quinta-feira, 18 de julho de 2013

Os desafios de Ancelotti em Madrid

Um homem que passou oito anos no AC Milan e venceu mais Champions (2003 e 2007) do que campeonatos (2004) parece o treinador certo para um Real Madrid obcecado pela 'décima'. Não sou fan. Nunca fui. Para mim um grande treinador ganha campeonatos... e aqueles oito anos no Milan com apenas um scudetto não me permite ver que se calhar até é um grande treinador. Ok, duas Champions merecem muito crédito. Quase foram três. Como é que perdeu mesmo aquela final a vencer 3-0 o Liverpool ao intervalo? Pois, também responsabilizo o treinador.

Sim, no Chelsea calou-me com aquela dobradinha logo na primeira época (2010). Na segunda terminou a nove pontos do campeão United. Em 2011/2012 mudou-se para o PSG a meio da época e herdou a liderança do campeonato... o que fez? Perdeu o campeonato, deixou-se ultrapassar pelo surpreendente Montpellier, que venceu a Ligue1 com mais três pontos. Na segunda época em Paris, a primeira com direito a pré-época (lets be fair), Ancelotti venceu a liga francesa. O PSG não é nenhum colosso e desengane-se quem o pensa. O Paris Saint-Germain é um clube jovem, criado em 1970, que conta apenas com três campeonatos na sua história (1986, 1994 e 2013). Pouquinho, hein? Porém, essa não era uma desculpa aceitável e o título era obrigatório, o treinador italiano contava com jogadores como Thiago Silva, Van der Wiel, Alex, Verratti, Lucas Moura, Ménez, Pastore, Lavezzi e Ibrahimovic.

E finalmente, Madrid. O que normalmente é um pesadelo - suceder a Mourinho - não o é na capital espanhola. Primeiro, a época passada dos merengues foi um desastre. Depois, Carlo Ancelotti terá a (fácil?) missão de serenar os ânimos no balneário e aproximar os adeptos da equipa. Quem sabe, terá ainda a tarefa de devolver a magia e sedução que embalou o Real Madrid desde sempre (charminho italiano?). Mourinho tem muitas qualidades, mas por vezes danifica a imagem dos clubes com as guerras que compra a toda a hora, e é por isso que, para mim, o Manchester United nunca pensou nele. O Real Madrid, que era um clube consensual e mundialmente admirado, passou, com Mourinho, a ser aquele clube que se adora ou odeia. É Mourinho o responsável. "E a imprensa!!!", dizem alguns de vocês...

Os desafios de Ancelotti

Liga
Nos últimos dez anos o Barcelona venceu seis campeonatos, enquanto o Real Madrid conquistou apenas três (Valência venceu a liga em 2003/2004). Interromper a hegemonia do Barça é uma missão quase impossível, arrisco, mas quem sabe... Mourinho ameaçou mas na última época os catalães passearam (terminaram com +15 pontos).

Contagem de pontos dos últimos dez anos:
Barça: 854
Madrid: 832
pontos possíveis: 1140

Décima
A obcessão. José Mourinho esteve perto de disputar a final da Liga dos Campeões mais do que uma vez mas não foi capaz de dar esse passo em frente. O italiano Ancelotti poderá ser o homem certo. No ano passado fez tremer o Barcelona ao serviço do PSG. E, obviamente, não podemos esquecer o seu trajecto no AC Milan, onde venceu duas Champions e esteve perto de conquistar a terceira (3-0 Liverpool, ao intervalo).

Cristiano Ronaldo
Os números do #7 têm sido de outro mundo. O grande objectivo é que o português mantenha os níveis de qualidade, confiança, ambição e desempenho. Felizmente para Ancelotti, ninguém o quer mais do que o próprio jogador.

Casillas
Voltar a ser o rei de Madrid. Esta é a ambição do jogador e dos adeptos. Acredito que Ancelotti vai voltar a fazer de Casillas o nº1 inquestionável. O treinador italiano está habituado a 'monstros' no balneário e sabe a importância que é tê-los do seu lado.

Kaká
O brasileiro foi um super-jogador no AC Milan com Carlo Ancelotti. Este é um daqueles desafios que soa a milagre... mas não duvido que estará na mente do treinador recuperar Kaká. O futebol merecia...

Xabi Alonso
Convencer o basco a renovar contrato parece-me que estará na mente de Ancelotti. O médio defensivo poderá ser o seu Pirlo para a eternidade. (Se há coisa que me agrada em Ancelotti foi a transformação de Pirlo...)

Juventude espanhola
Curiosa a mudança de política no Real Madrid. Eu chamo-lhe sobrevivência. Florentino Perez apostou tudo em José Mourinho. Deu-lhe todos os poderes, cedeu a todos os seus caprichos, fez dele o "puto amo y el puto jefe", como lhe chamou em tempos Pep Guardiola (ámen)... porém, no final, o filme terminou mal. Os adeptos já não queriam Mourinho, os jogadores não estavam com Mou e, dizia-se, não se davam bem entre eles, nomeadamente portugueses e espanhóis. O que decidiu Florentino fazer para serenar os ânimos? Contratar espanhóis com grande valor (Isco, Illarramendi e Carvajal). Desta forma, a armada espanhola ganha peso no balneário e os adeptos identificam-se mais com a equipa. Se há povo nacionalista e que tem orgulho na sua gente é o espanhol...

Posse de bola vs transição rápida
Finalmente, a identidade. José Mourinho privilegiava as transições rápidas, recorrendo a Di Maria, Ozil, Benzema e Cristiano Ronaldo. Como será com Ancelotti? Quererá um jogo mais pausado? Mais controlo? Mudar o chip da equipa será um dos argumentos para acompanhar nesta equipa.

3 comentários:

  1. Que artigo extremamente bem escrito. Parabéns ao autor. Ancelotti é um optimo treinador,mas o autor deste texto é um estratega ainda melhor.. pois esqueceu-se de referir o degredo de futebol que o AC MILAN apresentava. Haja coerência, nem toda a gente devia ter um blog e este autor é um desses casos. A democraticidade dos meios é algo assustador. Ridiculo.

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  2. Só o lê quem quer! Se acha que o blog é mau, então não venha perder o seu tempo a lê-lo

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