucile. O jogo foi desbloqueado pelo jogador que marca sempre que é titular: Walter "Bigorna". Como é possível não estar inscrito na Liga dos Campeões? A Lei de Murphy não perdoa e Kléber lesionou-se na Rússia. Walter tem tudo para convencer os adeptos portistas: marca sempre que é titular, o ano passado em 25 presenças fez 10 golos, e a nível posicional parece-me ganhar a Kléber pela sua forma mais posicional de jogar. Kléber ainda é um corpo estranho na equipa, poderá dar certo, mas sai muito do lugar e perde-se. Walter tem um estilo diferente, mais fixo, mais na zona 9, confiante da qualidade que gira à volta dele (Hulk, James, Moutinho, Alvaro...), poderá ser um caso sério de golos. Destaque vai para James Rodriguez, classe classe classe, golo e assistência.

O Sporting CP venceu em Guimarães e está a três pontos dos líderes. O golo foi marcado por Capel aos sete minutos, o hábito de marcar cedo mantém-se. O golo do espanhol resultou de uma perda de bola inqualificável de Leandro Freire, lançado pela faixa esquerda por Schaars, rematou com força e qualidade para a baliza de Nílson. O guarda-redes brasileiro (ou burquinense?) não me convence e, ainda que reconheça qualidade ao remate de Diego Capel, noto que já está quase no chão aquando do remate. Mais um jogo com dez jogadores durante 68 minutos, sem referir descontos. A expulsão de Rinaudo, aos 22´, parece-me (e depois de ouvir algumas opiniões...) algo exagerada. Tiro o chapéu a Domingos Paciência por referir o que me ocorreu depois do jogo: "que critérios são estes? a entrada do Evaldo é mais vermelho do que a entrada do Rinaudo". Ocorreu-me também outra coisa: "e se fosse Binya ... haveriam tantas vozes escandalizadas com o vermelho?". Aceitem o desafio e imaginem.
O nome Guerreiros qualquer dia foge de Braga e acampa-se por Alvalade. É verdade que este Guimarães desilude e muito. Pouca qualidade e pouca agressividade à Guimarães. Aquela que se mistura com orgulho e ambição. A única agressividade que mostraram traduziu-se em 23 faltas e seis cartões amarelos, com alguns por mostrar. Os Leões merecem a fase por que estão a passar, há qualidade técnico-táctica mas estes dois últimos jogos, com Lazio e Guimarães, mostraram outra coisa: o Sporting CP sabe sofrer, é equipa. Uma equipa grande normalmente ganha quando joga bem, mas importante é ganhar quando não joga bem ou, como neste caso, não tem a possibilidade de jogar bem. O Sporting CP é candidato ao título, afinal foi a tempo, ao contrário do que referi há umas semanas. Bravo Domingos Paciência. Ontem, Cláudia Lopes no programa "Jornada" perguntou assim a João Vieira Pinto: "As substituições de Domingos foram sempre de carácter defensivo, com as entradas de André Santos, Evaldo e Carriço ... não terá sido cedo demais? Não terá arriscado o empate?" - Aqui se vê como o futebol é. Se por acaso o impotente Guimarães empata, a comunicação social e os (eufóricos) adeptos leoninos provavelmente iam questionar as decisões de Domingos. As coisas correram bem e o treinador, com a ajuda do suor dos seus jogadores, garantiu a conquista do castelo de Guimarães - leia-se três pontos - e assim todo o mundo conclui ... as opções foram as correctas. Este Sporting tem carácter, está unido. Este Sporting sente o orgulho e o prazer nas vitórias.

O campeonato promete ...
Agora temos duas semanas de paragem. A Selecção decide a presença no Euro 2012 frente à Islândia e Dinamarca e depois há jogo para a Taça de Portugal.

Taça de Portugal

Famalicão x Sporting CP
Pêro Pinheiro x FC Porto
Portimonense x SL Benfica

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

FC Porto 2-2 SL Benfica - Clássico relança campeonato

O empate no Dragão e as vitórias do SC Braga, Sporting CP e Marítimo devolveram o calor que se quer na liga portuguesa. FC Porto, SC Braga SL Benfica com 14 pontos, Marítimo com 13 pontos e Sporting CP soma 11 pontos. O interesse voltou e a próxima jornada promete agitar a tabela classificativa.
Vítor Pereira, como eu suspeitei, não olhou ao adversário e a demasiadas preocupações e apostou em Varela. No entanto, tenho de admitir que este Varela está anos-luz do Varela do ano passado. O FC Porto entrou como se previa, forte, melhor, com mais bola e a criar jogadas de algum perigo. O meio campo era fortíssimo com o perdoado Fernando, Guarín e João Moutinho. Este meio campo levou a melhor na primeira parte, superiorizou-se a Witsel e Javi com facilidade, visto que muitas vezes Aimar fazia a pressão alta com Cardozo nos centrais, portanto sobrava um e era por ai que os Dragões conseguiam sempre a solução de passe e ligar o jogo com o ataque. A estratégia do SL Benfica era a previsível: contenção, à espera do erro do adversário e a tentar saídas rápidas. Jorge Jesus apostou em Nolito, algo que considero um erro. Ainda que tenha estado ligado ao golo de Cardozo, considero que Nolito é mais influente num jogo que os Encarnados estão por cima ou estão a criar um grande volume de jogadas ofensivas. Como sempre digo e correndo o risco de ser repetitivo, Nolito é frágil fisicamente e num jogo onde o adversário tem a iniciativa de jogo e é exigido mais trabalho defensivo as fragilidades de Nolito vêm ao de cima, perdendo a frescura e o esclarecimento no momento da decisão. Considero que Bruno César teria sido a melhor opção.
Na primeira parte o FC Porto vencia com um belo golo de Kléber, no entanto, acho que continua fora da dinâmica da equipa, um corpo estranho muitas vezes mas vejo qualidades para dar certo. Fucile, teve um jogo para esquecer, sem qualidade com bola, algo displicente e entrou em algumas simulações. No lance de  Cardozo e Fucile, admito que vi uma reacção do paraguaio mas não me parece para vermelho. Muito menos me parece razão para o FC Porto desculpar a sua incompetência e falta de ambição com um lance muito duvidoso.
Na segunda parte os encarnados teriam de entrar obrigatoriamente com outra atitude e tiveram a felicidade de empatar o jogo logo a seguir ao intervalo por Cardozo a passe Nolito. No entanto, o tal murro na mesa não se concretizou pois o FC Porto marcou logo a seguir por Otamendi num canto estudado, curto para desmontar a defesa à zona do Benfica mas considero que foi muito passiva a defesa encarnada. Depois, aconteceu algo que ninguém esperava. FC Porto sem gás, FC Porto sem vontade de ganhar ao Benfica? Inédito. Vítor Pereira contribuiu, retirou Guarín de campo quando estava a ser o melhor na pressão alta e a dar a ideia que a equipa estava bem fisicamente. Contudo, entendi a ideia de VP, queria fazer o que o FC Porto fez na Luz o ano passado, "dar um chocolate" de posse de bola e mostrar como se controla um jogo, mostrar como se congela a posse de bola, e Belluschi é o homem certo para tal.
Jorge Jesus quis também alterar a estratégia e lançou Bruno César e Saviola. Grandes senhores do futebol e comentadores dizem que mudaram o jogo ... a meu ver não é verdade. Saviola a única coisa que fez de jeito foi a super assistência para Gaitán; Bruno César entrou bem, pouco ansioso, a jogar sempre no pé mas não abanou o jogo. VP voltou a mexer e retirou o avançado Kléber e lançou Cristián Rodriguez. A ideia era dar dinâmica ao ataque sem avançado fixo e competência defensiva. Havendo vários jogadores na zona intermediária deveria ser mais fácil fazer a posse de bola e fazer o Benfica correr. Essas mensagens de VP levaram os jogadores a tentar uma posse de bola na defesa, a dez à hora, sem qualidade, sem progressão. O FC Porto perdeu-se. Perdeu-se e mostrou pouca vontade, quem sabe problemas físicos, é verdade que o Benfica cresceu mas não na qualidade de jogo, talvez fisicamente se tenha superiorizado mas sentia-se que talvez só num lance fortuito chegaria lá. Foi mais ou menos assim. Mais do que um lance fortuito, foi a falta de agressividade dos jogadores do FC Porto quando Cardozo tinha a bola (des)controlada, a bola bateu duas vezes e ninguém a roubou ao paraguaio que a fez chegar a Saviola, este fez um passe incrível para Gaitán fazer um belo golo.
E assim foi, 2-2 no Dragão a relançar o campeonato. VP começa a ser questionado mas não me parece justo, questiono sim justificar o resultado com a suposta expulsão de Oscar Cardozo. Teve um grande mérito: montou a equipa de forma a desligar o jogo ofensivo encarnado, anulou Aimar e foi muito superior na primeira parte, a segunda parte é que deixa os adeptos portistas reticentes.
Já Jorge Jesus mostrava-se satisfeito com o resultado e entendo o seu discurso. Quem tinha a perder tudo neste jogo era o FC Porto: se perdesse seria um escândalo; se empatasse era grave pois seriam dois empates seguidos; caso o FC Porto ganhasse seria visto como algo "normal". A estratégia foi semelhante à do jogo com Manchester United e foi por isso que vimos tão pouco de Witsel e Aimar.
Considero que Jorge Jesus saiu vencedor desta ronda, mantém o primeiro lugar, continua sem derrotas e empatou num campo complicado contra uma equipa que foi superior.
Já Vítor Pereira soma dois empates seguidos e agora tem dois jogos fora de casa complicados: Zenit e Académica. Se tropeçar não tenho dúvidas que vão surgir muitos pontos de interrogação no caminho do técnico.
Na próxima jornada o SL Benfica recebe o Paços Ferreira, o Sporting CP desloca-se a Guimarães, o SC Braga vai a Leiria e o Marítimo joga fora com o Feirense.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

