sexta-feira, 5 de abril de 2013

A falsa juventude africana que surpreendeu Pelé


Em 1989, Pelé declarou que uma selecção africana iria ganhar o mundial na entrada do novo século, depois de ter visto os “jovens” nigerianos sub-17 ganharem o campeonato do mundo e chegarem à final nos sub-20.

África, e em especial a Nigéria, enganaram o mundo. Aquela brilhante selecção do mundial de 1998, que muito prometia, não passava de um conjunto de estrelas que já estavam a dever muitos anos à reforma. A falsificação das certidões de nascimento, que não é novidade para ninguém na Nigéria, explica o porquê de uma selecção brilhante nas camadas jovens, apenas ter conseguido marcar presença em três mundiais, nunca tendo passado dos oitavos de final.

Nos sub-20, a Nigéria conseguiu dois segundos lugares, em 1989 e em 2005, e um terceiro lugar em 1985. Nos sub-17, a história do país é bem mais brilhante, com três primeiros lugares em 1985, 1993 e 2007, e com três segundos lugares, em 1987, 2001 e 2009. Ganhou também a Taça das Nações Africanas por três vezes, em 1980, 1994 e 2013. Nos Jogos Olímpicos, conseguiram a medalha de ouro em 1996 e a de prata em 2008.

A falsificação de certidões de nascimento não é uma novidade para ninguém na Nigéria. Após análises aos joelhos dos jogadores, muitas das principais estrelas africanas foram apanhadas, mas não em mentiras pequenas, que permitissem, por exemplo, a um jogador de 22 anos jogar um mundial de sub 20. A discrepância nas idades reveladas como verdadeiras era muito maior.

Obafemi Martins, que deveria estar agora no auge da sua carreira, aos 28 anos, acabou de rumar ao Seattle Sounders, um passo comum no fim das carreiras profissionais, e que vai ao encontro da idade que os especialistas lhe deram, 35 anos. Nwankwo Kanu, antigo e temível avançado nigeriano, que viu a sua carreira encurtada devido a um problema cardíaco, tem actualmente 42 anos, e não 33 como consta dos seus documentos oficiais.

Estes foram dois casos em que as coisas não correram bem. Duas estrelas nigerianas, que quando estavam a começar a carreira, segundo se pensava, estavam na verdade a meio, ou mesmo na recta final da mesma.

A maioria das estrelas da década de 90 estão já reformados, e muitos deles são avós. Este esquema de falsificação de identidades, muito comum na Nigéria, levou a que o país nunca mais tivesse uma selecção competitiva, visto que a sua única estrela é o médio do Chelsea Obi Mikel, que, ao que parece, também despoletou muito novo.

Outros nomes menos conhecidos, como Philip Osondu, que foi eleito o melhor jogador do mundial de sub-17 de 1987, e Dele Ajiboye, guarda redes titular da Nigéria e vencedor do mundial da mesma categoria, mas em 2007, são outros dois casos escandalosos. O primeiro, 13 anos depois, já não conseguia apresentar nem um décimo do nível a que jogou no mundial e acabou a trabalhar num aeroporto. Sobre o segundo, descobriu-se que afinal tinha nascido em 1979, e não em 1990, que era casado e pai de três filhos, de mulheres diferentes.

Também Jay-Jay Okocha, o maestro das Super Águias, tinha mais 10 anos do que os documentos revelavam. Mais recentemente, descobriu-se que também Taribo West, o lateral esquerdo das duas tranças, mentiu acerca da sua verdadeira idade, mas neste caso em cerca de 12 anos. Ironicamente, este jogador nunca apresentou um sinal de quebra acentuada no rendimento antes de tempo, o que lhe valeu, até agora, ter sido o último a ser apanhado, já depois de reformado, aos 34, ou melhor aos 46 anos.

Fica aqui uma lista de 10 promissores jogadores nigerianos, que nunca chegaram a lado nenhum, e onde se pode encontrar, Rabiu Ibrahim, antigo jogador do Sporting, que em 2009 foi eleito um dos 50 jogadores mais promissores do mundo.

Veja aqui outros jogadores que muito prometiam...

Jorge Garcia

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