segunda-feira, 8 de abril de 2013

Alargamento da Liga? Tenham juízo

Este é um texto digno de alguém que está um pouco fora dela e que nem sabe se há justiça ou não no regresso do Boavista à 1ª Liga... prefiro discutir apenas a decisão de alargamento. Esta gente perdeu a cabeça, certo? Vou começar pela 2ª Liga. Abro eu a classificação no zerozero e em baixo leio as notas:

"Portimonense: foi convidado pela LPFP a preencher a vaga do Varzim que não reuniu os requisitos mínimos para competir nas provas da Liga Portuguesa de Futebol Profissional."

"Sp. Covilhã: garantiu a manutenção na Liga Orangina porque a U. Leiria não reuniu os requisitos mínimos para competir nas provas da Liga Portuguesa de Futebol Profissional."

A malta entende o que isto quer dizer, certo? Não há dinheiro, carcanhol, graveto, pilim, cheta, massa, pastel, pasta, guito. Depois, leio uma entrevista de Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, sobre a situação do Olhanense, clube que chegou a avançar com um pré-aviso de greve para o jogo com o Benfica:

"Ouvi o presidente do Olhanense pronunciar-se sobre a situação e senti alguma impotência e irresponsabilidade na forma como abordou o tema. Quero recordar-lhe que já no inicio da época a situação já era de crise, e a verdade é que a maioria dos clubes assumiu obrigações com os jogadores e outra entidades nestas circunstâncias. Esta crise não pode servir de desculpa para tudo."

A minha pergunta é: para quê mais equipas? Para serem mais os que não cumprem? Toda a gente sabe que são vários os clubes que falham nos prazos de pagamentos... e que, como que por magia, fazem os jogadores assinar um papel a dizer que já receberam para não inviabilizarem a inscrição na competição.

A questão é simples: quem quer melhores jogadores, tem de pagar melhor. Quem planeia cumprir com as suas obrigações, constrói planteis mais fracos, mais limitados, em qualidade e quantidade. Quem é que desce de divisão? Os sérios. O Freamunde é um bom exemplo, segundo saía na imprensa desportiva. Não faz qualquer sentido premiar quem não cumpre com os seus compromissos. Não paga? Um aviso. Não paga? Desce de divisão. Era ver os clubes a desenhar folhas salariais mais realistas...

Para reflexão, deixo-vos umas palavras do presidente do Paços de Ferreira (atual 3.º classificado!), Carlos Barbosa, ao MaisFutebol (28 Janeiro, 2013):

"Há concorrência desleal. Isso é inequívoco. (...) Às vezes queremos determinado jogador e não o conseguimos porque esse jogador recebe uma oferta absurda de um outro clube do nosso escalão. Prometem-lhes coisas impossíveis e depois não pagam. É uma luta antiga. Uma luta complicada. (...) Olhamos muito para a II Liga e II B. Financeiramente são mercados ao nosso alcance e acreditamos no grande valor de alguns jogadores que por lá andam."

Et voilà!

Estou com o Tiago Ribeiro (presidente do Estoril-Praia) nesta questão: sou contra mudar as regras a meio do jogo. Quem está no fundo da tabela e, de repente, sabe que não vai descer de divisão não mudará a sua forma de atuar? Não vai relaxar? É óbvio que os aflitos vão votar sempre a favor do alargamento (e votaram), mas, e citando Mourinho, é uma "prostituição intelectual".

"Equipas que estavam para descer mudam de opinião por oportunismo e ficam cegas para se salvarem. Votei que fosse condicionado o alargamento até que o Boavista cumpra os pressupostos da Liga", disse Tiago Ribeiro à imprensa, depois da goleada (4-0) ao Nacional. E disse bem.

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