FCP x SLB: antevisão

É já esta noite um dos jogos mais aguardados do ano. FC Porto e SL Benfica, os líderes do campeonato, medem forças hoje e esperam deixar para trás o principal rival. A história está do lado do clube da Invicta, mas quatro vitórias seguidas para o campeonato e um jogo interessante contra o Manchester United leva os encarnados a encarar o jogo com mais confiança e, quem sabe, coragem.
Nos últimos sete anos, o SL Benfica venceu duas vezes no Estádio do Dragão. O ano passado para a Taça de Portugal (2-0) e em 2005/2006 para o campeonato com dois golos de Nuno Gomes (2-0).
Há um dado que não posso deixar de referir: o FC Porto não perde há 44 (!) jogos, 573 dias sem conhecer o sabor da derrota. A última derrota aconteceu no dia 28 Fevereiro de 2010, contra o Sporting CP em Alvalade, o resultado foi 3-0.
Na época passada este clássico permitiu o FC Porto fugir e aumentar para 10 pontos a distância entre os rivais. Mais que isso, permitiu mostrar que ambos estavam a anos-luz no que toca à qualidade e dimensão. O 5-0 foi esclarecedor e antecipou o que iria acontecer no campeonato: supremacia fácil e gritante dos dragões.
Este ano tudo pode ser diferente. O FC Porto continua forte mas ainda longe do FCP de AVB, o SL Benfica parece mais forte colectivamente relativamente ao ano passado, com mais soluções, mas essencialmente, com um treinador que tem os pés no chão e que entende que os equilíbrios defensivos são tão importantes quanto o seu ataque das transições rápidas.
Os estilos são diferentes, o FC Porto gosta de dominar, ter a  bola, congelar a bola quando necessário, atacar com mobilidade mas com os espaços bem ocupados, ou seja, é uma transição ofensiva com coberturas, o que permite à equipa um equilíbrio e muito maior eficácia no momento que perde a posse de bola; o SL Benfica gosta de dominar de outra forma, gosta de pressionar forte à frente mas olha pouco a congelar a bola ou controlar/dominar o jogo através da posse de bola (o que acho que seja um dos pecados de JJ), prefere o ataque sem cessar. Quando o ataque está num dia bom, claro que é isso que faz tremer as outras equipas, mas no momento que perde a bola, a equipa por vezes está desequilibrada, algo que Witsel veio ajudar a corrigir. Tendo em conta estes dois tipos de abordagem, diria que o do FCP é o mais indicado e apropriado para um clássico desta dimensão: domínio, posse de bola, coberturas, transições eficazes. Fico tentado a dizer que o FCP vive de outra dinâmica e cultura táctica.
Para esta noite existem algumas dúvidas. Começando pelo FCP, a expulsão (surpreendente) de James Rodriguez frente ao Feirense abre uma vaga. Varela ou Cristián Rodriguez? Há um ano diria Varela sem qualquer problema, este ano e depois de ver o que se passou no Mónaco fico mais reticente. Cristián é mais competente no processo defensivo num jogo que vai ter Maxi Pereira como opositor, porém, é o FCP no Dragão, acho que só vai olhar para si, com a coragem, orgulho e qualidade do costume, aposto em Varela. Até porque Rodriguez ofensivamente nunca mais foi o jogador que jogou no SLB ou do primeiro ano do FCP. A outra dúvida no FCP é o meio campo: Belluschi, Guarín ou Defour? Alguns jornalistas e analistas apostam em Guarín. Estou de acordo visto que o meio campo do SLB é dotado de técnica e força, Javi e Witsel são poderosos fisicamente e sabem sair a jogar. E há ainda Aimar, um grande nº10, acredito que Vítor Pereira terá indicações específicas para defender o argentino, anular Pablito é uma forma de anular o ataque do SLB. Guarín é um tractor, defensivamente forte e possante, aparece bem perto da área do adversário onde gosta de aplicar o seu "pontapé Isaías".
No SLB a dúvida está no meio campo: Rúben Amorim ou Nolito/Bruno César? Coloco as coisas assim porque dependem da abordagem de Jorge Jesus. Quererá um meio campo mais coeso, mais virado para o equilíbrio e, com a entrada de Rúben Amorim, atento às investidas de Álvaro Pereira? Ou vai pensar como o adepto benfiquista e não ter medo? Colocando assim Bruno César ou Nolito. Estou curioso para saber qual é a abordagem, mas caso seja a segunda opção, eu apostaria em Bruno César. Tem dinâmica, é rápido e parece ter dimensão. De Nolito continuo a dizer que é frágil fisicamente, este é um jogo que vai exigir muito dos jogadores e o espanhol é muito mais eficaz num jogo virado para o ataque, agiganta-se nos últimos 30 metros.
Jorge Jesus terá aprendido a lição o ano passado mas o que é certo é que não tem jogadores para virar a equipa ao contrário para pensar em Hulk. Dou favoritismo ao FCP, por ser o FCP no Dragão, até podia ter cinco derrotas até aqui, contra o SLB o orgulho e devoção ao clube tornam-se cegos. Veja-se o que aconteceu no ano do título dos encarnados: o FCP com 10 jogadores venceu o jogo por 3-1. Já o ano passado, o SLB permitiu os dragões serem campeões no seu Estádio. As mentalidades são diferentes.
O FCP tem um grande colectivo mas vive muito do seu craque Hulk. Se o brasileiro tiver naqueles dias mágicos (dia sim dia sim mais ou menos...), o favoritismo sobe para 70%. O SLB respira o colectivo mas tem jogadores como Gaitán e Cardozo que podem fazer um golo ou desequilibrar a qualquer momento.
O ambiente está saudável e espera-se um grande jogo. Os rivais querem fugir e vencer os três pontos, mas um empate seria muito interessante para o campeonato caso SC Braga e Sporting CP vençam os seus jogos.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Liga Europa: chocolate suiço na 1ª parte, el jefe Rinaudo a tempo inteiro

A remontada em Paços de Ferreira devolveu ao Sporting CP a crença e, principalmente, devolveu personalidade. Aliado ao golo marcado cedo, acredito que também tenha ajudado a arrancar para uma bela primeira parte. Um autêntico chocolate suíço. O clube de Alvalade venceu por 2-0 o Zurique em jogo de estreia para a Liga Europa. Domingos Paciência voltou a surpreender: Pereirinha no meio campo, Carrillo na direita. A ideia de Pereirinha no meio campo faz-me associar a Ramires, não comparando a qualidade dos jogadores, mas analisando as funções, parecem desempenhar funções parecidas: jogador do meio campo que pode aparecer na linha ou na frente, que tem velocidade suficiente para dar essa opção na frente mas principalmente na transição defensiva. Parece-me que Domingos se poderá ter inspirado em José Mourinho quando fez o mesmo com Fábio Coentrão. Carrillo entrou descomplexado, tranquilo, disponível para jogar o seu futebol rápido de drible, não descurando o colectivo. Poucas vezes apareceu no centro, normalmente os extremos ficam na zona para fazer a combinação com o lateral, no trabalho defensivo foi um jogador esforçado, afinal foi a sua estreia a titular e era expectável uma grande atitude.
O primeiro golo chegou cedo, livre bem marcado (como é hábito) por Schaars e Insúa a aparecer na zona de ninguém a desviar a bola. Mais tarde, mais um erro de Rui Patrício, mais um atraso. Porquê facilitar? Mas no caso de ontem nem há desculpa, falta de concentração que podia ter contribuído para a equipa dar um passo atrás na partida. Felizmente para os Leões, Rodriguez enviou a bola ao poste. Depois veio o 2-0, jogada soberba na esquerda. Insúa, Capel e Schaars foram os intervenientes, Wolfswinkel foi o matador de serviço. Nota de destaque para o argentino recém-chegado, nova assistência para o nº9 como em Paços.
Na primeira parte viu-se um Sporting CP disponível, meio campo móvel, laterais a subir com regularidade e agressividade, destaque para as combinações da sociedade Insúa-Capel que prometem.
Alguém conhece o nº21 do Sporting CP? Eu posso dar a conhecer, chama-se Rinaudo. Joga com e sem bola, é o patrão do meio campo, é quem define o ritmo e para onde jogar, é o jogador mais agressivo a defender, é o jogador que não se cansa, tem ganas, tem técnica e qualidade de passe e ontem foi o melhor em campo, estavam em todo o lado, encheu o relvado de Zurique, foi bombeiro e playmaker em simultâneo.
A segunda parte teve outra história. Zurique conseguiu, a espaços, pressionar mais alto e mais agressivo, foi uma presa demasiado fácil no primeiro tempo. O clube suíço cedo voltou a enviar a bola ao poste de Rui Patrício e ameaçava a tranquilidade do Sporting CP, bastava reduzir e estava a discutir o jogo e aí veríamos o carácter deste Leão ainda a lamber as feridas.
O clube de Alvalade foi baixando no terreno e encurtando a equipa, a equipa ficou menos capaz de sair com tanta qualidade como na primeira parte. O próprio treinador foi enviando essas mensagens aos jogadores através das substituições, estava 2-0, havia que não ser "guloso". Primeiro retirou Carrillo, que mostrou ser uma opção muito válida para aquele flanco, encostou Pereirinha à linha e fez entrar André Santos, um médio centro com outra cultura, poder de choque e qualidade de passe. Apreciei bastante esta substituição, não só porque gosto das qualidades do jogador mas porque ajudou a equilibrar a equipa: na primeira parte, quando Rinaudo penetrava no meio campo com a bola ou disponibilizava uma linha de passe mais à frente, nem Schaars, nem Pereirinhaa fechavam a zona 6, não vi ninguém fazer as coberturas e criava um buraco no meio. A entrada de André Santos dotou a equipa de equilíbrio e mais qualidade de passe.
Vi um Sporting CP mais "rato", a fazer faltas, a saber travar potenciais ataques rápidos ou contra ataques. As grandes equipas defendem bem mas sabem melhor que ninguém recorrer às faltas. Os jogadores de Domingos parecem estar a entender a importância desse aspecto.
Domingos voltou a mexer na equipa: Rubio por Wolfswinkel e Evaldo por Capel. Importante referir que o Sporting CP acabou  a jogar com 4 laterais. Pereirinha não é lateral de origem, mas já jogou naquela posição e sabe defender e fazer as trocas com o lateral. Domingos foi fechando a porta para garantir o triunfo que seria fundamental para injectar moral e dar confiança aos jogadores.
Nas bolas paradas a atitude tem de mudar. Os livres de Schaars são perigosíssimos mas a equipa apresenta pouca agressividade nos cantos e livres contra.
Mais tarde, o Beckham de Zurique - leia-se Rodriguez - voltou a rematar uma bola à trave através de outro livre.
As minhas únicas reticências são os defesas centrais. Onyewu e Rodriguez fizeram um jogo normal, cumpriram. Estou curioso para ver como será com avançados rápidos, que tentam ganhar as costas ou que são peritos no 1x1.
Domingos Paciência tem jogadores e competência para desenhar o Sporting CP da primeira parte de Zurique. Mais do que jogadores, o Sporting CP necessita de saber o que é amor próprio, sentir-se um clube grande, não estar constantemente a olhar por cima do ombro, tem de levantar a cabeça e sentir-se orgulhoso de quem é e da sua história. Os jogadores que vestem a camisola do Sporting CP não podem ser negligentes ou indiferentes, tem de deixar suor, lágrimas e sangue em campo. Que se inspirem todos em Rinaudo e João Pereira, e Domingos tem  metade do problema resolvido, depois é tempo para a olear a máquina.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Liga dos Campeões: a águia sabe voar

