quinta-feira, 28 de março de 2013

Brasil e Portugal: meios irmãos ou nem isso

O Brasil e Portugal são como eu e o João. Somos irmãos, mas não somos nada parecidos. O Brasil tem 200 milhões de habitantes e Portugal apenas 10, o que quer dizer, matematicamente, que um brasileiro tem uma probabilidade 20 vezes inferior de ir à sua selecção. Também quer dizer que o Brasil mais facilmente consegue construir uma melhor equipa. Verdade? Não necessariamente.

Começando pela segunda afirmação, miraculosamente Portugal tem conseguido construir equipas tão ou mais fortes que o Brasil. Com menos opções, com menos encanto, mas essa é a realidade. Quanto à probabilidade de envergar o equipamento nacional e de ouvir o hino num estádio cheio de adeptos, os 19 meses que se seguiram ao mundial de sub 20 de 2011 vêm contradizer-me.

Daquela equipa portuguesa que conseguiu um brilhante segundo lugar em 2011, apenas Nélson Oliveira conseguiu ir à selecção principal, mesmo sem jogar muito no seu clube. Desde que rumou à Corunha, que tem sido esquecido por Paulo Bento e pelo imaginário português, que ansiava por um goleador regular.

No Brasil, todos têm tido as suas hipóteses. É certo que o Brasil joga mal, e que já está qualificado, o que permite experimentar jogadores, mas penso que isso não é desculpa nenhuma. Joguem no Brasil ou numa liga qualquer mais interessante, todo o brasileiro tem a sua oportunidade.

Num mundial onde as duas grandes estrelas não estiveram presentes, Lucas e Neymar, muito se esperava de Oscar, Lamela e James. Destes três, apenas o brasileiro brilhou. Foi o único a ter uma hipótese na equipa principal do Brasil? Não.

Alex Sandro, que até falhou o mundial por lesão, já teve algumas oportunidades no escrete. Também o seu colega do Porto, Danilo, já teve a sua oportunidade. Juan, Oscar, Gabriel, Philippe Coutinho e Bruno Uvini também se mudaram para a Europa e já vestiram a mítica camisola. Mas não se pense que só quem vai para a Europa tem essa oportunidade. Fernando e Casemiro, este último agora emprestado ao Real Madrid, também já jogaram pelo Brasil.

Contas feitas, temos oito jogadores deste mundial, mais Alex Sandro, Neymar e Lucas. Apenas Gabriel Silva, Henrique e Willian José, dos 11 que jogaram a final de início, não foram ainda à equipa principal do Brasil. Gabriel Silva joga na Europa, mas apenas jogou graças à lesão de Alex Sandro. Henrique é a maior desilusão, pois foi o melhor marcador da competição, mas após o mundial tem andado de clube em clube, sem nunca se fixar. Willian José continua pelo Brasil, e dificilmente irá entrar numa convocatória de Scolari.


Jorge Garcia

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