sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Liga Europa: chocolate suiço na 1ª parte, el jefe Rinaudo a tempo inteiro

A remontada em Paços de Ferreira devolveu ao Sporting CP a crença e, principalmente, devolveu personalidade. Aliado ao golo marcado cedo, acredito que também tenha ajudado a arrancar para uma bela primeira parte. Um autêntico chocolate suíço. O clube de Alvalade venceu por 2-0 o Zurique em jogo de estreia para a Liga Europa. Domingos Paciência voltou a surpreender: Pereirinha no meio campo, Carrillo na direita. A ideia de Pereirinha no meio campo faz-me associar a Ramires, não comparando a qualidade dos jogadores, mas analisando as funções, parecem desempenhar funções parecidas: jogador do meio campo que pode aparecer na linha ou na frente, que tem velocidade suficiente para dar essa opção na frente mas principalmente na transição defensiva. Parece-me que Domingos se poderá ter inspirado em José Mourinho quando fez o mesmo com Fábio Coentrão. Carrillo entrou descomplexado, tranquilo, disponível para jogar o seu futebol rápido de drible, não descurando o colectivo. Poucas vezes apareceu no centro, normalmente os extremos ficam na zona para fazer a combinação com o lateral, no trabalho defensivo foi um jogador esforçado, afinal foi a sua estreia a titular e era expectável uma grande atitude.
O primeiro golo chegou cedo, livre bem marcado (como é hábito) por Schaars e Insúa a aparecer na zona de ninguém a desviar a bola. Mais tarde, mais um erro de Rui Patrício, mais um atraso. Porquê facilitar? Mas no caso de ontem nem há desculpa, falta de concentração que podia ter contribuído para a equipa dar um passo atrás na partida. Felizmente para os Leões, Rodriguez enviou a bola ao poste. Depois veio o 2-0, jogada soberba na esquerda. Insúa, Capel e Schaars foram os intervenientes, Wolfswinkel foi o matador de serviço. Nota de destaque para o argentino recém-chegado, nova assistência para o nº9 como em Paços.
Na primeira parte viu-se um Sporting CP disponível, meio campo móvel, laterais a subir com regularidade e agressividade, destaque para as combinações da sociedade Insúa-Capel que prometem.
Alguém conhece o nº21 do Sporting CP? Eu posso dar a conhecer, chama-se Rinaudo. Joga com e sem bola, é o patrão do meio campo, é quem define o ritmo e para onde jogar, é o jogador mais agressivo a defender, é o jogador que não se cansa, tem ganas, tem técnica e qualidade de passe e ontem foi o melhor em campo, estavam em todo o lado, encheu o relvado de Zurique, foi bombeiro e playmaker em simultâneo.
A segunda parte teve outra história. Zurique conseguiu, a espaços, pressionar mais alto e mais agressivo, foi uma presa demasiado fácil no primeiro tempo. O clube suíço cedo voltou a enviar a bola ao poste de Rui Patrício e ameaçava a tranquilidade do Sporting CP, bastava reduzir e estava a discutir o jogo e aí veríamos o carácter deste Leão ainda a lamber as feridas.
O clube de Alvalade foi baixando no terreno e encurtando a equipa, a equipa ficou menos capaz de sair com tanta qualidade como na primeira parte. O próprio treinador foi enviando essas mensagens aos jogadores através das substituições, estava 2-0, havia que não ser "guloso". Primeiro retirou Carrillo, que mostrou ser uma opção muito válida para aquele flanco, encostou Pereirinha à linha e fez entrar André Santos, um médio centro com outra cultura, poder de choque e qualidade de passe. Apreciei bastante esta substituição, não só porque gosto das qualidades do jogador mas porque ajudou a equilibrar a equipa: na primeira parte, quando Rinaudo penetrava no meio campo com a bola ou disponibilizava uma linha de passe mais à frente, nem Schaars, nem Pereirinhaa fechavam a zona 6, não vi ninguém fazer as coberturas e criava um buraco no meio. A entrada de André Santos dotou a equipa de equilíbrio e mais qualidade de passe.
Vi um Sporting CP mais "rato", a fazer faltas, a saber travar potenciais ataques rápidos ou contra ataques. As grandes equipas defendem bem mas sabem melhor que ninguém recorrer às faltas. Os jogadores de Domingos parecem estar a entender a importância desse aspecto.
Domingos voltou a mexer na equipa: Rubio por Wolfswinkel e Evaldo por Capel. Importante referir que o Sporting CP acabou  a jogar com 4 laterais. Pereirinha não é lateral de origem, mas já jogou naquela posição e sabe defender e fazer as trocas com o lateral. Domingos foi fechando a porta para garantir o triunfo que seria fundamental para injectar moral e dar confiança aos jogadores.
Nas bolas paradas a atitude tem de mudar. Os livres de Schaars são perigosíssimos mas a equipa apresenta pouca agressividade nos cantos e livres contra.
Mais tarde, o Beckham de Zurique - leia-se Rodriguez - voltou a rematar uma bola à trave através de outro livre.
As minhas únicas reticências são os defesas centrais. Onyewu e Rodriguez fizeram um jogo normal, cumpriram. Estou curioso para ver como será com avançados rápidos, que tentam ganhar as costas ou que são peritos no 1x1.
Domingos Paciência tem jogadores e competência para desenhar o Sporting CP da primeira parte de Zurique. Mais do que jogadores, o Sporting CP necessita de saber o que é amor próprio, sentir-se um clube grande, não estar constantemente a olhar por cima do ombro, tem de levantar a cabeça e sentir-se orgulhoso de quem é e da sua história. Os jogadores que vestem a camisola do Sporting CP não podem ser negligentes ou indiferentes, tem de deixar suor, lágrimas e sangue em campo. Que se inspirem todos em Rinaudo e João Pereira, e Domingos tem  metade do problema resolvido, depois é tempo para a olear a máquina.

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