O SL Benfica e o Manchester United empataram a uma bola ontem na Luz num verdadeiro jogo de Liga dos Campeões. Cultura táctica, respeito mútuo, qualidade técnica, poucas oportunidades de golo e dois bons golos. O Estádio da Luz estava vibrante, 64.000 pessoas em estado de euforia por estarem presentes num jogo especial, num "clássico europeu" como denominou Alex Ferguson.
O SL Benfica voltou à fórmula Javi - Witsel - Aimar e entrou bem no jogo. Mais bola por alguns minutos, algo consentido pelo colosso inglês, é incrível a cultura e a tranquilidade dos jogadores ingleses, não ficam ansiosos sem bola, sabem que espaços têm de defender e fechar. Jorge Jesus optou por uma equipa mais consistente e cautelosa, a entrada de Rúben Amorim em função de Nolito ou Bruno César deixa isso claro. Alex Ferguson deixou alguns craques no banco, provavelmente com vista ao embate com Chelsea no próximo domingo, mas só quem não acompanha a equipa de Manchester ao longo dos anos na Champions é que não sabe que a presença de jogadores como Park, Fletcher e Valencia é algo normal e regular. Aproveito para revelar um dado assustador: nos últimos quatro anos o Manchester teve presente em três finais, perdendo duas com o fantástico Barcelona de Guardiola e vencendo uma ao Chelsea em penaltis.
A partir dos quinze, vinte minutos o Manchester apoderou-se da bola, mas como Alex Ferguson revelou, uma posse de bola muito cautelosa, distante da área, só com o intuito de dominar e controlar o jogo, isto porque quando entravam na área de Javi e Witsel, e depois Luisão e Garay, normalmente a jogada terminava. Foram os quatro homens do jogo para mim a nível táctico, fizeram um trabalho soberbo, incansável mas muito sábio. Luisão nas alturas e antecipação, Garay mais na antecipação e em lances de choque, a contrariar o que o seu pai disse aquando da sua chegada, que o que pecava em choque ganhava em velocidade; Javi Garcia fez dos melhores jogos pelo Benfica, a nível defensivo, super rigoroso e concentrado, a presença de Witsel ajudou e muito é certo, mas vimos um Javi muito confiante com a bola no pé. Witsel é um jogador completo, pergunto-me como é que Arsene Wenger com as perdas no meio-campo não foi buscar este belíssimo jogador. A nível defensivo fez um grande trabalho, bem posicionado, agressivo na bola (talvez tenha pecado neste aspecto quando Giggs passou perto no lance do golo...), e depois é um jogador que permite congelar e circular a bola, qualidade técnica e cultura táctica está no seu ADN. O Manchester jogou com um meio campo forte a nível fisico - Fletcher e Carrick - e com um génio à solta, Ryan Giggs, quase 38 anos e continuou a dar dores de cabeça, foi o jogador que mais desequilibrou e conseguiu furar as duas muralhas defensivas. Pablo Aimar não teve tanta bola como desejável mas sentia-se outro futebol quando tocava na bola.
Aos 24´ Gaitán ultrapassou o opositor na linha e com uma trivela espectacular fez um passe para as costas de Evans, Cardozo fez algo pouco visto: dominou no peito, tocou logo para o pé direito, ágil, rematou e fez um belo golo. Cardozo estava soltinho, com vontade, disponível, comprometido com a equipa, a mandar a equipa subir para ajudar na pressão, ganhou bolas de cabeça a uma dupla de centrais poderosa, algo que não acontece no campeonato português e que me leva a perguntar se será falta de ambição.
Antes do intervalo, o génio à solta resolveu mostrar porque é um dos melhores jogadores de sempre. Ryan Giggs aproveitou uma rara desatenção e moleza do meio campo/defesa do SL Benfica, com uma diagonal ganhou espaço para colocar a bola na baliza de Artur. Um belo golo, digno do jogador que é.
Na segunda parte houve mais Manchester United, a posse de bola tornou-se mais agressiva, mais subida, já rondava mais a área do SL Benfica e chegou a ter uma grande oportunidade por Ryan Giggs novamente, mas Artur fez uma grande defesa. Jorge Jesus percebeu que tinha de alterar algo para agitar o jogo porque o ataque da equipa estava a desaparecer e lançou Nolito, os adeptos deliraram. Nolito entrou, como sempre, ansioso, a querer fazer tudo e rápido demais, perdeu duas bolas que podiam colocar em xeque a sua equipa. Depois, soltou-se e deu algumas dores de cabeça à defesa do MU, no seu jeito desengonçado com a bola colada ao pé, fez sonhar os adeptos. Quase marcou a passe de Gaitán, depois de um contra-ataque desenhado por Pablo Aimar, o guarda redes Lindegaard fez uma grande defesa.
Aos 75 minutos Jorge Jesus optou por trocar Matic por Aimar. Julgo que pensou que como o jogo estava, preferiu emprestar à equipa um meio campo mais físico e com maior capacidade no jogo aéreo e evitar uma derrota nos momentos finais. Mas foi depois desta substituição que se deu a melhor oportunidade de golo do clube da Luz, depois de uma jogada de insistência e crença, Nolito ultrapassou alguns adversários e, talvez sem força, chutou sem sucesso de pé esquerdo. A equipa de Jorge Jesus controlou os últimos quinze minutos.
A exibição foi muito interessante, podia ter ganho é certo, mas jogou contra um colosso. É certo que Alex Ferguson colocou Nani e Chicharito para ameaçar as redes de Artur mas os jogadores ingleses não pareciam estar desagradados com o empate na Luz. Não posso deixar de referir a exibição apagada do jogador mais temido, Wayne Rooney teve uma noite infeliz, longe da sua qualidade e brilhantismo.
Destaquei Garay, Luisão, Witsel e Javi, mas os dois laterais fizeram também um óptimo jogo. Maxi foi mais do mesmo: concentrado, incansável, técnico, rijo, cego pela bola. Emerson tinha pela frente um jogador muito mais rápido - Valencia - e desempenhou com sucesso a sua função.
Os adeptos saíram satisfeitos e orgulhosos por sentir que a sua equipa discutiu o jogo contra um gigante como o Manchester United. Era importante começar bem, um empate é um bom começo tendo em conta o grupo. Agora, é tempo de não permitir dejavus do ano passado assombrar a equipa, Jorge Jesus e os seus jogadores têm de manter este compromisso com os adeptos, esta seriedade, esta qualidade. É obrigatório atingir os oitavos de final.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Liga dos Campeões: James Rodriguez escreveu o destino do FC Porto

