segunda-feira, 26 de setembro de 2011

FC Porto 2-2 SL Benfica - Clássico relança campeonato

O empate no Dragão e as vitórias do SC Braga, Sporting CP e Marítimo devolveram o calor que se quer na liga portuguesa. FC Porto, SC Braga SL Benfica com 14 pontos, Marítimo com 13 pontos e Sporting CP soma 11 pontos. O interesse voltou e a próxima jornada promete agitar a tabela classificativa.
Vítor Pereira, como eu suspeitei, não olhou ao adversário e a demasiadas preocupações e apostou em Varela. No entanto, tenho de admitir que este Varela está anos-luz do Varela do ano passado. O FC Porto entrou como se previa, forte, melhor, com mais bola e a criar jogadas de algum perigo. O meio campo era fortíssimo com o perdoado Fernando, Guarín e João Moutinho. Este meio campo levou a melhor na primeira parte, superiorizou-se a Witsel e Javi com facilidade, visto que muitas vezes Aimar fazia a pressão alta com Cardozo nos centrais, portanto sobrava um e era por ai que os Dragões conseguiam sempre a solução de passe e ligar o jogo com o ataque. A estratégia do SL Benfica era a previsível: contenção, à espera do erro do adversário e a tentar saídas rápidas. Jorge Jesus apostou em Nolito, algo que considero um erro. Ainda que tenha estado ligado ao golo de Cardozo, considero que Nolito é mais influente num jogo que os Encarnados estão por cima ou estão a criar um grande volume de jogadas ofensivas. Como sempre digo e correndo o risco de ser repetitivo, Nolito é frágil fisicamente e num jogo onde o adversário tem a iniciativa de jogo e é exigido mais trabalho defensivo as fragilidades de Nolito vêm ao de cima, perdendo a frescura e o esclarecimento no momento da decisão. Considero que Bruno César teria sido a melhor opção.
Na primeira parte o FC Porto vencia com um belo golo de Kléber, no entanto, acho que continua fora da dinâmica da equipa, um corpo estranho muitas vezes mas vejo qualidades para dar certo. Fucile, teve um jogo para esquecer, sem qualidade com bola, algo displicente e entrou em algumas simulações. No lance de  Cardozo e Fucile, admito que vi uma reacção do paraguaio mas não me parece para vermelho. Muito menos me parece razão para o FC Porto desculpar a sua incompetência e falta de ambição com um lance muito duvidoso.
Na segunda parte os encarnados teriam de entrar obrigatoriamente com outra atitude e tiveram a felicidade de empatar o jogo logo a seguir ao intervalo por Cardozo a passe Nolito. No entanto, o tal murro na mesa não se concretizou pois o FC Porto marcou logo a seguir por Otamendi num canto estudado, curto para desmontar a defesa à zona do Benfica mas considero que foi muito passiva a defesa encarnada. Depois, aconteceu algo que ninguém esperava. FC Porto sem gás, FC Porto sem vontade de ganhar ao Benfica? Inédito. Vítor Pereira contribuiu, retirou Guarín de campo quando estava a ser o melhor na pressão alta e a dar a ideia que a equipa estava bem fisicamente. Contudo, entendi a ideia de VP, queria fazer o que o FC Porto fez na Luz o ano passado, "dar um chocolate" de posse de bola e mostrar como se controla um jogo, mostrar como se congela a posse de bola, e Belluschi é o homem certo para tal.
Jorge Jesus quis também alterar a estratégia e lançou Bruno César e Saviola. Grandes senhores do futebol e comentadores dizem que mudaram o jogo ... a meu ver não é verdade. Saviola a única coisa que fez de jeito foi a super assistência para Gaitán; Bruno César entrou bem, pouco ansioso, a jogar sempre no pé mas não abanou o jogo. VP voltou a mexer e retirou o avançado Kléber e lançou Cristián Rodriguez. A ideia era dar dinâmica ao ataque sem avançado fixo e competência defensiva. Havendo vários jogadores na zona intermediária deveria ser mais fácil fazer a posse de bola e fazer o Benfica correr. Essas mensagens de VP levaram os jogadores a tentar uma posse de bola na defesa, a dez à hora, sem qualidade, sem progressão. O FC Porto perdeu-se. Perdeu-se e mostrou pouca vontade, quem sabe problemas físicos, é verdade que o Benfica cresceu mas não na qualidade de jogo, talvez fisicamente se tenha superiorizado mas sentia-se que talvez só num lance fortuito chegaria lá. Foi mais ou menos assim. Mais do que um lance fortuito, foi a falta de agressividade dos jogadores do FC Porto quando Cardozo tinha a bola (des)controlada, a bola bateu duas vezes e ninguém a roubou ao paraguaio que a fez chegar a Saviola, este fez um passe incrível para Gaitán fazer um belo golo.
E assim foi, 2-2 no Dragão a relançar o campeonato. VP começa a ser questionado mas não me parece justo, questiono sim justificar o resultado com a suposta expulsão de Oscar Cardozo. Teve um grande mérito: montou a equipa de forma a desligar o jogo ofensivo encarnado, anulou Aimar e foi muito superior na primeira parte, a segunda parte é que deixa os adeptos portistas reticentes.
Já Jorge Jesus mostrava-se satisfeito com o resultado e entendo o seu discurso. Quem tinha a perder tudo neste jogo era o FC Porto: se perdesse seria um escândalo; se empatasse era grave pois seriam dois empates seguidos; caso o FC Porto ganhasse seria visto como algo "normal". A estratégia foi semelhante à do jogo com Manchester United e foi por isso que vimos tão pouco de Witsel e Aimar.
Considero que Jorge Jesus saiu vencedor desta ronda, mantém o primeiro lugar, continua sem derrotas e empatou num campo complicado contra uma equipa que foi superior.
Já Vítor Pereira soma dois empates seguidos e agora tem dois jogos fora de casa complicados: Zenit e Académica. Se tropeçar não tenho dúvidas que vão surgir muitos pontos de interrogação no caminho do técnico.
Na próxima jornada o SL Benfica recebe o Paços Ferreira, o Sporting CP desloca-se a Guimarães, o SC Braga vai a Leiria e o Marítimo joga fora com o Feirense.

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