quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Liga dos Campeões: James Rodriguez escreveu o destino do FC Porto

O FC Porto regressou à Liga dos Campeões com uma vitória por 2-1 contra o Shakhtar Donetsk. Os golos foram marcados pelo inevitável Hulk e Kléber.
O jogo começou logo com uma bola na trave de Hulk, quando o seu remate ressaltou em Defour. Pouco depois, James Rodriguez sofre penalti mas Hulk afinal é humano e falhou. A noite já estava a prometer nervos e as saídas rápidas dos brasileiros Luiz Adriano, Eduardo e, principalmente, Willian preocupavam. Ao minuto 12 dejavu dos portistas: erro de Helton na Champions. Willian faz diagonal da esquerda para o centro, ultrapassa Fucile e remata fraco, Helton não conseguiu segurar e Luiz Adriano, rapidíssimo, encosta para o 1-0. Gostava de referir que estava especialmente atento ao desempenho de Steven Defour, jogador que pouco conheço, e apreciei bastante até ao golo do Shakhtar. Procurou bastante espaços vazios, gostei bastante como se mostrou sempre, bom toque de bola, jogar simples. Mas a partir do golo dos ucranianos acho que foi desaparecendo, cumprindo é certo, mas muito fora do jogo. Aos 28 minutos, apareceu um homem digno de constar num exército qualquer, por gozar duma perícia imensa a manejar uma arma potente. Hulk empatou o jogo com um míssil inexplicável. O golo foi de livre directo. Com o empate, o FC Porto melhorou e logo a seguir Hulk disparou outra vez para defesa complicada de Rybka (surpresa para mim ver Pyatov no banco). Alguns minutos depois, há um lance duvidoso na área ucraniana, parece-me que Hulk poderá ter sofrido penalti.
Relativamente ao desempenho do Shakhtar, tenho de concordar com Luís Freitas Lobo, parece uma equipa com dois ADNs, a defesa parecia pouco agressiva e que jogava muito posicional, jogavam muito à zona e tinham muitas dificuldades em acompanhar um 2-1; na transição ofensiva é uma equipa muito perigosa, os brasileiros Eduardo, Willian, Jadson e Luiz Adriano são jogadores capazes de abrir qualquer defesa. Destaque para Willian, eu já apreciava bastante o seu futebol no Corinthians quando tinha apenas 18 anos, mas era pura técnica, agora é um jogador diferente, possante, explosivo. Antes do intervalo, o defesa central ucraniano Rakitskiy viu o vermelho directo depois de uma entrada muito dura sobre João Moutinho. O treinador Mircea Lucescu retirou Eduardo e fez entrar o central Kucher. A expulsão levou os mais atentos a lembrar a importância que o mesmo factor teve nos jogos do Sporting CP (remontada em Paços) e da Académica (4-0 contra o Nacional). A tarefa estaria mais facilitada esperava-se.
O FC Porto normalmente controlou o jogo e com superioridade numérica ficou mais claro esse controlo.
Aos 51 minutos, o génio decidiu resolver... o sucessor de Deco: James Rodriguez. O colombiano de 20 anos estava a fazer uma bela partida, sempre a dar opção de passe, sempre no espaço vazio, sempre inconformado, super técnica e mentalidade incrível. Mas nesse minuto decidiu abriu o livro, e ele que parece escrever como Pablo Neruda ... deu linha de passe na esquerda para uma transição rápida, foi rápido à linha, deixou o defesa no chão e ofereceu a Kléber um dos golos mais fáceis da sua carreira. Estava feito o 2-1. Aos 61 minutos, Vítor Pereira quis emprestar mais qualidade técnica ao meio-campo e fez entrar Belluschi por Fernando. Não que Fernando seja limitado, muito longe disso, mas o à-vontade com a bola é outro. Foi uma mensagem com conteúdo claro: dominar o jogo. Mas surpreendentemente, considero que a equipa nem sempre tomou as opções certas, perderam-se muitas bolas e permitiram-se ainda algumas saídas perigosas por parte de Willian e Luiz Adriano.
O FC Porto a espaços fez jogadas interessantes, com paciência a trocar a bola e a mudar o flanco, é a melhor forma de abrir uma defesa com inferioridade numérica. Ainda assim, acho que o FC Porto não dominou, controlou sempre, mas não dominou como eu esperava. Só depois da expulsão de Chygrynskiy (80´) se sentiu um baixar de braços dos ucranianos e o FC Porto a congelar a bola com mais eficácia.
Na minha opinião, os jogadores com pior prestação foram Maicon, perdeu muitas bolas para Luiz Adriano, e Defour, desapareceu muito cedo do jogo, como disse cumpriu, mas esperava mais. Kléber resolveu mas considero que ainda está com problemas de entrosamento com a equipa. Gostava de registar com agrado a forma como festejou efusivamente o seu golo com Vítor Pereira. Os melhores foram Hulk e James Rodriguez. O brasileiro é incrível é certo, e julgo haver poucos jogadores como ele na Europa, fico de boca aberta quando vejo que não é convocado para a Copa América e só se fala em Neymar ... eu acho que ele produz o dobro de Neymar, e estou a ser amigo do jovem craque. Hulk tem algo contra si e isso parece ter peso para ser presença assídua na Selecção do Brasil: ausência de um passado no Brasil. James é diferente. James é mágico. James tem um toque de bola incrível, tem classe, tem qualidade de passe, assume o drible, bate livres (um livre à barra nos minutos finais...), apesar das suas capacidades nunca perde a noção de colectivo. James quando joga está ao nível de Pablo Neruda quando escreveu o poema "Me gustas cuando callas" ... simples, intenso, inesquecível.
Para quem gosta de Futebol, aconselho a ver este FC Porto, a equipa vai crescer ainda mais tacticamente e tecnicamente, mas principalmente, para acompanhar James Rodriguez.

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