O FC Porto regressou à Liga dos Campeões com uma vitória por 2-1 contra o Shakhtar Donetsk. Os golos foram marcados pelo inevitável Hulk e Kléber.
O jogo começou logo com uma bola na trave de Hulk, quando o seu remate ressaltou em Defour. Pouco depois, James Rodriguez sofre penalti mas Hulk afinal é humano e falhou. A noite já estava a prometer nervos e as saídas rápidas dos brasileiros Luiz Adriano, Eduardo e, principalmente, Willian preocupavam. Ao minuto 12 dejavu dos portistas: erro de Helton na Champions. Willian faz diagonal da esquerda para o centro, ultrapassa Fucile e remata fraco, Helton não conseguiu segurar e Luiz Adriano, rapidíssimo, encosta para o 1-0. Gostava de referir que estava especialmente atento ao desempenho de Steven Defour, jogador que pouco conheço, e apreciei bastante até ao golo do Shakhtar. Procurou bastante espaços vazios, gostei bastante como se mostrou sempre, bom toque de bola, jogar simples. Mas a partir do golo dos ucranianos acho que foi desaparecendo, cumprindo é certo, mas muito fora do jogo. Aos 28 minutos, apareceu um homem digno de constar num exército qualquer, por gozar duma perícia imensa a manejar uma arma potente. Hulk empatou o jogo com um míssil inexplicável. O golo foi de livre directo. Com o empate, o FC Porto melhorou e logo a seguir Hulk disparou outra vez para defesa complicada de Rybka (surpresa para mim ver Pyatov no banco). Alguns minutos depois, há um lance duvidoso na área ucraniana, parece-me que Hulk poderá ter sofrido penalti.
Relativamente ao desempenho do Shakhtar, tenho de concordar com Luís Freitas Lobo, parece uma equipa com dois ADNs, a defesa parecia pouco agressiva e que jogava muito posicional, jogavam muito à zona e tinham muitas dificuldades em acompanhar um 2-1; na transição ofensiva é uma equipa muito perigosa, os brasileiros Eduardo, Willian, Jadson e Luiz Adriano são jogadores capazes de abrir qualquer defesa. Destaque para Willian, eu já apreciava bastante o seu futebol no Corinthians quando tinha apenas 18 anos, mas era pura técnica, agora é um jogador diferente, possante, explosivo. Antes do intervalo, o defesa central ucraniano Rakitskiy viu o vermelho directo depois de uma entrada muito dura sobre João Moutinho. O treinador Mircea Lucescu retirou Eduardo e fez entrar o central Kucher. A expulsão levou os mais atentos a lembrar a importância que o mesmo factor teve nos jogos do Sporting CP (remontada em Paços) e da Académica (4-0 contra o Nacional). A tarefa estaria mais facilitada esperava-se.
O FC Porto normalmente controlou o jogo e com superioridade numérica ficou mais claro esse controlo.
Aos 51 minutos, o génio decidiu resolver... o sucessor de Deco: James Rodriguez. O colombiano de 20 anos estava a fazer uma bela partida, sempre a dar opção de passe, sempre no espaço vazio, sempre inconformado, super técnica e mentalidade incrível. Mas nesse minuto decidiu abriu o livro, e ele que parece escrever como Pablo Neruda ... deu linha de passe na esquerda para uma transição rápida, foi rápido à linha, deixou o defesa no chão e ofereceu a Kléber um dos golos mais fáceis da sua carreira. Estava feito o 2-1. Aos 61 minutos, Vítor Pereira quis emprestar mais qualidade técnica ao meio-campo e fez entrar Belluschi por Fernando. Não que Fernando seja limitado, muito longe disso, mas o à-vontade com a bola é outro. Foi uma mensagem com conteúdo claro: dominar o jogo. Mas surpreendentemente, considero que a equipa nem sempre tomou as opções certas, perderam-se muitas bolas e permitiram-se ainda algumas saídas perigosas por parte de Willian e Luiz Adriano.
O FC Porto a espaços fez jogadas interessantes, com paciência a trocar a bola e a mudar o flanco, é a melhor forma de abrir uma defesa com inferioridade numérica. Ainda assim, acho que o FC Porto não dominou, controlou sempre, mas não dominou como eu esperava. Só depois da expulsão de Chygrynskiy (80´) se sentiu um baixar de braços dos ucranianos e o FC Porto a congelar a bola com mais eficácia.
Na minha opinião, os jogadores com pior prestação foram Maicon, perdeu muitas bolas para Luiz Adriano, e Defour, desapareceu muito cedo do jogo, como disse cumpriu, mas esperava mais. Kléber resolveu mas considero que ainda está com problemas de entrosamento com a equipa. Gostava de registar com agrado a forma como festejou efusivamente o seu golo com Vítor Pereira. Os melhores foram Hulk e James Rodriguez. O brasileiro é incrível é certo, e julgo haver poucos jogadores como ele na Europa, fico de boca aberta quando vejo que não é convocado para a Copa América e só se fala em Neymar ... eu acho que ele produz o dobro de Neymar, e estou a ser amigo do jovem craque. Hulk tem algo contra si e isso parece ter peso para ser presença assídua na Selecção do Brasil: ausência de um passado no Brasil. James é diferente. James é mágico. James tem um toque de bola incrível, tem classe, tem qualidade de passe, assume o drible, bate livres (um livre à barra nos minutos finais...), apesar das suas capacidades nunca perde a noção de colectivo. James quando joga está ao nível de Pablo Neruda quando escreveu o poema "Me gustas cuando callas" ... simples, intenso, inesquecível.
Para quem gosta de Futebol, aconselho a ver este FC Porto, a equipa vai crescer ainda mais tacticamente e tecnicamente, mas principalmente, para acompanhar James Rodriguez.

sábado, 10 de setembro de 2011

Domingos: como beliscar a liderança

Domingos perdeu a paciência e mostrou em que estado está o Sporting CP.
"Perguntem ao Djaló e Postiga se estavam a 100% no Sporting". Este desafio lançado pelo treinador leonino é muito grave e expõe e muito o Sporting e a sua liderança.

Estamos a falar de dois jogadores que foram titulares na esmagadora maioria dos jogos oficiais. Não estavam a 100% no Sporting, então eram titulares porquê? Só vejo duas razões: estratégia para vender os jogadores até ao fecho do mercado (final de Agosto) ou porque não há melhor. Seja qual for a resposta, é grave. É grave para um treinador estreante num clube grande que tem 15 jogadores novos no plantel. Se a estratégia era vender, os resultados desportivos foram colocados em segundo plano. Se alegar não ter melhor, mesmo quando os jogadores titulares não estão a 100%, é como colocar uma mina num balneário. Considero perigosa essa forma de liderar, os suplentes normalmente não estão conformados, sentindo injustiça então, podem começar os distúrbios no balneário. Postiga quando saiu disse que não pensou duas vezes porque o ambiente não era o melhor. Acredito, uma equipa que não vence jogos, que tem jogadores a jogar com a cabeça noutro lado, que são displicentes, não pode ter bom ambiente.

Lembro o que falei no último artigo: o Sporting CP tem João Pereira, Evaldo e Rodriguez, três jogadores que pertenciam à forte defesa do SC Braga no ano em que lutaram até ao fim pelo título com o SL Benfica. O problema não está nas qualidades individuais, mas o que o grupo provoca nos jogadores. Quando há ambiente de conformismo, negligência, displicência, e se calhar como no caso que mencionei acima, injustiças, é normal uma equipa conseguir roubar capacidades individuais e mentalidade competitiva aos jogadores.

Acredito que Domingos vai montar uma equipa competitiva, quem sabe até com bom futebol tendo em conta os jogadores que tem à disposição, mas na minha opinião, Domingos mostrou como se belisca uma liderança.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sporting CP: que caminho?

A grande missão do Sporting CP este ano era fazer esquecer as duas épocas anteriores. A nova direcção teve o mérito de aproximar os adeptos da equipa, teve o mérito de conseguir contratações interessantes e, não lhe consigo chamar mérito, decidiu dar o murro na mesa e voltar a limpar as armas e apontar à arbitragem. É certo que neste início de época tem razões de queixa, mas os problemas do clube de Alvalade estão a anos-luz do homem do apito.

Nunca é demais lembrar que os últimos dois anos foram um desastre: em 2009/2010 terminou a 28 pontos do campeão SL Benfica; em 2010/2011 acabou a 36 pontos do actual campeão nacional FC Porto. Curioso nos dois anos terem atingido exactamente os mesmos pontos (48).

A grande contratação da época foi Domingos Paciência, já dizia João Pereira. Era o trunfo mascarado da campanha eleitoral, nunca foi apresentado como tal mas sempre se falou nos bastidores. No entanto, por muito competente que seja Domingos Paciência, não é o Michael Scofield. Não tem tatuado no seu corpo a fórmula mágica para fazer do Sporting CP um clube vencedor. Domingos Paciência tinha e tem um plano. O treinador de Leça da Palmeira passou com sucesso em equipas pequenas - Leiria e Académica - e o seu Braga era cínico e perito no contra-ataque, mas há uma pergunta obrigatória: saberá como colocar o Sporting a jogar à equipa grande?

A nova direcção do Sporting CP apostou forte na reconstrução do plantel: quase 30 milhões gastos em 16 (!) jogadores. Estava ameaçada a tal política que tanto elogiei no primeiro artigo sobre formação, o "Barcelona de Portugal" começa a virar as costas à cantera.
Para a defesa foram contratados Rodriguez (Braga), Onyewu (AC Milan), Santiago Arias (Equidad), Turan (Grenoble), emprestado ao Beira-Mar, e Insua (Liverpool). A defesa era um dos grandes problemas do clube nos últimos anos e apesar destas contratações todas, concluo que o clube não chegou ao patamar de qualidade que pretendia. A defesa é frágil mas não é só pela qualidade individual, entendo que tem a ver com o clube. Lembram-se da defesa do Braga quando lutou pelo título com o Benfica há dois anos? João Pereira, Rodriguez, Moises, Evaldo. Três estão no actual Sporting. Carriço está longe do jogador que quiseram fazer dele. Onyewu ainda é uma incógnita. Anderson Polga que teve com um pé fora de Alvalade, foi titular frente ao Marítimo. Falta um comandante, um líder da defesa. Não sei que problemas houve com Marco Caneira mas não teria lugar nesta defesa? E Miguel Teixeira, das escolas do clube e que joga actualmente no Zurique, será menos jogador que Carriço? Veremos na Liga Europa. E Mário Rui, vice campeão mundial sub20 que passou pelas escolas do Sporting e Benfica, será menos jogador que Turan? O capitão da selecção Nuno Reis também é jogador do Sporting, emprestado ao Cercle Brugge, não será jogador para este plantel? Entendo a política de empréstimos que, normalmente, é benéfica para os jogadores, mas gastar dinheiro em jogadores estrangeiros que não são melhores é uma política "que a mim não me assiste".

No meio-campo é onde está o ouro do Sporting. Foram contratados Schaars (AZ), Rinaudo (Gimnasia), Luis Aguiar (Dinamo Moscovo), e Elias (Atletico Madrid). Elias foi o último reforço e o jogador mais caro da história dos Leões (8.9 milhões). Depois há ainda André Santos, ja na Selecção A, André Martins, jogou ontem de início na vitória dos sub21, e os craques Izmailov e Matías. O russo é provavelmente o jogador mais evoluído tecnicamente do plantel mas o joelho continua a dar dores de cabeça. Matías é a eterna esperança, óptimo toque de bola mas não consegue assumir-se na equipa. Em conversa com amigos no início de época, afirmei que suspeitava que o Luís Aguiar ia roubar o lugar ao Matías. Bom, um está lesionado e outro nem lugar tem para ser roubado. Finalmente, Schaars é jogador de selecção mas parece-me um jogador normal, faz o simples. Rinaudo foi quem mais me surpreendeu. Rápido na conquista da bola, um autêntico Petit rápido e com pilhas, no processo ofensivo tenta procurar os construtores de jogo, que muitas vezes estão longe criando um buraco no meio-campo.

O ataque, depois das saídas de Postiga (Saragoça) e Djaló (Nice), está entregue aos reforços. Bojinov (Parma), Wolfswinkel (Ultrecht), Capel (Sevilha), Jeffren (Barcelona), Carrillo (Alianza Lima) e Rubio (Colo-Colo). Fico reticente quando vejo contratações em grande número. Fico mais quando vejo sair o melhor avançado da equipa. Djaló era um caso perdido e escolheu bem, uma das cidades mais belas. Diz-se que Bojinov ligou a Luís Figo para pedir o nº7 do Sporting. Em jeito de provocação, duvido, começo a achar que deve ser política do clube colocar o nº7, o tal azarado, ao jogador mais propenso a lesões. O holandês é um grande ponto de interrogação. Parece o Fernando Torres, o de agora, sem garra, sem golos. Capel é dos melhores reforços, não me parece tão rápido como antes, mas sabe cruzar como ninguém. Jeffren, à imagem de Capel, tem muito para dar ao Sporting. Jovens e ambiciosos, com uma das melhores escolas do mundo: a espanhola. Carrillo só vi jogar uma vez e fez mossa nos rins do defesa esquerdo, rápido e drible fácil. Não conheço o estilo de Diego Rubio ainda mas registei que marcou em vários jogos de pré época e é um jogador que deixa os adeptos leoninos com água na boca. Seria Saleiro assim tão dispensável?
Um jogador que merece a atenção de Domingos é Edgar, avançado do Vitória de Guimarães. Julgo que poderia ser uma das soluções para o ataque.

Que equipa consegue vencer após contratação de 16 jogadores?
Que treinador consegue montar uma equipa unida e coesa em 3 jornadas?

Continuo a dizer que qualquer um dos reforços, isoladamente, no FC Porto ou SL Benfica estaria a render muito mais. Sim, é uma coisa básica o que estou a escrever. Mais básico é pensar que os jogadores não têm valor e que Domingos não montará uma equipa competitiva. É certo que provavelmente não será a tempo de lutar pelo título mas "Roma não foi construída num dia". Em inglês soa melhor.
Veremos como se comporta a equipa nas próximas duas jornadas. Paços de Ferreira e Rio Ave fora.

domingo, 28 de agosto de 2011

Vítor Pereira: Conceito de Estratégia

Sim, o título é inspirado no Capitão Nascimento do BOPE mas prometo que não vou falar em grego, latim, alemão e espanhol ... só em português.
O Barça venceu sexta-feira o FC Porto por 2-0 no jogo que decide o mais forte entre o campeão europeu e o vencedor da Liga Europa.
Primeiro, uma palavra para a UEFA: como é possível a supertaça europeia ser jogada naquele relvado? Barcelona e FC Porto mereciam um relvado perfeito.
Os Blaugrana eram favoritos e conquistaram o 74º título da sua História, tornando-se no clube espanhol com mais troféus, mas tenho de referir a forma como Vítor Pereira abordou o jogo.

O ex-treinador adjunto de Villas Boas manteve a táctica que joga sempre - 4.3.3 - com Souza, Moutinho e Guarín, na frente Rodriguez, Hulk e Kleber. A primeira mensagem para os jogadores foi esta: "somos Porto e não mudamos contra ninguém". Esse tipo de mentalidade e atitude é uma injecção de moral para os jogadores. Na defesa faltou Álvaro Pereira, de saída do clube diz-se. Jogou Fucile no seu lugar, e Sapunaru no lado direito, a dupla de centrais foi Rolando e o argentino Otamendi. Podemos sempre falar do relvado mas prefiro dar esmagadora maioria de percentagem de mérito ao FC Porto quando obrigou o Barça jogar mal muitas vezes e até mandar a bola para fora.
Vítor Pereira deu uma lição à Europa ao defender o futebol do Barcelona no meio campo adversário, sem recorrer a autocarros ou jogar no buraco. Pressão constante e de qualidade está só ao nível de grandes jogadores, com cultura táctica e com grande capacidade física. Sim, na segunda-parte o FC Porto quebrou um pouco fisicamente mas a forma como sofreu o golo - Guarín isolou Messi - contribuiu para o desanimo. É certo que não foi o FC Porto tradicional, isto é, ofensivo, com futebol mais fluído, mas o rigor táctico e competência defensiva para parar jogadores como Xavi, Iniesta e Messi levam a uma velha máxima no futebol: "tapa-se de um lado, destapa-se de outro". Para não falar da exemplar competência defensiva do Barcelona, ainda que só em 30% do tempo dos jogos normalmente. Relativamente ao Barcelona referir que jogou sem a dupla de centrais titular (Puyol e Piqué) e a decisão de Guardiola em colocar Keyta em detrimento de Busquets. Julgo que esta opção teve como origem o estado do relvado, isto porque o espanhol é um jogador com um futebol de risco por vezes, tem muita confiança, e defensivamente não é um jogador de choque. Guardiola previu uma batalha complicada no meio-campo. A defesa trabalhou muito bem, tanto nos duelos individuais como na defesa em linha apanhando Villa muitas vezes em fora-de-jogo. Moutinho por exemplo esteve muito apagado na primeira-parte, na segunda-parte cresceu. Guarín teve um jogo infeliz, desde o passe para Messi até à expulsão dispensável. Souza não tremeu, eu não esperava tanto à vontade num jogo daqueles por parte do jovem trinco brasileiro. Rodriguez foi a surpresa e aposta ganha. Muito atento no trabalho defensivo, nomeadamente às subidas de Daniel Alves. No ataque não produziu muito, vitima do que sofreu o ataque dos Dragões, muito trabalho defensivo retira explosão e capacidade para boas decisões. Hulk foi o grande prejudicado desse facto. Correu muito para ajudar no processo defensivo, na primeira-parte ainda desequilibrou num ou noutro lance mas na segunda-parte desapareceu. Kleber foi o jogador esforçado do costume, pressionou muito, ainda mostrou alguns pormenores técnicos mas em algumas ocasiões demorou a soltar a bola, umas vezes por falta de apoio, várias porque simplesmente não soltou.

O Conceito de Estratégia de Vítor Pereira foi brilhante e corajoso a meu ver. Manter ADN do FC Porto, valorizar os seus jogadores, passar a mensagem que não muda nada nem contra a melhor equipa do mundo. É verdade que perdeu o jogo, mas julgo que a equipa saiu ainda mais forte, unida e competente. Os adeptos estão orgulhosos pela sua equipa, registei a forma como um rapaz apoiou Guarín já no aeroporto Francisco Sá Carneiro. Desgostosos porque viram perder um grande FC Porto que merecia mais, desgostosos porque viram o Barcelona marcar um golo através de um erro individual impensável a este nível, desgostosos porque viram um penalty claro não ser marcado já perto do final do jogo. Mais tarde, depois de um passe magistral de Messi, Cesc Fabregas fez o 2-0 com a classe do costume.
Apesar de todos os elogios a Vítor Pereira, tenho uma critica: com o desenrolar da segunda-parte e com o visível cansaço a apoderar-se das pernas dos jogadores, pareceu-me que o treinador estava satisfeito com o 1-0. A entrada de Varela é natural. A substituição de Souza por Fernando com o fim de melhorar e refrescar o meio campo parece-me também normal. No entanto, foi quando trocou Kleber por Belluschi que eu senti que estava satisfeito com o resultado. Acho que foi traído pelo medo ao ver o cansaço da equipa. Ver Guarín como jogador mais avançado não faz qualquer sentido, nem que chutasse três vezes melhor que o Sanchez. Pensei que VP iria fazer entrar Djalma para manter o trabalho defensivo e de pressão, e de quem sabe desequilibrar, e lançar Hulk para o centro do ataque. Julguei que Hulk seria o striker de serviço por algumas razões: estava muito fatigado e menos competente a defender, não recebia bolas já de frente para o lateral esquerdo e aí não desequilibra com a facilidade do costume, e, finalmente, ao estar na linha limite da defesa, poderia virar e ganhar as costas da defesa com mais facilidade.
Em Portugal, acredito que os rivais directos olharam com preocupação para a exibição do FC Porto.
Resta-me fazer uma queixa a Pep Guardiola: o Futebol quer Fabregas 90 minutos se faz favor.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Portugal vs Europa (sorteio, adversários, ameaças)

As equipas portuguesas já sabem os adversários na Liga dos Campeões e Liga Europa. Neste artigo vou tentar fazer uma espécie de antevisão e dar a conhecer os adversários das nossas equipas.

Liga dos Campeões

Grupo C

Manchester United
SL Benfica
Basileia
FC Otelul

O sorteio foi simpático para os Encarnados, é a primeira conclusão a que chego. A segunda conclusão é que Jorge Jesus está obrigado a atingir os oitavos de final.
Do Manchester United pouco há a dizer a não ser referir as entradas do guarda redes de Gea (ex-Atletico de Madrid), do central de 19 anos Phil Jones (ex-Blackburn) e do extremo Ashley Young (ex-Aston Villa). Sir Alex Ferguson já nos habituou a grandes resultados e o primeiro lugar do Grupo C está reservado para o colosso inglês. Não posso deixar de referir que fico perplexo com a falta de contratações sonantes, mas fico ainda mais com o facto do clube continuar a ganhar. O ano passado campeão inglês e derrotado na final Champions, este ano a perder 2-0 na supertaça com o rival de Manchester, conseguiu a remontada.
As outras duas equipas que calharam em sorte ao Benfica permitem ao clube da Luz imaginar-se já nos oitavos. Não sou grande conhecedor do campeão da Suiça mas julgo que o treinador alemão Thorsten Fink tem à sua disposição uma dupla de avançados interessante e muito experiente: Marco Streller e Alexander Frei. O FC Otelul ganhou pela primeira vez o campeonato do seu país e venceu a supertaça da Roménia na presente época.

Grupo G

FC Porto
Shakhtar Donetsk
Apoel
Zenit

Tenho a firme convicção que o FC Porto vai chegar aos oitavos de final. O vencedor da última edição da Liga Europa tem essa obrigação. É já um nome muito respeitado na Liga dos Campeões e um dos clubes com mais presenças na conceituada prova europeia. Troféus e prestigio fazem parte do ADN do clube mas as palavras de Pep Guardiola antes da supertaça europeia no Mónaco são, definitivamente, um carimbo de qualidade e respeito para com o campeão nacional português. Acho que é sempre importante não esquecer os feitos do clube que joga no Dragão: nos últimos oito anos venceu duas Taças Uefa (a segunda já Liga Europa) e uma Liga dos Campeões. Ganhou mais provas a nível europeu do que os principais rivais a nível interno, pensando em campeonato nacionais. São poucos os clubes que se podem orgulhar de uma primeira década do século XXI tão boa. Relativamente à edição deste ano da Champions, não será tão fácil quanto ando a ouvir por ai, entendo que as (longas) deslocações à Ucrânia e Rússia poderão ser complicadas.
A presença do campeão ucraniano na Champions é já vista como natural e muito levada a sério. O conceituado técnico Mircea Lucescu tem à sua disposição um leque de jogadores brasileiros com muito talento e prontinhos para dar dores de cabeça à equipa de Vitor Pereira. Na baliza tem Pyatov, um gigante já habituado a estas andanças. Na defesa destaco dois jogadores: Srna e Chygrynskiy (ex-Barcelona). O meio campo tem jogadores como Jadson (selecção Brasileira), Fernandinho, Willian (23 anos) e Douglas Costa (20 anos), um desequilibrador nato, outrora referenciado pelo Manchester United. Tem outros dois jogadores brasileiros que não conheço mas que estão com regularidade nas selecções jovens do Brasil: Alex Teixeira (21 anos) e Alan Patrick (20 anos). No ataque tem o belíssimo jogador croata (origem brasileira) Eduardo da Silva (ex-Arsenal), Luiz Adriano (24 anos), Marcelo Moreno e o reforço brasileiro Dentinho (22 anos). A juventude e a irreverência desta equipa poderão colocar grandes problemas ao clube da Invicta. Esta equipa tenta uma espécie de tiki-taka mas a meu ver mais desconcertante, ou seja, não é perfeito como o original mas permite que seja algo mais imprevisível. O Shakhtar venceu o campeonato com 23 vitórias em 30 jogos (+7 pontos que o Dinamo Kiev).
O Apoel é o campeão cipriota e tem vários jogadores que já passaram por Portugal. O central Paulo Jorge, ex-SC Braga, um jogador que até me chamava a atenção por cá, pela sua sobriedade e segurança. No meio campo há Hélio Roque, formado no SL Benfica e Nuno Morais, aquele que José Mourinho foi buscar para o Chelsea. No ataque está o esquerdino Manduca, que chegou a prometer no SL Benfica mas desiludiu. Uma boa notícia para o FC Porto é a saída do avançado Milan Mrdakovic, o jogador sérvio foi o melhor marcador do campeonato com 21 golos. Não conhecendo os restantes jogadores parece-me uma equipa muito acessível para este FC Porto.
Finalmente, o Zenit e o reencontro com Bruno Alves. Campeão russo com 20 vitórias em 30 jogos, o vencedor da Taça Uefa em 2007/2008 tem jogadores como Bruno Alves, o ex-capitão dos Dragões, Domenico Criscito (ex-Génova), Danny, Rosina, Szabolcs Huszti (internacional húngaro, esquerdino, parece rápido e com técnica) e no ataque Lazovic e Kerzhakov. O treinador é o italiano Luciano Spalletti (ex-AS Roma). Mais uma vez prevejo que é uma equipa acessível mas a deslocação à Rússia poderá ser complicada.

Liga Europa

Grupo D

Lazio
Sporting CP
Zurique
Vaslui

Não me parece um grupo simpático para o tímido Sporting deste inicio de época mas julgo que a equipa leonina vai crescer e melhorar bastante e que reúne as condições para a passagem à fase seguinte. Analisando este início de época dos Leões rapidamente concluo que vão ter problemas em jogos com a Lazio e com o Zurique, admito que não conheço o Vaslui.
Começando pela Lazio, na defesa há alguns nomes conhecidos como Konko (ex-Sevilha), Radu, Garrido, Zauri, Stankevicius. No meio campo há o internacional italiano Mauri, os brasileiros Matuzalém e Hernanes, Ledesma, Brocchi e o ex-Palermo Mark Bresciano. Se a Lazio for a tradicional equipa italiana que defende bem e fechada, julgo que será 1º classificado destacado deste grupo porque o ataque tem muita qualidade: Djibril Cissé, Miroslav Klose, Mauro Zaraté e Rocchi.
O Zurique é uma equipa a ter em atenção porque ficou em 2º lugar do campeonato suíço a apenas um ponto (!) do campeão Basileia. Curioso que as duas melhores equipas da suíça encontram equipas lusas nas competições europeias, é sinónimo de muitos emigrantes a apoiar os dois clubes lisboetas. É oportuno referir que na pré-eliminatória da Liga Europa, o SC Braga jogou também contra Young Boys, 3º classificado do campeonato suíço. Observei o Zurique contra o Bayern Munique na pré-eliminatória da Champions e confesso que não tomei muita atenção mas pareceu-me ser capaz a espaços de lançar contra ataque perigosos para o avançado tunisino Chermiti. De salientar a presença de um jogador português no onze do Zurique, Jorge Teixeira, central formado no Sporting CP, pareceu-me interessante a sair a jogar com tranquilidade e a defender (1.88m).
O Vaslui terminou o campeonato romeno em 3º lugar a cinco pontos do campeão FC Otelul. Tem jogadores como o lateral esquerdo formado no FC Porto Hugo Luz, Wesley, o esquerdino que passou pelo Paços de Ferreira e Leixões. Na frente, está a eterna promessa já trintão Adaílton (ex-Génova, Verona ...).

Grupo H

SC Braga
Birmingham
Club Brugge
NK Maribor

O SC Braga foi o finalista vencido da edição do ano passado da Liga Europa, por isso tem a legítima ambição e quase obrigação, pelo passado recente, de atingir a próxima fase da prova. Acabo de me lembrar das palavras de Leonardo Jardim aquando da vitória com Marítimo: "para eles perder 2-0 com um candidato ao título não é mau". Bom, afinal considero uma obrigação passar este grupo. Haja ambição.
O Birmingham é uma equipa do segundo escalão de Inglaterra mas nem por isso deverá ser levado pouco a sério. Está na Liga Europa porque venceu a Taça da Liga ao poderoso Arsenal por 2-1 em Wembley com golos do gigante Zigic e Obafemi Martins. Na defesa tem jogadores experientes como Carr, Caldwell e Ridgewell. Do meio campo para a frente destaco Nikola Zigic, o gigante de 202cm, ponta de lança que já jogou no Valencia.
O Club Brugge ficou em 4º lugar no campeonato belga a oito pontos do campeão Genk. Uma boa notícia para Leonardo Jardim é que perdeu o melhor marcador da prova, o médio Ivan Perisic marcou 22 golos, transferiu-se este verão para o Borussia Dortmund. Não conheço um único jogador da equipa à disposição do técnico holandês Adrie Koster.
Finalmente, o NK Maribor, equipa que desconheço por completo mas que venceu o campeonato esloveno com 21 vitórias em 36 jogos. Arriscando um palpite para a grande ameaça da equipa, diria Marcos Tavares, o brasileiro foi o melhor marcador do campeonato com 16 golos.

Resta-me desejar boa sorte para as equipas portuguesas, levem o nome de Portugal bem alto.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

4.3.3 forever?

SL Benfica venceu ontem o Twente por 3-1 e está qualificado para a fase de grupos da Liga dos Campeões. A equipa de Jorge Jesus fez a melhor exibição da época. Golos de Luisão e dois de ... Axel Witsel, aquele que no último artigo disse que seria o jogador ideal para fazer a ligação com Javi Garcia e Aimar e que levaria o Benfica para outro patamar.

Pergunto-me se Jorge Jesus vai começar a levar a sério o campeonato português, isto porque nos jogos com Gil Vicente e Feirense jogou com a sua táctica preferida, o tal losango desequilibrado, e nos jogos da Champions, que era o grande objectivo do início de época, jogou em 4.3.3 e com sucesso. A sua sede pela nota artística e a cegueira para jogar para a frente com 4 avançados (+ Aimar) roubou dois pontos ao clube da Luz, quem viu o jogo de ontem viu várias coisas: equipa mais equilibrada, meio campo sólido, transições defensivas mais eficazes, vimos um Javi Garcia muito melhor porque não jogou contra o mundo e já tinha Witsel por perto, vimos um Aimar melhor porque não tem de andar a correr feito louco para tentar chegar perto de Javi no momento que a equipa perde a bola porque Witsel já estava perto de Javi, vimos que a equipa assim consegue trocar a bola, vimos que assim é possível controlar e dominar um jogo ... que é preciso mais Jorge Jesus?

Que dizer de Pablo Aimar? Continuo a dizer, faça ou não os 90 minutos, que é um jogador de classe mundial, toca na bola como ninguém, diverte-se a jogar à bola, faz jogar, está muito agressivo a pressionar, e é simplesmente um génio.

Artur foi novamente um gigante. Sempre concentrado, competente, seguro.

Analisando agora por sectores, a defesa está cada vez melhor, a dupla de centrais parece estar cada vez mais sólida e cúmplice, Maxi a voltar ao normal, Emerson fez uma exibição muito interessante, defendeu bem, é competente, parece que é daqueles jogadores que se diz "não compromete", mas ontem demonstrou que esse título redutor não se encaixa, apareceu várias vezes no ataque, rápido, confiante com a bola no pé, com vontade de participar naquela que foi a melhor exibição dos Encarnados. É importante referir que o clube da Luz continua a sofrer golos e isso é, definitivamente, uma dor de cabeça para Jorge Jesus. O meio campo como já referi fica a ganhar com a entrada de Witsel, mas principalmente fica a ganhar quando jogam três jogadores. Javi Garcia ganha dimensão, toca mais vezes na bola e a presença de Witsel permitiu que o espanhol subisse duas ou três vezes para tentar o remate à baliza do Twente. A defender já se sabe, Javi Garcia é muito competente e consegue ocupar uma vasta área do terreno. Witsel empresta músculo e classe ao meio campo, Aimar é o génio, basta dizer assim. Os elos mais fracos foram Nolito, que interrompeu a sua série de cinco jogos a marcar, e Gaitán. Nolito parece ser um jogador ansioso e que quer fazer tudo e rápido demais, fisicamente parece-me algo frágil também, não só no choque, mas parece-me também não ter andamento. Nico Gaitán é para mim jogador para chegar ao Manchester United, digo isto desde que vi como toca na bola com o pé esquerdo, mas parece que anda desmotivado ou vaidoso, acho que lhe faria bem fazer uma viagem ao banquillo. Resta-me falar do avançado, Oscar Cardozo. Jorge Jesus, clube e o jogador têm protagonizado uma espécie de campanha de charme para promover a paz entre adeptos e o jogador. Admito que também não aprecio o avançado mas sim, faz golos. Ontem fez uma exibição positiva, esforçada, isolou Witsel para o terceiro golo. Merecia marcar um golo.

O sorteio dos grupos da Champions é hoje às 16.45h no Monaco. Aqui estão os clubes e os respectivos potes:

POTE 1

Manchester United
Barcelona
Chelsea
Arsenal
Bayern Munique
Real Madrid
FC PORTO
Inter

POTE 2

AC Milan
Lyon
Shakhtar
Valencia
SL BENFICA
Villarreal
CSKA
Marselha


POTE 3


Zenit
Ajax
Bayer Leverkusen
Olympiakos
Manchester City
Lille
Basileia
BATE

POTE 4

Borussia Dortmund
Nápoles
Dinamo Zagreb
Apoel
Trabzonspor
Genk
Otelul Galati
Plzen



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

LIGA ZON SAGRES - ARRANQUE

É desta, vou dinamizar este blog de vez ...

Mais um ano, mais um campeonato, expectativas e sonhos renovados.

O FC Porto procura renovar o título, este ano liderado por Vitor Pereira, o treinador adjunto de André Villas Boas no ano passado. O SL Benfica teve mais um verão atribulado com a chegada de muitos jogadores e espera lutar pelo campeonato até ao fim. Finalmente, o Sporting CP de Domingos Paciência tem o grande objectivo de fazer esquecer as últimas duas épocas pouco dignas de um grande clube.

Duas jornadas cumpridas e temos já deslizes do SL Benfica e Sporting CP. Uma palavra para a Académica de Pedro Emanuel que está a começar a temporada da melhor forma, com duas vitórias frente a uma (ainda) frágil União de Leiria e Rio Ave, a sempre competitiva equipa de Carlos Brito.

O FC Porto venceu os dois primeiros jogos contra Guimarães fora e Gil Vicente em casa. Como tive ausente não posso comentar estes jogos mas de registar o arranque forte do inevitável Hulk: 2 jogos, 3 golos.
O clube de Vítor Pereira começa o ano como mais forte candidato ao titulo. Do plantel saíram Falcao e Rúben Micael e entraram os jogadores Bracalli, Mangala, Alex Sandro, Defour, Kelvin, Kleber, Djalma e Iturbe. Danilo chegará em Janeiro.
Jogadores muito jovens mas tendo como lição James Rodriguez, é esperar para ver. Uma dúvida é saber se a saída de Radamel Falcao irá trazer outro avançado ou se chegam Walter e Kleber.
AVB acaba de contratar Mata ao Valência mas tenho alguma expectativa para saber se até fim de Agosto vai ou não perder a cabeça por João Moutinho, visto que o seu Chelsea parece-me muito frágil e pouco dinâmico. Fernando, Guarín e Álvaro Pereira podem também estar a ser alvo de cobiça por parte de grandes clubes europeus.

O SL Benfica parece estar refém de um treinador agarrado ao passado. Mais um ano, mais uma revolução mas nem por isso a táctica é alterada. JJ parece ainda não ter digerido a perda de Ramires para o Chelsea, pois continua a jogar com o seu famoso losango desequilibrado. Antes, tinha em Ramires um soldado incrível para dar apoio ao ataque a uma velocidade furiosa mas mais importante, tinha em Ramires um ajudante de Javi na tarefa defensiva. Era o melhor e mais eficaz jogador na transição defensiva. Desde o ano passado com Salvio, JJ joga num falso losango (sempre foi) mas com dois extremos, o que leva ao desequilíbrio da equipa no momento que perde a bola. O ano passado com Gaitan e Salvio, este ano com Nolito e Gaitan. Witsel parece ser o jogador chave para ligar Javi e Aimar, manter a equipa sólida e com possibilidades de controlar o jogo.
O SL Benfica empatou em Barcelos com o Gil Vicente por 2-2, e na última jornada venceu com dificuldades o Feirense por 3-1.

O Sporting CP teve o pior arranque dos três grandes: 2 empates. O primeiro empate foi em casa contra o Olhanense, neste jogo Hélder Postiga teve um golo mal anulado mas de registar também a agressão de Jeffren a um jogador do clube de Olhão. Na segunda jornada, os Leões deslocaram-se a Aveiro para defrontar o Beira-Mar, equipa treinada por Rui Bento. Domingos Paciência desenhou uma equipa ofensiva com Schaars, Matias, Djalo, Capel e Wolfswinkel, mas aos 36 minutos mexeu no seu onze: saíram Djalo e Matias, entraram Postiga e Izmailov. Domingos enviou uma mensagem à equipa de que não estava satisfeito e era hora de acordar. Na 2ª parte o Sporting CP teve oportunidades para marcar por Postiga, Wolfswinkel e Capel, esta escandalosa, mas sem sucesso.
Nota positiva para Capel, boa estreia a titular com vários cruzamentos perigosos para a área do Beira-Mar. Não parece tão rápido quanto o Capel de Sevilha que cheguei a ver, mas é sem duvida a melhor solução para aquele posto. Uma palavra também para o incansável Rinaudo, recentemente chamado à selecção das Pampas, faz o seu trabalho de forma eficaz e entrega a bola a quem tem de construir o jogo leonino: Matias e Schaars.

As expectativas são muitas para saber como vai reagir o FC Porto sem Falcao (pensando a longo prazo ...), e se este FC Porto vai chegar ao nível da equipa do ano passado, expectativas para saber com que táctica vai jogar Jorge Jesus daqui para a frente, visto que até aqui não conseguiu controlar e dominar dois recém-promovidos, e também, como Domingos Paciência vai resolver a falta de eficácia da finalização leonina, talvez um workshop dado pelo próprio não seria mal pensado.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

FC BARCELONA - 2010/2011

A Liga BBVA está relançada após o empate do Barcelona em Gijón, permitindo a aproximação do Real Madrid, são agora cinco os pontos que separam os dois colossos de Espanha.

Barcelona e Madrid, duas cidades, dois clubes, duas politicas, duas grandes equipas, dois grandes treinadores.

Neste fim de semana, José Mourinho completou nove anos (148 jogos) sem derrotas caseiras. A última derrota caseira de José Mourinho foi ao serviço do Futebol Clube do Porto contra o Beira Mar, jogo no qual Fary saltou do banco para resolver. Relativamente a essa partida, o ex-treinador dos aveirenses, António Sousa, afirmou recentemente: "Viu-se logo que estávamos a defrontar um treinador sem medo, que ia mexer nas coisas, no futebol português e não só". Isto porque nesse jogo Deco e Jorge Andrade tinham sido expulsos e ainda assim José Mourinho tentou vencer o jogo.

Josep Guardiola garantiu esta noite a 79ª vitória no seu 100º jogo na liga à frente dos Culés. Não posso deixar de referir os números astronómicos da obra prima do ex-capitão blaugrana: 100 jogos, 79 vitorias, 14 empates e 7 derrotas. Inédito em Espanha!

Os estilos são completamente diferentes, o futebol é diferente, a postura é diferente, mas em comum têm os troféus. José Mourinho conquistou 17 troféus em dez anos de carreira. Pep Guardiola venceu 8 das 10 competições que entrou! Dois anos e meio de tiki-taka ... Épico? Si!! Dizer ainda que está traçado um novo desafio para José Mourinho: o Real Madrid nunca venceu Pep Guardiola.



O Barcelona joga em 1.4.3.3 no papel. Na verdade, quando tem a bola joga em 1.3.4.3, Daniel Alves torna-se um ala direito e faz o corredor direito todo. Puyol e Piqué são os obreiros da 1ª fase - construção. Seja em que ocasião for, começam a jogada sempre no pé, até nos pontapés de baliza abrem completamente, e os laterais posicionam-se no meio campo. A 2ª fase - preparação - é normalmente desenhada pelo trio do meio campo - Sergio Busquets, Xavi e Iniesta - e onde começam os primeiros desequilíbrios, com a colaboração dos laterais para uma progressão segura e coesa. Messi entra também, a espaços nesta fase do jogo. É a melhor equipa do mundo a jogar em espaços reduzidos e confiam totalmente no passe e recepção. Quantas vezes vemos Xavi simplesmente dar um passo ao lado a dar linha de passe? É certo que ele vai garantir a posse de bola e continuar o famoso tiki-taka. A 3ª fase - criação - mistura-se com a 2ª fase, isto porque o Barcelona joga sempre no pé e vai subindo em bloco, duma forma posicional e lenta, até chegar perto da grande área pela zona central ou quando abre um espaço na linha, normalmente é Dani Alves a aparecer a grande velocidade. Isto acontece com uma facilidade incrível porque os adversários do Barcelona normalmente jogam com os laterais muito fechados e perto dos centrais para reduzir espaços na zona central. Outra tendência do Barça é o atrair os adversários para um corredor e depois fazer uma rápida variação do flanco. O Barcelona explora muito as diagonais, normalmente Villa e Pedro. Pedro, proveniente da cantera, joga com os dois pés com uma facilidade incrível, faz as diagonais na perfeição com e sem bola, assiste muito e é goleador. David Villa, normalmente começa a jogada na esquerda e faz as diagonais sem bola, ou começa as triangulações com Iniesta e Messi até aparecer na zona do ponta de lança. Messi é a estrela maior desta equipa que vive do colectivo. Messi é quem dá o toque de génio à teia do Barça. Desequilibra sozinho e dá continudade às triangulações do meio campo. Assistências e golos é a essência do nº10 blaugrana. A 4ª fase - finalização - vive do tiki-taka que os "7 avançados" promovem até chegar à grande área, e das entradas frequentes de Dani Alves pelo lado direito. Os cruzamentos são maioritariamente rasteiros ou atrasados para a entrada dos médios vindos de trás - Inesta ou Xavi. O futebol do Barcelona é como uma teia, envolve os adversários, são levados a acreditar que aquele futebol de risco poderá ser anulado com uma pressão forte num momento chave, a verdade é que é esse espaço vazio criado por esse jogador que pressionou a bola que o Barcelona vai explorar de uma forma brilhante! É como se trocassem a bola pelo centro para atrair o máximo de adversários possível, convidando-os a encolher a equipa e depois um passe a rasgar na linha a criar o desequilíbrio. Um dado interessante: o trio de avançados, já apelidado de MVP (Messi, Villa e Pedro) já passou a barreira dos 70 golos esta época.
As transições defensivas são igualmente semelhantes a uma teia, pressionam muito forte assim que perdem a bola e raramente estão desposicionados, precisamente porque jogam um futebol posicional, com os jogadores muito próximos, a equipa curta, e sempre a "tocar" no pé. O que possibilita uma pressão sufocante no momento que perde a posse de bola pois normalmente estão muitos jogadores no centro de jogo.

Gostaria só de dar a conhecer uma variante táctica protagonizada hoje por Pep Guardiola, ante o Athletic Bilbao. Na ausência de Puyol, jogou Busquets a central e Mascherano a trinco. Villa jogou mais fixo na posição 9. Primeiro, dizer que a equipa perde muita capacidade na saída de bola e qualidade no passe e recepção com a presença do argentino, até pode ganhar em agressividade, mas uma equipa que muitas vezes ronda os 70% de posse de bola não tem de preocupar-se assim tanto com a vertente defensiva. A posse de bola sobrepõe-se à necessidade da conquista.
Hoje, frente ao Athletic, o usual 1.4.3.3 que se transforma em 1.3.4.3 na verdade transformou-se muitas vezes em 1.2.5.3. Isto aconteceu porque Busquets juntou-se muitas vezes a Mascherano para uma melhor qualidade da 2ª fase - preparação e 3ª fase - criação, deixando apenas Abidal e Piqué na linha defensiva.

É certo que foi uma das piores exibições do Barcelona (vitória garantida por Messi aos 78´) esta temporada mas são estas variantes tácticas que engrandecem o futebol, as equipas, os treinadores.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

(De)Formação


Estamos numa época onde as carências e a falta de qualidade tanto a nível de jogadores como de competitividade são gritantes. Julgo que chegou o momento de olharmos para a frente olhando para trás. Figo, Rui Costa, João Vieira Pinto, Vítor Baía, Cristiano Ronaldo são exemplos brilhantes do sucesso da nossa cantera. A década brilhante que a Selecção Nacional respirou está a actuar contra o nosso futebol, a política desportiva e as decisões dos responsáveis pelo futebol estão a por em causa o futuro das selecções jovens e mais tarde a Selecção “A” pagará esse preço.

No futebol juvenil, a lei diz que apenas um estrangeiro é permitido por equipa, no entanto, os clubes conseguem contornar essa lei assinando contratos profissionais. Em tempos, Guilherme Aguiar, comentador do programa O Dia Seguinte, disse: “Os verdadeiros títulos do futebol juvenil acontecem quando um jogador chega à equipa sénior.” – Concordo inteiramente com esta visão, de que interessa garantir títulos nacionais se depois não há jogadores formados no clube na equipa sénior?

A Liga Zon Sagres é a terceira no ranking europeu com mais jogadores estrangeiros (56.4%), atrás de Inglaterra e Chipre. Este indicador demonstra como caminhamos para o abismo e Rui Jorge, seleccionador nacional sub-21, expressou ao jornal Publico as suas reservas e preocupações: “Temos dificuldades em encontrar jogadores portugueses.”

Dos 481 jogadores seleccionáveis para a selecção sub-21 apenas seis (!) jogaram mais de 90 minutos na Liga Zon Sagres. Na última convocatória de Rui Jorge, apenas 6 dos 23 jogadores actuam na Liga Zon Sagres, outros 6 no estrangeiro e, finalmente, 11 jogam nas divisões secundárias de Portugal.

Na convocatória de Paulo Bento para o Portugal-Espanha, 8 dos 18 convocados (44.4%) foram formados no Sporting Clube de Portugal. O Sporting CP é a fonte do futebol português e a forte aposta na formação deveria ser a referência para outros clubes. Porém, enquanto Sport Lisboa e Benfica e Futebol Clube do Porto actuarem como se estivessem acima da crise, julgo que não vão seguir o exemplo do "Barcelona de Portugal". O Sporting CP é um projecto que tem tudo para dar certo, no entanto, a miopia desportiva, as decisões erradas e a consequente falta de troféus faz com que os jovens jogadores queiram mudar-se antes de atingir a maturidade e as medalhas, retirando o mérito e o valor à aposta do clube: a Formação.

Até quando vão os clubes e os responsáveis pelo futebol português assobiar e olhar para o lado? Se queremos selecções nacionais competitivas e um campeonato com o qual nos identificamos, é tempo de tomar decisões e perder a apetência pelos tiros nos pés.